Aqui vamos nós a colar os pensamentos no ato da escrita. Querer agora falar nos direitos da cidadania. Lembrar que houve tempo, de um Brasil recente, quando quase ninguém sabia disso. Apenas longos tapetes voadores circulavam o céu, caturando lugar nas praças, reclamando pista de pouso. Numa enxurrada só, em menos de um século, vieram morar no chão nacional os direitos da cidadania. Direitos civis, políticos e sociais.
Ao cidadão completo, os direitos civis significam os direitos fundamentais à vida, à liberdade, à propriedade e à igualdade perante a lei. A garantia de ir e vir, de escolher trabalho, manifestar o pensamento, de se organizar, ter respeitada a inviolabilidade do lar e da correspondência, de só ser preso pela autoridade competente e de acordo com as leis, de só ser condenando mediante o devido processo legal. São civis os direitos que têm por base uma justiça independente, eficiente, barata e a todos acessível.
Os direitos políticos, ao seu modo, representam a participação do cidadão no governo da sociedade. A base dos direitos políticos são os partidos e um parlamento livre e representativo.
E os direitos sociais, que garantem a participação do cidadão na riqueza coletiva por meio da educação, do trabalho, do salário justo, da saúde e da aposentadoria. Permitem às sociedades politicamente organizadas reduzir os excessos de desigualdade produzidos pelo capitalismo e garantir bem-estar mínimo. A ideia central que estrutura os direitos sociais é a justiça social.
Assim, mediante tão belas concepções filosóficas, as sociedades ocidentais letradas desenvolveram e praticaram os postulados estabelecidos no Iluminismo, e trouxeram ao poder dos estados modernos o ânimo forte das recentes constituições nacionais.
Contudo há os beneficiários da tanta luz da cidadania que, na contramão dos movimentos, estendem os braços e abrem as bocas quase só visualizando o egoísmo. Se há direitos, lhes pertencem por esperteza e dominação. Melhores estradas, melhores colégios, melhores manicômios judiciários, pistas pintadas, sinais funcionando, máquinas azeitadas e sofisticadas, repartições a todo vapor, no entanto para si e para os seus, totalitarismo de ocasião de causar náuseas e dó naqueles que ocupem a rabada nas filas, contrariedade pela ausência de cerimônia com que esses barriga cheia invadem a passarela, na intenção de comer a rifa da primeira garfada, esquecidos que sem direitos coletivos não existiria cidadania.
Isso assusta a ponto de aventarem até o pretexto de existir cidadãos de primeiras e segundas classes, absurdo de não ter tamanho. Mediante todas as conquistas da cidadania, cada cidadão preenche patamar único diante da soberania das leis. Esta grandeza representa, pois, os direitos que pertencem ao povo, livre de sobras ou contrapesos, primado de lutas e conquistas obtidas no decorrer de longos séculos.
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quarta-feira, 27 de outubro de 2010
Cidadania de resultado - Emerson Monteiro
COMPOSITORES DO BRASIL

SAMBA CANÇÃO – Parte I
Por Zé Nilton
Não faz muito tempo os músicos e compositores brasileiros chegavam a engalfinharem-se quando o assunto era ritmo. Consenso total sobre os ritmos de carnaval. Apesar de que houve um tremendo esforço para se chegar a uma conclusão quando da passagem do maxixe para as novas batidas sob o mesmo compasso. Acontecia de uma música ser escrita dentro de um ritmo e logo em seguida ser registrada e até gravada sob outro gênero. É o caso de “Pelo Telefone”, “ Aí, ioiô” etc.
O samba canção surgiu assim meio sem querer no interior do mundo da música no Brasil. Precisava-se de músicas para preencher a vaga deixada pelo tempo do carnaval e eis que, - “olha só o que é que eu fiz”... - Mas isto é parecido com bolero, não ? - Não, é um sambinha. – Eu acho que parece com canção. – Bota aí para as músicas de meio de ano e estamos conversados.
No meio do ano cabiam todos os ritmos, menos os de carnaval.
Diz-se do samba-canção muito adequado à dolência e a malemolência do momento social das classes médias urbanas. Arre égua, também somos um povo sentimental, que chora quando ouve certas melodias, assim como italiano.
