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domingo, 19 de dezembro de 2010

Nascimento do Menino Deus é teatro vivo nas lapinhas

Lapinha de Mãe Celina (Crato-CE-Brasil)

Por mais antiga que seja, a tradição natalina de montar lapinhas continua presente nas famílias cearenses
 
Crato. Universal, abrangente, calorosa. Assim é a festa de Natal, uma das mais coloridas celebrações da humanidade, é também a maior festa da cristandade, da civilização surgida do cristianismo no Ocidente. Não há quem consiga ignorar a data por mais que a sociedade de consumo insista em transformar o evento num banquete profano, no qual a figura importada do Papai Noel procura assumir o lugar do Menino Jesus.

O Natal trás de volta a lapinha, uma das mais expressivas manifestações da cultura popular do Cariri, carregando consigo o mais puro sentimento cristão do povo simples. É o caso da Lapinha Viva de "Mãe Celina" , do Bairro Muriti, representada por personagens do presépio, que são vividos por jovens da comunidade, a maioria da mesma família, que trazem no sangue a arte de reisado do Mestre Dedé de Luna e a religiosidade de dona Celina Luna que, há mais de 50 anos, arma sua lapinha na sala da frente de sua casa num ato, segundo afirma, de devoção.

Este ano, a Lapinha "Mãe Celina" vai se apresentar na cidade de Aurora e no Centro Cultural do Banco do Nordeste, em Fortaleza. No Crato, a apresentação será no dia 6 de janeiro. Dia de Reis que, segundo a tradição cristã, seria aquele em que Jesus Cristo recém-nascido recebera a visita dos três Reis Magos: Melchior, Gaspar e Baltazar. Nesta data, encerram-se para os católicos os festejos natalícios - sendo o dia em que são desarmados os presépios e, por conseguinte, são retirados todos os enfeites natalícios.

"A influência ancestral dos três principais mundos formadores da alma brasileira permanece pulsante na vida do sertanejo simples, cuja religiosidade se manifesta à flor de seus atos e ditos", diz o folclorista e dramaturgo Cacá Araújo, lembrando que "é na efervescência dessa estética universal que nascem e se fortalecem as tradições culturais populares. Em nosso caso, resultantes do caldeamento cultural ocorrido entre os indígenas donos da terra, os brancos ibéricos invasores e os negros de várias nações para cá trazidos como escravos".

Longe dos grandes gastos feitos por algumas pessoas durante o período natalino para ornamentar suas residências, comércios e ruas, as irmãs Mazé e Penha Luna revivem o Natal, usando como principal matéria-prima o amor pela festa do nascimento do menino Jesus e a união familiar, que é o exemplo maior da família sagrada formada por Jesus, Maria e José.

A casa de mãe Celina, no Muriti, é um verdadeiro ateliê, onde as irmãs Mazé e Penha Luna fabricam artesanalmente a indumentária dos grupos folclóricos (lapinha, reisado e pastoril) que fazem do Crato a "Capital da Cultura" do Cariri. O património cultural e artístico de uma comunidade constitui o maior legado que se pode deixar às novas gerações. O conhecimento, a recriação e a divulgação da sua cultura popular contribuem decisivamente para o fortalecimento dos laços sociais, para o enriquecimento humano das suas gentes e para a dinamização econômica local e regional. A lapinha, portanto, é mais do que um auto de Natal. É a expressão de uma arte popular que está enraizada na alma de pessoas simples que ajudam a conquistar o futuro cada vez mais globalizado, fortalecendo os alicerces da identidade e os valores ancestrais que caracterizam esta comunidade.

Para a mestre da Cultura Mazé Luna, a dramatização do tema, além de manter uma tradição familiar, surgiu como necessidade de mais fácil compreensão do episódio da Natividade. A cena parada, embora de sentido evocativo, do nascimento de Jesus, movimenta-se, ganha vida, sai do seu mutismo, com a incorporação de recursos, não apenas visuais, também sonoros. "É uma forma simples de interpretação do texto sagrado", justifica Mazé.

