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Programa Cultura SESC Cariri
Foto: Heládio Duarte
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HOJE, Sexta-Feira, dia 30 de Março
Horário: 14:00
Rádio Educadora do Cariri
O programa pode ser ouvido pelo Blog do Crato ou qualquer site da Rede Blogs do Ceará que tenha o player da Rádio Chapada do Araripe - Ex. Cariricult, Cariricaturas, Blog do Sanharol, Beto Fernandes, etc, ou pelo site da Rádio Educadora:
www.radioeducadoradocariri.com
Foto de Alexandre Lucas |
Acharam, pois, de artificializar tanto, e de tal forma, as categorias gramaticais que de regra obesa ninguém vive mais o prazer das primeiras vezes, nessas murrinhas rodeadas na moldura dos cabelos amarfanhados, parafinados, que só aprisionam a boneca da velha civilização. Onde eles esconderam o desgosto do amor aberto das praças e a paixão dos filmes ardentes, as flores miudinhas abandonadas ao vento, o inesperado das cenas, os sambas clarividentes de Chico Buarque?
A emoção definitiva dos jornais de antigamente que chuva levou para sempre, então? E as máquinas sabidas de dar corda, os brincos de argola pendurados perto dos lábios de mel, olhos acesos de desejo às menores carícias, os brejos dos canaviais ondulantes, as cores vivas dos tetos de telha das choupanas e suas chaminés esvoaçantes tingindo de cinza o verde da matas em festa animada? Os pirilampos, as cabrochas, os sugares das concertinas, estalidos de comboeiros conduzindo cargas de rapadura em travessias de sertão? Que é disso, daquilo e doutros tamanhos blocos de granito que jamais imaginou sumirem?
E o ghostoso das mínimas atenções que escorregou dos dedos a preço de inutilidades, a troco de nada, sem botão de respostas saracoteando nas histórias estrangeiras das conversas pra boi dormir dos vídeos games e tudo?! Argumentos falsos desconfiados dessa gente que repete as produções, no lucro incessante em jeito sabido, incutindo colesterol nas barrigas esfomeadas dos subdesenvolvidos e carrões platinados!?...
Começaram tocando nas rádios assuntos desconhecidos em músicas de línguas desconhecidas, e venderam fácil aos índios geniais camaradas, samurais enferrujados. Passaram que passaram turnos de mercadorias ilustradas, sarapintadas no sabor de artificial, e encheram maneiro o canteiro da moçada efusiva.
Depois era ver e crer o quanto sucata emprenha o teto dos armazéns, casas e dormitórios. Nisso, o barco segue tingindo o mar dos puxadores da guerra, nos exteriores das fazendas de gado, na superpopulação do tecido social. Cultura mesmo adormeceu preguiça no território de um globo inteiro, que esmoreceu nas calças. Bossa abusada que fuça, fuça, a estrutura caduca na farra de ração que atocha de hormônio o tanque da macacada sideral.
Há tempo, sim, nas folhas dos calendários... No treme-treme dos relógios. Ia esquecendo falar a saudação de fechar a carta.
No dia em que iniciava estudos junto ao Colégio Pio X, localizado na Praça da Sé, em Crato, ali por volta dos meus 10 anos, logo antes do início das aulas observava um dos garotos para mim desconhecidos nas animações e intensas atividades. Um deles era Hugo, que depois seria meu amigo e companhia de bons instantes, naquela época. Logo soube que tocava acordeom, gostava de jogar bola e marcava o grupo pela facilidade em liderar os demais garotos. Sempre criativo, guardava boas surpresas e demonstrava alegria contagiante.
Noutras horas, saíamos em caminhadas pela cidade, quando, inclusive, me traria a conhecer o Bazar de Dona Zulmira, loja de brinquedos e variedades que havia na Rua Miguel Limaverde, na época apenas um beco típico do centro antigo do Crato, de belas casas revestidas de azulejo português, herança mais adiante desfeita na urbanização da cidade. A visita ao bazar marcaria bem os olhos de menino qual aparição mágica com mimos quase de tudo ignorados, dada a beleza dos brinquedos raros que oferecia. Isto conduzido pelas mãos do colega e amigo.
