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segunda-feira, 9 de agosto de 2010
Recordações - Por Magali de Figueiredo Esmeraldo
Lembrando a minha infância me veio à mente como o Crato era uma cidade tranqüila. As ruas eram calçadas com paralelepípedos. Poucos carros transitavam na rua Dr. João Pessoa. que era arborizada com fícus, umas árvores frondosas que já deviam ter uns cinqüenta anos de vida. Uma dessas árvores localizava-se na calçada da casa em que eu morava, sombreava e refrescava a nossa morada do sol causticante.
Na rua Dr. João Pessoa, além das muitas residências, havia também várias lojas de comércio: A Babilônia, Casas Tamoio, Armazém Recife, Elite Foto, de Diomedes Pinheiro, A Pernambucana, todas essas no mesmo quarteirão da minha casa. Num passado mais remoto tinha o Bar e Sorveteria Cairú e, posteriormente quando não existia mais o bar, o local foi ocupado pelo Banco de Crédito Comercial.
Gostava muito do lugar em que eu morava, pois era perto da Praça Juarez Távora, da Igreja de São Vicente Férrer e do Instituto São Vicente Férrer, escola em que estudei a partir dos meus oito anos de idade. Antes, com menos idade, estudei no Externato Cinco de Julho que funcionava no mesmo prédio da Escola Técnica do Comercio do Crato.
O local que eu morava ficava a um quarteirão e meio da Praça Siqueira Campos, portanto perto dos Cinemas Moderno e Cassino. Assistir filmes naquela época era um excelente programa, uma vez que não havia televisão. Hoje a cidade recebe excelentes imagens de televisão, porém não possui mais nenhum cinema, o que é pena...
Com a tranqüilidade da cidade, às vezes, minha mãe me deixava brincar na casa de minhas primas e de algumas amigas que moravam próximo da nossa casa. Permitia que eu fosse assistir a Bênção do Santíssimo no início da noite, realizada pelo Padre Frederico na Igreja de São Vicente. Em poucos segundos chegava lá, pois saía correndo, atravessava a Praça Juarez Távora e logo estava na Igreja.
Numa manhã ensolarada, como eu estava de férias, consegui autorização dos meus pais, para brincar na casa de uma amiga que morava numa rua paralela a João Pessoa. Encontrei a minha amiga chorando muito porque havia rasgado o seu livro e estava com muito medo que a sua mãe brigasse com ela. Queria colar o livro com água e me perguntou se dava certo. Falei que não. Procurei consolá-la e depois fui para casa. Tão logo cheguei, pouco tempo depois, minha amiga veio ainda chorando dizer que sua mãe estava me chamando. Ela me levou até a loja em que sua mãe era proprietária. Fiquei sem entender porque na presença de todos os clientes, ela com muita grosseria, me acusou de ter rasgado o livro da filha e que eu teria que pagar. Nesse dia senti o meu coração de criança dolorido por ter sido injustiçada e humilhada diante de tanta gente. Corri aos prantos para casa. Chegando lá, me dirigi ao consultório de dentista do meu pai, que ficava na sala da frente da nossa casa e, soluçando lhe relatei o ocorrido. Tenho a maior gratidão pela atitude dele que acreditou em mim. Quando meu pai abriu a carteira me entregando o dinheiro para pagar o livro, veio o meu reconhecimento de que sempre tive um pai presente, que dialogava e me apoiava. Com essa atitude, tive a certeza de que sempre poderia contar com ele.
Já estava na calçada para ir deixar o dinheiro, quando a minha amiga se aproximou dizendo que sua mãe já sabia que eu não tinha rasgado o livro, portanto não precisava pagar. Não fiquei com raiva da minha amiga, pois ela estava com tanto medo, que não pensou no que estava fazendo ao me acusar. A atitude da mãe dela de me envergonhar em público me deixou magoada. Colocar uma criança numa situação constrangedora não é bonito. Entretanto, logo tudo foi perdoado e esquecido, pois apesar de ser uma menina, eu percebi que devia agradecer a Deus por ter um pai maravilhoso que na minha primeira aflição, me socorreu e aliviou o meu sofrimento.
