
Mas nada como um dia atrás do outro. Mês passado, essa minha querida irmã esteve aqui hospedada em nossa casa. Veio para uma consulta médica. Então eu a acompanhei até o consultório. Os modernos consultórios médicos têm agora salas com televisão digital, com o volume do som tão baixo, que nos dá uma estranha sensação de surdez. Têm também modernas cafeteiras eletrônicas, que só faltam falar, oferecendo-nos café expresso, café com leite, chocolate, leite maltado e não sei mais quantas delícias, tudo em troca de umas míseras moedinhas que complementam a receita financeira dos médicos.
Aguardávamos o atendimento, sentados lado a lado, quando resolvi inserir alguns centavos na bonita cafeteria em troca de um simples cafezinho expresso. Mal me levantei, um senhor de idade ocupou o meu lugar, sentando-se, portanto ao lado da minha irmã.
Quando terminei meu café, aquele senhor já havia saído e a minha irmã estava com um ar de felicidade estampado no rosto, expresso por um sorriso intenso. Ao sentar-me novamente no lugar que havia sido ocupado pelo cliente idoso, minha irmã, muito contente, me disse: “Aquele senhor tão simpático que sentou aqui, me perguntou se você era meu marido.” Agora quem não gostou nada fui eu, pois sou treze anos mais novo do que minha irmã. O meu consolo é que estávamos num consultório de um oftalmologista.
Por Carlos Eduardo Esmeraldo