Abaixo, matéria publicada no jornal "Diário do Nordeste", desta 4ª feira, dia 28, sobre o 8º Encontro Cearense de Historiadores da Educação, ora em realização na cidade de Barbalha:
"O evento abre espaço para vários debates numa terra onde se encontra um núcleo de resistência da arte popular Barbalha.
O debate sobre a influência das culturas e história na Educação foi iniciado na noite de ontem, em Barbalha, com a abertura do VII Encontro Cearense de Historiadores de Educação. O evento conta com a participação de educadores de todas as universidades cearenses e Centro Pró-Memória de Barbalha. O objetivo do evento é fazer um mergulho na história local e debater questões relacionadas à cultura e afrodescendência.
A abertura do encontro aconteceu no Centro Histórico de Barbalha. Segundo os organizadores, o subtema do evento abre espaço para vários debates numa terra onde se encontra um núcleo de resistência da arte popular, com diversos grupos de tradição. O tema central “Vitrais da Memória: Lugares, Imagens e Práticas Culturais” está relacionado aos temas debatidos, voltados para o sentido de formação da sociedade, hoje e ao longo da história.
Do Cariri foram selecionados mais de 50 trabalhos a serem apresentados durante o encontro. A presença dos historiadores da Educação em Barbalha e a escolha do local se deram pelo significado histórico e cultural e também pelo apoio recebido para realização do evento. O passado de Barbalha remonta ao século XVIII e teve vínculo com a economia dos engenhos de cana-de-açúcar e a escravidão africana.
Essa ligação histórica por si só, conforme os organizadores, justifica o evento, mas traz também questões relacionadas à riqueza da própria região como o patrimônio paleontológico, a tradição indígena, expressão da religiosidade e arte popular. A professora Zuleide Fernandes Queiroz, do Departamento de Educação da Universidade Regional do Cariri (Urca), e da comissão organizadora do evento, justifica a escolha da região, por ser um pólo de desenvolvimento na área de Educação, além de ter um referencial histórico importante.
Ela cita a criação, em 1934, da Escola Normal Rural, criada pela professora Amália Xavier. Este ano, a escola estará completando 74 anos e receberá homenagem no evento.
A segunda escola do gênero foi criada no Rio de Janeiro. Também ressalta a presença de um curso a ser implantado na área de Engenharia de Operação, em Juazeiro do Norte, um dos cinco do País.
Em Barbalha, exemplos de pioneirismo, como o Gabinete de Leitura, na rua principal da cidade, e as primeiras aulas noturnas para trabalhadores. “Então, todos os avanços que o Cariri vem obtendo ao longo dos anos na área educacional faz parte de uma luta antiga”, destaca a professora. Ela justifica os avanços nos estudos da área, a partir do momento em que há maior interesse de participação dos pesquisadores.
Dados fragmentados
O encontro nasceu a partir do Núcleo de História e Memória da Universidade Federal do Ceará (UFC). São pesquisadores doutores e mestres que vem buscando catalogar a História da Educação no Ceará. Segundo Zuleide Queiroz, o que existe de escritos sobre a história ainda é muito fragmentado e tem uma visibilidade de cunho político.
A partir desses estudos muitas realidades vêm sendo construídas, com o resgate, as descobertas de aspectos importantes sobre a trajetória da Educação no Estado. A expectativa é que participem do evento cerca de 500 pessoas. A abertura ontem contou com a conferência do professor Filipe Zau, do Ministério da Educação da República de Angola, na África, com abordagem do tema “Elementos para uma História dos Afrodescendentes”.
ELIZÂNGELA SANTOS
Repórter
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