Por Magali de Figueiredo Esmeraldo
Na rua Dr. João Pessoa, além das muitas residências, havia também várias lojas de comércio: A Babilônia, Casas Tamoio, Armazém Recife, Elite Foto, de Diomedes Pinheiro, A Pernambucana, todas essas no mesmo quarteirão da minha casa. Num passado mais remoto tinha o Bar e Sorveteria Cairú e, posteriormente quando não existia mais o bar, o local foi ocupado pelo Banco de Crédito Comercial.
Gostava muito do lugar em que eu morava, pois era perto da Praça Juarez Távora, da Igreja de São Vicente Férrer e do Instituto São Vicente Férrer, escola em que estudei a partir dos meus oito anos de idade. Antes, com menos idade, estudei no Externato Cinco de Julho que funcionava no mesmo prédio da Escola Técnica do Comercio do Crato.
O local que eu morava ficava a um quarteirão e meio da Praça Siqueira Campos, portanto perto dos Cinemas Moderno e Cassino. Assistir filmes naquela época era um excelente programa, uma vez que não havia televisão. Hoje a cidade recebe excelentes imagens de televisão, porém não possui mais nenhum cinema, o que é pena...
Com a tranqüilidade da cidade, às vezes, minha mãe me deixava brincar na casa de minhas primas e de algumas amigas que moravam próximo da nossa casa. Permitia que eu fosse assistir a Bênção do Santíssimo no início da noite, realizada pelo Padre Frederico na Igreja de São Vicente. Em poucos segundos chegava lá, pois saía correndo, atravessava a Praça Juarez Távora e logo estava na Igreja.
Numa manhã ensolarada, como eu estava de férias, consegui autorização dos meus pais, para brincar na casa de uma amiga que morava numa rua paralela a João Pessoa. Encontrei a minha amiga chorando muito porque havia rasgado o seu livro e estava com muito medo que a sua mãe brigasse com ela. Queria colar o livro com água e me perguntou se dava certo. Falei que não. Procurei consolá-la e depois fui para casa. Tão logo cheguei, pouco tempo depois, minha amiga veio ainda chorando dizer que sua mãe estava me chamando. Ela me levou até a loja em que sua mãe era proprietária. Fiquei sem entender porque na presença de todos os clientes, ela com muita grosseria, me acusou de ter rasgado o livro da filha e que eu teria que pagar. Nesse dia senti o meu coração de criança dolorido por ter sido injustiçada e humilhada diante de tanta gente. Corri aos prantos para casa. Chegando lá, me dirigi ao consultório de dentista do meu pai, que ficava na sala da frente da nossa casa e, soluçando lhe relatei o ocorrido. Tenho a maior gratidão pela atitude dele que acreditou em mim. Quando meu pai abriu a carteira me entregando o dinheiro para pagar o livro, veio o meu reconhecimento de que sempre tive um pai presente, que dialogava e me apoiava. Com essa atitude, tive a certeza de que sempre poderia contar com ele.
Já estava na calçada para ir deixar o dinheiro, quando a minha amiga se aproximou dizendo que sua mãe já sabia que eu não tinha rasgado o livro, portanto não precisava pagar. Não fiquei com raiva da minha amiga, pois ela estava com tanto medo, que não pensou no que estava fazendo ao me acusar. A atitude da mãe dela de me envergonhar em público me deixou magoada. Colocar uma criança numa situação constrangedora não é bonito. Entretanto, logo tudo foi perdoado e esquecido, pois apesar de ser uma menina, eu percebi que devia agradecer a Deus por ter um pai maravilhoso que na minha primeira aflição, me socorreu e aliviou o meu sofrimento.
Por Magali de Figueiredo Esmeraldo
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crônicas
FORMAÇÃO ROMUALDO: UM MILAGRE PALEONTOLÓGICO
(foto no set de filmagens)
Em fase de finalização o documentário do diretor Jackson Bantim que registra a Formação Romualdo, tesouro de fósseis tridimensionais do Geopark Araripe. A pesquisa e roteiro ficaram por conta do Dr. Antonio Alamo Feitosa, Professor da Universidade Regional do Cariri - URCA.
Fonte: Blogue Bantim Produções
NO TEMPO DOS GRUPOS ESCOLARES – POR PEDRO ESMERALDO
Hoje, ao passar pelo antigo casarão na Praça da Sé, lembrei- me do velho grupo escolar Teodorico Telles de Quental. Era uma casa alugada provisoriamente pelo governador para dar mais impulsos a favor das crianças, quer de classe média, quer de classe pobre. Era uma escola igualitária, não havia privilégio para nenhum aluno. Todos eram iguais perante a lei.