História
Conta a Bíblia que um anjo anunciou para Maria que ela daria a luz a Jesus, o filho de Deus. Na véspera do nascimento, o casal viajou de Nazaré para Belém, chegando à noite de Natal. Como não encontraram lugar para dormir, eles tiveram de ficar no estábulo de uma estalagem. E ali mesmo, entre bois e cabras, Jesus nasceu sendo enrolado com panos e deitado em uma manjedoura. Pastores que estavam próximos com seus rebanhos foram avisados por um anjo e visitaram o bebê. Três Reis Magos que viajavam há dias, seguindo a estrela guia igualmente, encontraram o lugar e ofereceram presentes ao Menino: ouro, mirra e incenso. No retorno, espalharam a notícia de que havia nascido o filho de Deus. A Lapinha assume, neste contexto, uma espécie de demonstração da prevalência do Cristianismo sobre as crenças e religiões dos outros povos. Entretanto, não escapa à aculturação decorrente dessa convivência O presépio, em sua forma original, fiel à dignidade da homenagem que pretende prestar ao nascimento de Jesus, é tipicamente hierático: dramático, na sequência das cenas e sacramental no modo de ser cristão. Caracteristicamente piedoso na maneira humilde e respeitosa de ser religioso, explica Maria da Penha Luna, irmã de Mazé, esclarecendo que a lapinha é a reconstituição dramática popular da visita dos três Reis Magos ao recém-nascido Jesus, com o fim de lhe ofertarem presentes.

Representação
Sua significação é inspirada na representação quase que ainda medieval, com pessoas interpretando santos, bichos e coisas da natureza como simples e profunda louvação ao Deus-Menino, até a complexa peça de antropologia cultural que traz em si grande parte da história da humanidade. A professora Veridiana Pedrosa diz que lá estão não só símbolos de culto cristão, católico, "mas fortes traços que nos remetem aos primitivos tempos em que o homem vivia em diálogo e harmonia com a natureza". Lembra que a lapinha está na alma da criança. É como protesto inconsciente a mercantilização do Natal que pretende transformar Papai Noel no herói do momento.

Tradição

"A lapinha é tradição familiar e uma forma simples de interpretar o texto sagrado"Mazé de LunaMestra da cultura

"A lapinha é ainda a reconstituição da visita dos três Reis Magos ao menino Jesus"Maria da Penha Luna,
Folclorista

"Na lapinha estão fortes traços que nos remetem aos primitivos tempos"Veriadiana Pedroza
Professora

FESTEJOS

Apresentação termina no Dia de Reis


Crato. Desde sua origem, o Natal é carregado de magia. Gritos, cantigas, forma rudimentar do culto, um rito de cunho teatral, o drama litúrgico ou religioso medieval ganha modificações no decorrer dos séculos. Dos templos, a teatralização ganha praças, largos, ruas e vielas, carros ambulantes, autos sacramentais e natalinos.

O folclorista e dramaturgo, Cacá Araújo, destaca que, no Cariri, as lapinhas vivas apresentam praticamente as mesmas características dramáticas de outrora, sendo acrescidas quase sempre da louvação de um grupo de Reisado, que também representa a peregrinação dos Reis Magos a Belém, pertencendo ambos ao ciclo natalino, e, às vezes, de uma Banda Cabaçal. Quando se juntam os três folguedos, multiplica-se a beleza estética, o brilho dramático, o riso brincante, o alcance histórico. O folclorista acrescenta que "o fortalecimento e a difusão do folclore e das manifestações tradicionais populares, a exemplo das lapinhas, devem servir principalmente à causa do (re) descobrimento de nossa identidade cultural, pois que oferecem uma farta leitura do mundo em variadas dimensões e diferentes tempos. É a história se doando generosamente à elaboração de um novo pensamento, que dê vazão a sinceras atitudes libertárias, que restabeleça o espírito e a festa da dignidade humana, da democracia, do respeito à natureza, da felicidade, do amor", complementa.

Diz o folclorista Câmara Cascudo, ainda, que a lapinha é a denominação popular do pastoril, com a diferença de que era representada a série de pequeninos autos, diante do presépio, sem interferência de cenas alheias ao devocionário.