Na historiografia da Música Popular Brasileira, que adora uma periodização adorada pela História, o samba canção tem dia, hora e ano de seu nascimento. Exagero meu, mas consta que surgiu no ano de 1928 quando Henrique Vogeler, um pianista carioca, compôs a música que passou para a posteridade com três nomes: “Linda Flor”, “Meiga Flor” e “ Ai, ioiô”, e ainda ter começado com um “ Ai, Iaiá”. Consta igualmente a sua consagração pelo povo como “ Ai, Ioiô”.
Na verdade, a letra desse samba casa com a idéia de romantismo na música, quando vai buscar elementos da linguagem do mundo rural, afirmando seus aspectos bucólicos. E haja “sofrê”, “oiá”, “oinho”, ‘inté’ e vai por ai...
Mas o samba canção tem um grande mérito. Deu a cancha para a bossa nova. Nos anos 50 o ritmo se encaixou perfeitamente no novo projeto musical. Uma beleza, que o diga João Gilberto!
Disse das encrencas pela afirmação do ritmo. Passei por uma dessas experiências. Menino, lá pelos fins de 1950, assisti, involuntariamente, um pega entre o famoso cantor cratense, Célio Silva, e um violonista que mais tarde vim saber tratar-se de Pedro Vinte e Um, habitué e tocador dos diversos cabarés da cidade. Não esqueço a fisionomia fechada e palavrões de toda magnitude de Célio Silva em cima de seu acompanhante. – Isto não é bolero, Pedro, isto é samba canção! Sabe o que é samba canção, porra? Vozeirão na música, vozeirão agudizado pela cachaça na direção do cada vez mais encolhido mestre Pedro Vinte e Um.
O samba canção no COMPOSITORES DO BRASIL desta quinta. Vamos aproveitar, na primeira e segunda parte, a sequencia levantada pelo eminente crítico e músico Tárik de Sousa, com 24 dos melhores samba-canções de todos os tempos.
AI, IOIÔ, de Henrique Vogeler, Marques Porto e Luis Peixoto com Araci Cortes
SAIA DO CAMINHO, de Custódio Mesquita e Ewaldo Ruy com Aracy de Almeida
SEGREDO, de Herivelto Martins e Marino Pinto com Dalva de Oliveira
NERVOSS DE AÇO, de Lupicínio Rodrigues. Com Paulinho da Viola
CANÇÃO DE AMOR, de Chocolate e Elano de Paula com Elizeth Cardoso
FOLHA MORTA, de Ary Barroso com Jamelão
DUAS CONTAS, de Garoto com Maria Creusa
NÃO DIGA NÃO de Tito Madi com Tito Madi
MARINA. De Dorival Caymmi com Dick Farney
NINGUEM ME AMA, de Antonio Maria e Fernando Lobo com Nora Ney
SE VOCÊ SE IMPORTASSE, de Fernando Cesar com Doris Monteiro
MOLAMBO, de Jaime Florence e Augusto Mesquita com Rosa Passos
Quem ouvir verá!
Compositores do Brasil
Rádio Educadora do Cariri
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Quintas-feiras, de 14 às 15 h.
Pesquisa, produção e apresentação de Zé Nilton
Direção Geral, Dr. Geraldo Correia Braga
Saudades de Joaquim e Darcy - José do Vale Pinheiro Feitosa
Joaquim foi-se com a curvatura do tempo que dizia Einstein existir, me deixou saudades, este sentimento de solidão. Hoje me vejo na companhia de gente que lê e não interpreta, que vê e não traduz, que ouve e tudo flui como a água num cano que irriga outras paragens.
Outro dia li a alegria de alguém por que o presidente Pinera do Chile subiu de popularidade com o resgate dos mineiros. Joaquim não veria qualquer ânimo numa coisa de morte como a exploração dos mineiros no Chile. Logo o presidente da cúpula dos endinheirados do Chile? Cujo irmão é sócio no principal produto do país: a mineração? E os mais de 30 mineiros que morrem a cada ano por descaso? E a inexistência de equipamentos de escape, nem uma escada havia? E os trezentos mineiros que não foram soterrados e estão na miséria por que os donos faliram a mina, mas não suas vidas particulares.
Ah! Joaquim, como os bancos escolares que não fizeram falta alguma a ti, influência alguma fez no caráter desta gente? Que não aprendeu nada a não ser que eras a escória da história e eles os letradas herdeiros do mundo. A gente que acha que São Paulo é quem deve mandar até no porquinho que tu, a custa da “lavagem” da casa de alguns, criavas para um dia de fartura com a família. Esta gente que nasceu para obedecer, rosnar como cão de guarda e comer os ossos descarnados pelo prazer de quem os dar.
Quando vejo tua dignidade não quero dizer que a pobreza de tua vida foi a causa da riqueza que a expressou. Não é isso, é apenas me assustar com o fato de que o progresso material de quem muitas vezes veio de baixo e ao invés de se dignificar com o progresso de todos, se amofina no reconhecimento puro e simples do progresso concedido por outros. É assistir, sem nada poder, ao suicídio da honra destes sujeitos concedidos na varanda apenas para se admirar do brilho dos salões.
Pois bem, hoje eu tive raiva de você. De me mostrar a altivez do indivíduo, a grandeza da unidade entre eles, o caminho que é de todos o é de cada um. Não é isso o que vejo nalguns que a escola deveria ter salvo. É este desencanto com o único caminho para salvação que via como sendo a educação. E, eles, tão educados, tão plenos de referência, apenas se sentem como arautos do desfile majestoso dos ricos e poderosos. Eles que consciência alguma têm da história.
Estou triste com eles. Não pela humanidade e me perdoe pelas palavras de raiva de balbuciei acima. Apoiar as palavras de Darcy Ribeiro: “Fracassei em tudo o que tentei na vida. Tentei alfabetizar as crianças brasileiras, não consegui. Tentei salvar os índios, não consegui. Tentei fazer uma universidade séria e fracassei. Tentei fazer o Brasil desenvolver-se autonomamente e fracassei. Mas os fracassos são minhas vitórias. Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu.”
As manchetes escolhidas - José do Vale Pinheiro Feitosa
Hugo Chávez nacionaliza fábrica de garrafas: o presidente da Venezuela nacionalizou e compensou a matriz americana pelo ato. Se foi justo não sei, mas o homem diz que vai apurar o quanto ela levou de recursos básicos da Venezuela nos anos em que operou no país. Nacionalização de garrafa não é uma piada, mas é impossível segurar o canto da boca.
Em votação, Assembléia Geral, pede o fim do embargo a Cuba: só quem votou contra foram o embargador mor, EUA e o sub-embargador, Israel. Algumas ilhas de deus-me-livre, com medo de perder o comércio de chapéus e bonés para turistas se abstiveram. Algo mudará? Difícil a intolerância não é movida a consciência e nem por respeito ao outro.
A vergonha do EUA exposta: o grande jornalista Robert Fisk, destes de fazer vergonha aos leões marinhos que se insolam às costas dos patrões, revela o segredo do mais escandaloso site: o Wikeleaks. O site virou a sensação do ano ao expor as entranhas sangrentas das guerras do Iraque e Afeganistão. Vazou documentos oficiais do Pentágono. Não tem escapatória, simulação ou negativas. São os próprios documentos originais. Para Fisk o site é mantido pelo alto escalão das forças armadas americanas em vingança pelo enxovalhamento de seus atos com a covardia dos comandantes “republicanos” da guerra.
Serra é a melhor escolha para presidente, diz FT: reproduz a BBC Brasil. FT quer dizer Financial Times. Para o jornal os candidatos são iguais, mas a dubiedade substantiva e verbal da palavra serra é melhor, pois afasta a influência de Lula. Isso em editorial, portanto se até os banqueiros ingleses reconhecem, chega ser uma covardia estranhar os editoriais do Estadão, Folha e Globo.
