Exemplos como estes, infelizmente, não são seguidos por todos. Servidores de alguns outros órgãos, em cargos de chefia ou não, se queixam da falta de verba de investimento na estruturação física de seus departamentos, ou da quantidade, ou tamanho das instalações públicas em funcionamento. Outros ainda reclamam do número reduzido de funcionários disponíveis ou do grande número de funcionários terceirizados, dando a entender o menor comprometimento da classe em comparação ao servidor concursado. Para mim, que também sou servidor público, é fácil reconhecer na maioria destas afirmativas verdades incontestáveis. E porque alguns órgãos deixam tanto a desejar, enquanto outros parecem superar as dificuldades prestando serviços, se não imediatos, comprometidos com o bem estar e respeito ao usuário?
A superintendência regional do DETRAN no Cariri está instalada, desde 2002, na rodovia Padre Cícero, Juazeiro do Norte. Quem se dirige aquele órgão em busca de atendimento irá encontrar um cenário dos mais desanimadores. A criticada lentidão do serviço público encontra naquele prédio sua perfeita justificativa. É preciso paciência e muito tempo disponível para esperar sua vez, de pé, nas grandes filas que se formam por todos os lados em um claustrofóbico ambiente onde os dois aparelhos de ar-condicionado parecem lutar, em vão, contra o calor liberado pelos corpos das centenas de pessoas ali vitimadas. Para conseguir obter serviços como o de renovação da habilitação é necessário enfrentar as filas: da senha, do pagamento de taxas, da foto, do cadastro para agendamento do exame médico, outra para o exame médico, para a prova de direção defensiva e primeiros socorros, para a emissão da carteira provisória e após 15 (ou 20) dias, nova fila para o recebimento da carteira definitiva. Contou? São oito filas!!! Seria injusto se não citasse a fineza do tratamento de alguns funcionários, inclusive do disponível e simpático gerente do posto. No entanto, a espera nas filas, como a da foto, de aproximadamente 2 horas, pelo despreparo do funcionário, e na fila do exame médico, de 2 horas e meia, pelo descaso do setor por não avisar do horário de atendimento dos médicos (ou do médico), atendimento este que, à propósito, dura apenas o tempo de ler uma dúzia de letras seguido de uma deprimente “acocorada”! Seria cômico, não fosse trágico!
Estes são fatos consensualmente não isolados e que exigem ações urgentes e satisfatórias à população de todo centro e sul do Estado, dependentes dos seus serviços. O cidadão deve exigir melhor uso dos impostos que mantêm este tipo de estrutura. O cidadão exige respeito ao seu tempo. O cidadão exige respeito à sua condição de beneficiado e não de amaldiçoado.
Dimas de Castro e Silva Neto