Por lapinha, segundo Cascudo, seria denominado o pastoril que se apresentava diante dos presépios, ou seja, o grupo de pastoras que faziam as suas louvações na noite de Natal, cantando e dançando diante do presépio, divididas por dois cordões - o azul e o encarnado, as cores votivas de Nossa Senhora e de Nosso Senhor. Em outras palavras, tratava-se de uma ação teatral de tema sacro.

Enquanto o presépio representa uma das tradições natalinas, assim como a árvore de Natal, a lapinha ainda se encontra bem conservada, particularmente no Nordeste do Brasil. O folclorista Câmara Cascudo ressalta, em seu Dicionário do Folclore Brasileiro, que, por tradição, a Sagrada Família se recolheu a uma caverna (uma lapa ou gruta), onde nasceu Jesus. Vem, daí, o termo lapinha.

Antônio Vicelmo, Repórter do DN



Fonte: Diário do Nordeste, Caderno Regional, em 19/12/2010.

J. Lindemberg de Aquino - Emerson Monteiro

Queremos tecer aqui, em algumas e poucas palavras, um comentário a propósito de personalidade a quem o Cariri deve boa parte da evidência que hoje detém neste mundão imenso de Meu Deus; falar a respeito do João Lindemberg de Aquino, jornalista inteligente, possuidor de talento inquestionável já reconhecido nas letras nordestinas, e autor emérito do livro Roteiro Biográfico das Ruas do Crato, trabalho permanente para os estudos da história desta Região.
Durante décadas, anos 50, 60 e 70, pelos menos, os principais registros da movimentação social, economia e política do interior cearense da região sul ganharam notoriedade, sobretudo nas páginas dos jornais de Fortaleza, através das matérias que ele encaminhava para publicação.
Nos seus escritos, Lindemberg mostrou especial dedicação à vida social caririense, aos acontecimentos e lideranças que nortearam o progresso deste vale onde habitamos, conquanto agora mesmo apenas usufrua de uma vida recolhida e afastada deste meio que, com carinho e trabalho, ajudou a construir e onde estabeleceu numeroso círculo de amizades.
Quando, em 1953, o Instituto Cultural do Cariri encetava caminhada, dentre os seus fundadores ele ali se encontrava na função de Secretário da primeira diretoria, ao lado dos nomes expressivos de Figueiredo Filho, Irineu Pinheiro, Padre Antônio Gomes, Huberto Cabral e outros.
Desde cedo que busquei assisto de perto a trajetória intelectual deste cidadão cratense integrado ao meio, ainda de quando exercia um cargo no atendimento do INPS, em Crato, assessorava diversas administrações municipais cratenses e escrevia crônicas diárias para as Rádios Araripe e Educadora, além de testemunhar os principais acontecimentos sociais também das comunas próximas, divulgando-os na grande imprensa do Estado e do País. Nisto aplicou-se durante décadas inteiras, favorecendo o encaminhamento de temas progressista e atualizando as influências políticas e educacionais, o que marcaria bases no nosso crescimento histórico.
Dotado, pois, de paixão verdadeira pelo que realizou em termos de jornalismo sociocomunitário, Lindemberg de Aquino chamou a si a preservação da autoestima deste povo caririense, anotando para as gerações futuras efemérides e valores que eternizou com a sua pena.
Perante tais aspectos que caracterizam existência de tantos préstimos, cabe-nos reconhecer o êxito das ações que empreendeu e dedicar o melhor tributo de reconhecimento a João Lindemberg de Aquino por tudo que fez valer em prol da gente deste lugar.

Renato Rabelo: O legado leninista e a nova luta pelo socialismo

No seminário Pensar Lênin: aspectos contemporâneos de sua teoria – realizado sábado em São Paulo – o presidente do PCdoB, Renato Rabelo, fez uma intervenção sobre as experiências socialistas, a importância do líder russo e os desafios atuais do movimento comunista. Trazendo a análise para os dias de hoje, disse: “o grande desafio colocado para os revolucionários de todo mundo hoje é justamente vincar uma corrente marxista forte através de um partido revolucionário forte e influente”. Acompanhe.