Comparato: Revista do Brasil é órgão de imprensa e deve ter plena liberdade. Publica o blog da Rede Brasil Atual sobre a sua revista que foi impedida de circular e nem veiculada pela internet por ordem do TSE. Os “democratas” que choram a dor das raposas nem uma linha pelas galinhas. Nem podiam: foi o PSDB quem pediu através de uma ação com segredo de justiça. Por isso a liberdade de expressão e à informação precisa ganhar as ruas.
Serra atribui irregularidades no metrô de SP a construtoras, foi a manchete que resultou da reportagem denúncia da Folha de São Paulo. E defendo o candidato, o ex-governador não tem nada com isso, a culpa é mesma das construtoras que têm o vício de querer usar o dinheiro público como lhes convém, em substituição ao poder institucional criado pela sociedade. Mesmo que alguém no governo Serra tenha se corrompido, as construtoras têm de ser denunciadas. Desse modo o candidato talvez compreenda a diferença entre um evento localizado e a universalidade com que brinda a adversária.
Ou estou enganado?
A IMPORTÂNCIA DO AGRADECER E DO SE ENCANTAR
Hoje bem cedinho deitado no sofá da sala iniciei um processo de reflexão a respeito dos meus estados de consciência. Relembrei o ano de 1988 onde passei por momentos espetaculares num estado de inconsciência incomum. Tentei recapitular como consegui entrar nesses estados incomuns da consciência. E nessa reflexão cheguei a conclusão que eu havia descoberto um caminho novo de encantamento e agradecimento.
E por circunstâncias da obrigação de ter de ganhar dinheiro para sobreviver e pagar minhas contas fui forçado a trilhar o outro caminho da razão, do cálculo, do progresso material e materialismo do consumo. E com isso me afastei dos exercícios essenciais para a evolução da sensibilidade humana.
Hoje ainda sinto o poder encantador que se processou, em 1988, em minha própria alma quando consegui me concentrar mais no processo de sentir do que de pensar. Cheguei a passar dias em êxtase de forma incondicional equilibrando as duas forças humanas que criam o destino, o desenvolvimento e o mérito pessoal.
Existem vários níveis de encantamento e contentamento. O maior de todos, sem dúvida, é o espiritual. Infelizmente a humanidade em que vivemos esqueceu esse método de autoencantamento, por isso ela sofre e adoece: uma pandemia!
Encantar, encantar, encantar....encantar-se consigo mesmo, com o Eu superior que habita mundos paralelos na multidimensionalidade da consciência humana. O AMOR UNIVERSAL tão falado e recomendado por CRISTO nada mais é do que a unidade (entre as polaridades ontológicas) gerada num processo de autoencantamento.
Daí a necessidade do “orai e vigiai”, “amar uns aos outros” e ser feliz incondicionalmente.
São Francisco de Assis descobriu esse caminho que não tem palavras para se explicar ou descrever – somente podemos senti-lo! São Francisco agradecia e se encantava com tudo a sua volta: pássaros, humanos, animais, árvores, o céu, o mar, as estrelas etc.
E por não seguirmos esse caminho de sensibilidade fina e profunda criamos um mundo desencantado com tudo (o famoso sociólogo MAX WEBER nos alertou sobre suas conseqüências racionais) e consigo mesmo.
"Pais, educadores, sociedade, tradições
Cada um descarregou seu passado em ti
Vestes cada um desses modelos
Quando te comportas como eles te ensinaram
Mensagens de pureza branca
Mensagens negras de morte e suicídio
Mensagens cor-de-rosa, ingênuas,
Que só esperam Papai Noel
Vermelhas de raiva, esverdeadas de ódio
Amarelas de melancolia e tristeza
Cinzentas e apagadas com a depressão
Mensagens de angústia na competição
Portadoras de ansiedade na insegurança
Mensagens, mensagens, mensagens
Mil cores, mil estímulos, mil setas
Penetrando em tua mente nova
Não existas, Não penses, Não sintas" (VECCHIO, Egidio, Fiel a Ti Mesmo, 1977,p.30-31).
Obs: dia 30 de outubro as 8:00 hs estarei realizando uma cirurgia no Hospital do Amparo - RJ.
No GPP, diferença em favor de Dilma é de 5,5 pontos
Por Reinaldo Azevedo