Essa gratidão que os filhos de Limoeiro do Norte têm para com seus benfeitores conduziu-me a uma imediata comparação com muitas ingratidões demonstradas por uma grande maioria dos cratenses à sua terra. A nossa primeira ingratidão é com os políticos cratenses. Nosso município, que há cinqüenta anos elegia dois deputados federais e dois estaduais, vive nos últimos anos um ocaso político danoso ao seu desenvolvimento. Não conseguimos eleger um deputado federal há mais de vinte anos. E não vale a justificativa de que nossos atuais políticos não são bons. Eles são do mesmo nível daqueles que foram deputados há mais de meio século. O único deputado estadual cratense da presente legislatura foi eleito graças ao seu desempenho em programas policiais da televisão, assim mesmo com votos de outros municípios. Diante desse quadro, consultei os dados do TRE das últimas eleições e verifiquei com tristeza que os cratenses validaram 51.731 votos para deputados federais, suficientes para garantir a eleição de um deputado federal. Enquanto o único candidato cratense obteve apenas 37% desses votos, 63% deles foram destinados a candidatos de outras cidades, destacando-se o ex-governador Ciro Gomes com 10.669 votos, os cincos candidatos a deputado federal por Juazeiro que obtiveram juntos 6.993 votos. Ao todo foram votados mais de 43 candidatos no Crato, entre os quais muitos desconhecidos pela maioria dos cratenses como André Figueiredo, com 997 votos e Maria Aparecida Albuquerque que obteve no Crato 75 votos. Esses números são reveladores da tamanha ingratidão política do cratense para com os seus próprios filhos. Reclamamos dos nossos prefeitos, que pouco fazem pelo desenvolvimento do Crato, mas esquecemos que eles não conseguem viabilizar seus projetos juntos aos governos federais e estaduais porque não elegemos um filho da terra deputado federal para fazer o acompanhamento político dos projetos de interesse do Crato nos labirintos da administração federal. Com tamanha ingratidão, não podemos reclamar a perda da Universidade Federal, da sede regional do DETRAN, ou de um hospital público de qualidade, afora tantos órgãos federais e estaduais que foram transferidos do Crato para outras cidades. Os maiores culpados por tamanho descaso são os próprios cratenses que votam em candidatos de fora e que somente se lembram do Crato de quatro em quatro ano.
Ao ver o nome de Dom Aureliano Matos estampado numa placa da principal avenida de Limoeiro, lembrei-me que um sobrinho dele, Dom Vicente Matos foi bispo do Crato e seu maior benfeitor em todos os tempos. Mas não existe no Crato nenhuma rua com o nome de Dom Vicente Matos. Aqui reside a maior de todas as ingratidões. Existem ruas com o nome de ex-presidente de outro país, de candidatos a presidentes que nada fizeram pelo Crato, de outras figuras que nunca colocaram seus pés em nossa terra, além daqueles que jamais souberam se o Crato existe. Por que não uma rua com o nome de dom Vicente? Graças a ele fomos pioneiros no ensino superior no interior do Estado do Ceará, com a implantação da Faculdade de Filosofia do Crato que possibilitou anos mais tarde a viabilização da URCA, com sede no Crato. São ainda iniciativas de Dom Vicente a Rádio Educadora do Cariri, a expansão do Hospital São Francisco, o desenvolvimento estrutural da Fundação Padre Ibiapina, a construção do Centro de Expansão da Diocese, único centro do gênero nas dioceses do Estado e quiçá do Nordeste, além de tantos outros benefícios, impossíveis de resumi-los em poucas palavras.
Sei que essa proposta de dar o nome de Dom Vicente a uma rua

Nota do autor: O presente texto data de 3 de setembro de 2008. Foi postado no Blog do Crato e publicado pela revista “A Província” em sua edição N° 27 de junho de 2009, Até a presente data nossos vereadores permanecem insensíveis a esse apelo justíssimo.