 
O período que vai da grande revolução proletária de Outubro de 1917 na Rússia à débâcle contra-revolucionária de 1989/1991 – do ponto de vista histórico — é um tempo diminuto. Mas seu impacto no movimento revolucionário no mundo foi muito grande. Na atualidade, ao debatermos aqui neste seminário os aspectos contemporâneos da teoria de Vladimir Ilich Lênin, precisamos extrair as lições desta primeira importante experiência de construção do socialismo na história da humanidade.

Lênin foi o líder revolucionário mais destacado de nossa era e um grande teórico. Sua projeção vai muito além da Revolução Russa. Transformou-se numa referência, um pensador de grande estatura, um grande estrategista. Na verdade, ele formulou a teoria e a política para a revolução proletária do século XX e contribuiu decisivamente para os êxitos da luta de libertação nacional e a construção do campo socialista. Entretanto, com a crise da experiência socialista, cujo ápice foi 1989/1991, os ideólogos capitalistas vaticinaram a eternidade do capitalismo. Passamos a viver um mundo unipolar, onde os Estados Unidos assumem o controle quase absoluto de uma ofensiva imperialista em todos os terrenos, especialmente com a aplicação das políticas neoliberais.

Ensinamentos da derrota do socialismo na URSS

Diante da derrota desta primeira experiência de construção do socialismo, observamos dois tipos de conduta bem definidos no movimento revolucionário mundial. Os que renunciaram ao legado socialista e os que mantiveram a identidade socialista. Estes últimos são os que buscaram compreender o que havia ocorrido na URSS e no Leste Europeu e procuraram absorver os ensinamentos. No Brasil, estes ensinamentos apontam para uma situação em que nos perdemos em preceitos formais que de maneira sintética poderiam ser resumidos assim:

- A ideia da inevitabilidade de duas etapas da revolução em países dependentes;
- A concepção da existência de modelo universal de socialismo para todos os países e um esquema de socialismo que deveria ser seguido em todo o mundo;
- A compreensão programática de que deveria haver trânsito direto para o socialismo.

Estas ideias dificultaram muito descortinar o horizonte político, impedindo que desvendássemos claramente a realidade brasileira num primeiro plano na formulação programática.

No 8º. Congresso do PCdoB em 1992 e em sua 9ª Conferência Nacional sobre o Programa, de 1995, nos dedicamos a estudar e compreender porque houve este desmoronamento por dentro do regime soviético. Além das questões que o Partido já havia chamado a atenção – como o golpe promovido por Nikita Khruschev e setores do Exército contra a direção bolchevique – constatamos problemas graves na concepção da direção do novo governo implantado como, por exemplo, a fossilização do sistema de soviets, que deixaram de ter a função de uma instância de poder das massas no processo de construção socialista.

Aos poucos estes soviets foram sendo subestimados e as relações entre o governo e o povo foram se enfraquecendo, assim como as relações entre o Partido Comunista e o movimento dos trabalhadores na União Soviética. O marxismo-leninismo acabou se restringindo a uma doutrina de Estado para justificar as políticas e ações de governo. Ocorreu simultaneamente uma estagnação evidente do modelo de desenvolvimento econômico e do trabalho teórico revolucionário de construção da nova sociedade.

O resgate do pensamento leninista

O PCdoB desde meados da década de 90 do século passado procurou estudar um dos aspectos do pensamento leninista deixados na penumbra pelo movimento comunista que foi a questão da transição do capitalismo para o socialismo. João Amazonas, líder de nosso Partido, debruçou-se sobre a obra de Lênin especialmente no período de 1918 a 1923, onde ele oferece ensinamentos sobra a transição de países atrasados para um estágio superior de sociedade. Lênin esboça então uma teoria da transição para o socialismo, a partir da proposta da Nova Política Econômica, conhecida por NEP. Partia do raciocínio de que o socialismo deveria ser um sistema mais avançado do que o capitalismo. Pensar em socialismo em países atrasados e até com características feudais seria um non sense. O desafio foi levar adiante esta tarefa socialista. A teoria que embasava a NEP levava em consideração problemas de método, de tempo, de lugar e da dinâmica revolucionária.

