Nos últimos meses temos sido assolados por notícias acerca da crise mundial. Notamos perplexidade e preocupação. Os governos vão preparando medidas de combate. As pessoas começam a reduzir os gastos e a se preparar para os maus tempos que se avizinham. O panorama realmente não é dos mais benfazejos…
Os economistas, sempre que perguntados, confirmam a crise mas não conseguem delinear os verdadeiros contornos, nem sequer arriscam sobre a sua profundidade e sua projeção no tempo. Esses verdadeiros gurus do mundo moderno não são capazes de respostas diretas e incisivas. Edmund Burke, nas suas célebres Reflexões sobre a Revolução Francesa, acentuava o início da era dos burocratas e o fim da época heróica…
De fato vivemos uma Crise!!! Mas ela é bastante mais profunda que a econômica e incomparavelmente mais deletéria que aquela surgida da especulação financeira exacerbada dos últimos anos. Aproveito para lembrar, caros leitores, que o liberalismo de Chicago jamais concebeu um Estado omisso em termos de fiscalização. Basta lermos Friedrich von Hayek ou Milton Friedman para constatarmos suas recomendações acerca do tema… Mas o que afirmei, e repito, é que vivemos de fato uma Crise! Ela é profunda e atinge o Homem em todos os seus aspectos. Ela é terrível por destruir o que há de melhor na nossa Natureza Humana, destruindo nosso lumen rationis. Ela é horrenda por fazer o detestável, o feio, o ignóbil, serem considerados normais e até desejáveis… Sim! Não escrevo senão acerca da tremenda Crise Moral que assola a sociedade.
A Moral deve nos levar à prática da Virtude. Mas no caos em que vivemos já não se sabe muito bem o que seja a Virtude. Uma sociedade que desconhece qualquer ideia de Virtude acaba cedendo ao Vício, ou considerando Vício e Virtude em pé de igualdade. Eis um aspecto insidioso da Crise: o relativismo! O fim da vida em sociedade deve ser a vida virtuosa em comum. Posso até considerar, talvez pour épater le bourgeois, que é superior, bastante superior mesmo, a sociedade virtuosa. Superior? A que? Superior a uma sociedade rica e venal, sem princípios e sem qualquer espécie de propósito transcendente! Sociedade que considera o seu estômago seu deus. Eis o ponto da questão: uma sociedade com finalidade transcendente. Exatamente! O fundo da nossa Crise está aí. A crise econômica, misteriosa para os gurus do mundo moderno, não é nada se comparada com a imensa Crise Moral que abate há 5 séculos o Ocidente Cristão. Mas podemos chamar de Cristão um Ocidente desmoralizado?
Ibsen Noronha
Mestre em Direito pela Universidade de Coimbra
Professor de História do Direito em Brasília
Seja colaborador do Cariri Agora
CaririAgora! é o seu espaço para intervir livremente sobre a imensidão de nosso Cariri. Sem fronteiras, sem censuras e sem firulas. Este blog é dedicado a todas as idades e opiniões. Seus textos, matérias, sugestões de pauta e opiniões serão muito bem vindos. Fale conosco: agoracariri@gmail.com
quarta-feira, 21 de janeiro de 2009
Artigo: A Crise e a crise
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário