A experiência do Caldeirão baseada na partilha da produção e na religiosidade popular merece o resgate histórico sem a maquiagem das elites e da Igreja Católica.
O Caldeirão foi um exemplo de utopia possível. Em poucos anos cresceu a população da comunidade, chegando a cerca de dois mil habitantes. Camponeses advindos de diversas localidades e fugindo da exploração latifundiária acreditavam que a comunidade do Caldeirão era terra da prosperidade.
Uma comunidade auto-sustentável na qual seguia a lógica socialista de produção social e apropriação coletiva, ou seja, tudo que era produzido passava pela divisão.

Qual a ameaça que essa comunidade representava para a Igreja Católica e para os latifundiários? A quem interessava a destruição sangrenta destes camponeses? É bem verdade que a história nos aponta algumas pistas, uma delas é a ameaça a propriedade privada. Em Canudos ou na Guerrilha do Araguaia o massacre ocorreu em defesa dos poderosos, sejam eles, os donos das terras e das fabricas ou dos comerciantes da fé.
A revitalização do Caldeirão proposta pelo Governo do Estado em parceria com o Governo Municipal do Crato deve passar pelo resgate histórico e pela garantia de sustentabilidade e da melhoria das condições de vida da população do local, o que deve inclui a valorosa experiência de resistência dos camponeses do Assentamento 10 de Abril e a historiografia dos índios Kariri que residem nas terras próximas ao Caldeirão e que tem histórias semelhantes, a idéia de poder cultivar e manter o meio ambiente como forma de sobrevivência e comunhão.
Pela abertura irrestrita de todos os arquivos do Caldeirão e pelo direito a verdade dos fatos!