A NEP procurou enfrentar uma séria defasagem entre a situação atrasada das forças produtivas na União Soviética do início dos anos 20 para patamares mais avançados. O problema central se tratava de como criar base material para fazer surgir o socialismo e de como o capitalismo poderia ser usado para o desenvolvimento das forças produtivas nos marcos do poder democrático-popular.

Muitos anos depois tanto a República Popular da China nos anos 80 como a República Socialista do Vietnã nos anos 90 seguem caminhos parecidos com suas características peculiares. A fase primária do construção do socialismo — segundo os chineses — ainda terá 50 anos pela frente. Os chineses e vietnamitas encontraram uma saída com a política de reforma e abertura. No caso de Cuba e da Coréia o bloqueio imperialista impõe sacrifícios a seus povos que além disso enfrentam sistematicamente tragédias naturais. Mesmo assim buscam saídas próprias diante do cerco violento capitaneado pelos Estados Unidos. Haverão de promover ainda várias etapas de transição para superar as dificuldades.

A nova luta pelo socialismo

O grande desafio colocado para os revolucionários de todo mundo hoje é justamente vincar uma corrente marxista forte através de um partido revolucionário forte e influente, respeitado em cada um de seus países, o que naturalmente supõe avançar teórica e ideologicamente, para desenvolver o marxismo e o leninismo para a nossa época. Assim como Lênin no início do século XX enfrentou a questão de buscar uma saída para desencadear a revolução na Rússia – um país atrasado do ponto de vista das relações de produção, um “elo frágil da cadeia imperialista”, como dizia Lênin, onde a revolução proletária poderia se iniciar – sendo que a análise predominante na época era de que o processo revolucionário dar-se-ia primeiramente onde estas relações de produção estivessem mais avançadas, como conceberam Karl Marx e Friedrich Engels em suas obras do final do século XIX.

Com este espírito de luta o partido comunista, diante das novas exigências, deve levantar a bandeira da retomada da luta pelo socialismo. Assim poderemos enfrentar a lógica do desenvolvimento desigual e o processo de centralização e concentração do capital na era do imperialismo. A falsa euforia propagandeada por Francis Fukuyama e seu “Fim da História” foi abatida com a eclosão da terceira grande crise do sistema econômico e financeiro mundial em 2007 e 2008, com repercussões que se fazem sentir ainda hoje com a falência do neoliberalismo na Grécia e a situação precária da Espanha, Portugal e do próprio sistema da União Europeia.

Historicamente o capitalismo está superado

A grande questão é que historicamente o capitalismo está superado, mas ideológica e politicamente continua vivo. Os revolucionários se colocam diante de duas situações básicas na atualidade:

- promover o acúmulo de forças nos países capitalistas para a transição ao socialismo;
- lutar pela construção do socialismo nos países que não sucumbiram à negação deste mesmo socialismo, respeitando suas características próprias. Além destas duas condições deveremos levar em conta também a busca de alternativas ao capitalismo, como se faz hoje na Venezuela, processo que merece ser acompanhado e que serve de lastro para novos caminhos. Como já vimos, não existe um referencial único de luta revolucionária rumo ao socialismo.

No caso do Brasil houve um esforço de combinar a luta nacional com a luta social, e de entrelaçar a luta pela democracia com a luta pela soberania para nos aproximar do socialismo. Neste sentido, o Programa Socialista do PCdoB está estruturado em dois pontos essenciais: o rumo socialista e o caminho nacional, popular e de integração com os povos da América Latina. A atuação partidária se desdobra em três frentes: na luta parlamentar e a participação em governos, na luta de ideias e na intervenção no movimento social de forma articulada, para nos permitir o crescimento e a expansão. As alianças são parte fundamental deste processo. O certo é que sem o ciclo aberto por Luiz Inácio Lula da Silva não poderíamos realizar no Brasil o atual acúmulo de forças. (...)


Fonte: http://www.vermelho.org.br/, em 12 de Maio de 2010.