
Esta mulher tem, talvez, a mesma idade que teria a beata antes de falecer nesta mesma casa, em 1914. Em torno de 51 anos – de novo viajei. A moradora falou ser freira, que a casa é da diocese, e que mora com outras naquele local há poucos anos. “Mas irmã, em todas as casas onde Padre Cícero morou tem lá suas marcas, seus objetos pessoais, sua história.” Animou-se e disse que sentia muito, mas que realmente não havia nada mesmo na casa, que identificasse a beata. Acrescentou saber de toda a história.
Que admirava Maria de Araújo, mas a Igreja apagou todos os vestígios para que ninguém soubesse que ela um dia tivesse existido. Proibiram até que se falasse em seu nome. No entanto, estava havendo um movimento na igreja para reabilitá-la. Que eu podia ir à Capela do Socorro e ver que existe um lindo vitral em sua homenagem, na parte de cima, junto com Padre Cícero e alguns santos. Que na entrada do cemitério acoplado à capela, há uma placa fazendo menção à morte da beata. E só, pois seu corpo desapareceu desde 1930.
Dia 28, passado, abri o jornal O POVO na página sobre o Cariri e fiquei feliz: no local onde nasceu a injustiçada beata vai ser fixada uma placa em sua memória.
Nilze Costa e Silva - Escritora