Naquela época, o inicio das aulas era impreterivelmente ás 7:00 horas da manhã. Não havia folga. Todos os trabalhos eram executados com muito rigor.
A professora tinha por obrigação preparar as suas tarefas com antecedência e apresentar aos alunos com dignidade. O bom aluno aprendia muito e ninguém saia reprovado, se obedecesse rigorosamente o critério de estudo.
Naquele tempo ninguém falava em droga, aliás nem se sabia se existia essa erva. Os vícios que o pessoal adquiria eram de fumar e, por excesso, de bebida alcoólica. Também a violência provocada por excesso de bebida era de arrepiar cabelo. Geralmente nesse Pé de Serra do Crato, em pleno fim de semana, haviam noitadas terríveis, às vezes causando a morte.
A escola ficava localizada na Praça da Sé, na esquina da atual Rua Leandro Bezerra. Era um velho pardieiro, talvez construído no século XIX, que atendia precariamente as exigências dessa escola. A casa era ampla, com vários quartos, também amplos com um terreno espaçoso que abrigava as crianças na hora do recreio. Para mim foi uma ideia maravilhosa, pois gostava de entrar em contato com todas as classes sociais. Só assim observei melhor o comportamento do pessoal de baixa renda.
Em frente ao grupo, observa a grandeza da velha Praça da Sé. Era uma praça desprezada pela prefeitura, talvez porque não haviam recursos suficientes para transformá-la em praça chique e que oferecesse aos bons momentos de lazer.
Após as aulas, principalmente no período da tarde, a maioria dos alunos ia jogar bola sobre a graminha verdejantes da Praça da Sé que dava o nome ( capim de burro). Era um planta nativa, rasteira e que de servia proteção ao solo da erosão pluvial.
Em outros tempos, o governo estadual resolveu construir outra escola mas distante do centro da cidade, com salas amplas, adaptadas para as crianças e adolescentes do ensino médio.
Bem, bons tempos se foram. Hoje em dia, os alunos estudiosos e ansiosos para subir na vida têem que se esforçar para aparecer com muito interesse e conseguir algum lugar de destaque na vida futura.
Crato- CE, 04 de Agosto de 2010.
Naquela época, o inicio das aulas era impreterivelmente ás 7:00 horas da manhã. Não havia folga. Todos os trabalhos eram executados com muito rigor.
A professora tinha por obrigação preparar as suas tarefas com antecedência e apresentar aos alunos com dignidade. O bom aluno aprendia muito e ninguém saia reprovado, se obedecesse rigorosamente o critério de estudo.
Naquele tempo ninguém falava em droga, aliás nem se sabia se existia essa erva. Os vícios que o pessoal adquiria eram de fumar e, por excesso, de bebida alcoólica. Também a violência provocada por excesso de bebida era de arrepiar cabelo. Geralmente nesse Pé de Serra do Crato, em pleno fim de semana, haviam noitadas terríveis, às vezes causando a morte.
A escola ficava localizada na Praça da Sé, na esquina da atual Rua Leandro Bezerra. Era um velho pardieiro, talvez construído no século XIX, que atendia precariamente as exigências dessa escola. A casa era ampla, com vários quartos, também amplos com um terreno espaçoso que abrigava as crianças na hora do recreio. Para mim foi uma ideia maravilhosa, pois gostava de entrar em contato com todas as classes sociais. Só assim observei melhor o comportamento do pessoal de baixa renda.
Em frente ao grupo, observa a grandeza da velha Praça da Sé. Era uma praça desprezada pela prefeitura, talvez porque não haviam recursos suficientes para transformá-la em praça chique e que oferecesse aos bons momentos de lazer.
Após as aulas, principalmente no período da tarde, a maioria dos alunos ia jogar bola sobre a graminha verdejantes da Praça da Sé que dava o nome ( capim de burro). Era um planta nativa, rasteira e que de servia proteção ao solo da erosão pluvial.
Em outros tempos, o governo estadual resolveu construir outra escola mas distante do centro da cidade, com salas amplas, adaptadas para as crianças e adolescentes do ensino médio.
Bem, bons tempos se foram. Hoje em dia, os alunos estudiosos e ansiosos para subir na vida têem que se esforçar para aparecer com muito interesse e conseguir algum lugar de destaque na vida futura.
Crato- CE, 04 de Agosto de 2010.
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