Hugo significava em Crato menino prodígio que iniciara a história de musicista logo aos seis anos de idade. Em cada sessão de arte do colégio detinha presença fiel, a executar com maestria as páginas do cancioneiro popular de maior sucesso, número apreciado nos programas de auditório das emissoras cratenses, Araripe e Educadora, atração respeitada por legião de fãs.
Seguiu carreira promissora, merecendo o apoio dos pais, que com ele montariam, nos anos 60, o grupo Ases do Ritmo, conjunto que marcou os bailes do Cariri durante fase inesquecível das tertúlias semanais, junto de Hildegardes Benício , Os Tops e Os Águias.
Além de músico virtuoso nos teclados, Hugo possui dotes para o desenho, havendo mostrado trabalhos nos Salões de Outubro de 1977 e 1978, e no Salão de Maio de 1978, em Crato, ocasiões quando auxiliei na organização dos tais eventos, e expus colagens e pinturas, o que exercitava naquele momento.
Dias atuais, e acompanho as atividades intensas de Socorro Moreira, junto de outros animadores culturais cratenses, para realizar, dia 14 de abril, no Crato Tênis Clube, a festa dos 60 anos de carreira de Hugo Linard, laurel merecido e justo, sobremodo vindo deste reconhecimento público a quem tantas emoções ocasionou durante a boa geração de contemporâneos.
A Hugo Linard o meu abraço de júbilo, satisfação e melhores sentimentos, visto o exemplo de pai de família e profissional exímio que nos lega e que lhe credencia ao destaque que usufrui nas artes da nossa Região.
Dentro da Programação da Semana do Padre Cícero, que acontecerá entre os dias 18 a 24de março, será lançado o livro “O poeta Pedro Bandeira mostra Juazeiro ao Mundo”, no dia 22, às 19h00, no Memorial Padre Cícero, e contará com apresentações artísticas: performance de André de Andrade e repentistas contextualizando o trabalho de edição do mais novo livro sobre a poesia do poeta repentista Pedro Bandeiras de Caldas, que está sendo coordenado pelo prof. Mestre em Ciências da Educação, Franco Barbosa que também é escritor. O evento conta com o apoio da Secretaria de Cultura, Secretaria de Turismo e Romaria, de Juazeiro do Norte, e Fundação Memorial Padre Cícero.
Franco Barbosa escolheu dentre os seus mais de mil cordéis e trabalhos publicados, seguindo sua própria metodologia de edição de seus livros, com capítulos e numa sequência que possa agradar o leitor. Cada capítulo vem com um tema e seus textos estão dentro de um mesmo master mind (pensamento mestre). O poeta e apresentador Wellington Costa apresentou Pedro Bandeira como ícone vivo de nossa cultura popular, destacando suas produções como as mais perfeitas nos últimos tempos aqui do Cariri.
O livro será lançado no Triângulo Crajubar, em São José de Piranhas, na Paraíba, terra onde nasceu o poeta Pedro Bandeiras; Campina Grande; Fortaleza; Natal e Brasília, na Casa do Ceará.
O projeto de edição deste livro tem como objetivo primário trazer para as novas gerações, a poesia popular mais pura, genuína e singular de Pedro Bandeira, evidenciando o valor do repentista, por realizado um trabalho de corpo a corpo no Brasil a fora, divulgando no nome do Padre Cícero, de Juazeiro e do Cariri. Uma mídia ambulante realizada nas terreiradas pelos sertões adentro, debaixo dos juazeiros, nas casas de famílias, nos clubes, na TV, no rádio, na imprensa de uma forma geral. Pedro Bandeira cantou para o Papa João Paulo II em 1980, em Fortaleza. Esteve presente a vários eventos no Palácio do Planalto, cantou para vários presidentes da República, “todavia ele está acima das questões políticas, é uma unanimidade que atrai o respeito e o carinho de quem o conhece” enfatiza o coordenador da edição Franco Barbosa.
Um livro com 135 páginas, sete capítulos, compilado dos mil cordéis lançados por Pedro Bandeira nos seus 56 anos de poesia popular. Onde a essência, o encantamento e arte deste grande repentista se tornam um fenômeno.