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sábado, 14 de fevereiro de 2009

Excertos da entrevista do senador Jarbas Vasconcelos à VEJA


(ATENÇÃO-leitura não recomendada aqueles que chegam ao ponto de negar até mesmo a existência do Mensalão)
Entrevista: Jarbas Vasconcelos
O PMDB é corrupto

Senador peemedebista diz que a maioria dos integrantes do seu partido só pensa em corrupção e que a eleição de José Sarney à presidência do Congresso é um retrocesso Otávio Cabral A ideia de que parlamentares usem seu mandato preferencialmente para obter vantagens pessoais já causou mais revolta. Nos dias que correm, essa noção parece ter sido de tal forma diluída em escândalos a ponto de não mais tocar a corda da indignação. Mesmo em um ambiente político assim anestesiado, as afirmações feitas pelo senador Jarbas Vasconcelos, de 66 anos, 43 dos quais dedicados à política e ao PMDB, nesta entrevista a VEJA soam como um libelo de alta octanagem. Jarbas se revela decepcionado com a política e, principalmente, com os políticos. Ele diz que o Senado virou um teatro de mediocridades e que seus colegas de partido, com raríssimas exceções, só pensam em ocupar cargos no governo para fazer negócios e ganhar comissões. Acusa o ex-governador de Pernambuco: "Boa parte do PMDB quer mesmo é corrupção".

O que representa para a política brasileira a eleição de José Sarney para a presidência do Senado?
-É um completo retrocesso. A eleição de Sarney foi um processo tortuoso e constrangedor. Havia um candidato, Tião Viana, que, embora petista, estava comprometido em recuperar a imagem do Senado. De repente, Sarney apareceu como candidato, sem nenhum compromisso ético, sem nenhuma preocupação com o Senado, e se elegeu. A moralização e a renovação são incompatíveis com a figura do senador.(...) Sarney vai transformar o Senado em um grande Maranhão. O senhor é um dos fundadores do PMDB.

Em que o atual partido se parece com aquele criado na oposição ao regime militar?
- Em nada. Eu entrei no MDB para combater a ditadura, o partido era o conduto de todo o inconformismo nacional. Quando surgiu o pluripartidarismo, o MDB foi perdendo sua grandeza. Hoje, o PMDB é um partido sem bandeiras, sem propostas, sem um norte. É uma confederação de líderes regionais, cada um com seu interesse, sendo que mais de 90% deles praticam o clientelismo, de olho principalmente nos cargos. Para fazer negócios, ganhar comissões. Alguns ainda buscam o prestígio político. Mas a maioria dos peemedebistas se especializou nessas coisas pelas quais os governos são denunciados: manipulação de licitações, contratações dirigidas, corrupção em geral. A corrupção está impregnada em todos os partidos. Boa parte do PMDB quer mesmo é corrupção. O senhor sempre foi elogiado por Lula. Foi o primeiro político a visitá-lo quando deixou a prisão, chegou a ser cotado para vice em sua chapa.

O que o levou a se tornar um dos maiores opositores a seu governo no Congresso?
-Quando Lula foi eleito em 2002, eu vim a Brasília para defender que o PMDB apoiasse o governo, mas sem cargos nem benesses. Era essencial o apoio a Lula, pois ele havia se comprometido com a sociedade a promover reformas e governar com ética. Com o desenrolar do primeiro mandato, diante dos sucessivos escândalos, percebi que Lula não tinha nenhum compromisso com reformas ou com ética. (...) O grande mérito de Lula foi não ter mexido na economia. Mas foi só. O país não tem infraestrutura, as estradas são ruins, os aeroportos acanhados, os portos estão estrangulados, o setor elétrico vem se arrastando. A política externa do governo é outra piada de mau gosto. Um governo que deixou a ética de lado, que não fez as reformas nem fez nada pela infraestrutura agora tem como bandeira o PAC, que é um amontoado de projetos velhos reunidos em um pacote eleitoreiro. É um governo medíocre. O marketing e o assistencialismo de Lula conseguem mexer com o país inteiro. Imagine isso no Nordeste, que é a região mais pobre. Imagine em Pernambuco, que é a terra dele. Ele fez essa opção clara pelo assistencialismo para milhões de famílias, o que é uma chave para a popularidade em um país pobre. O Bolsa Família é o maior programa oficial de compra de votos do mundo. (trata-se de )um benefício imediato e uma consequência futura nefasta, pois o programa não tem compromisso com a educação, com a qualificação, com a formação de quadros para o trabalho. Em algumas regiões de Pernambuco, como a Zona da Mata e o agreste, já há uma grande carência de mão-de-obra. Famílias com dois ou três beneficiados pelo programa deixam o trabalho de lado, preferem viver de assistencialismo.

A oposição está acuada pela popularidade de Lula?
-Eu fui oposição ao governo militar como deputado e me lembro de que o general Médici também era endeusado no Nordeste. Se Lula criou o Bolsa Família, naquela época havia o Funrural, que tinha o mesmo efeito. Mas ninguém desistiu de combater a ditadura por isso. Por que há essa banalização dos escândalos? O escândalo chocava até cinco ou seis anos atrás. A corrupção sempre existiu, ninguém pode dizer que foi inventada por Lula ou pelo PT. Mas é fato que o comportamento do governo Lula contribui para essa banalização. Ele só afasta as pessoas depois de condenadas, todo mundo é inocente até prova em contrário.

4 comentários:

Armando Rafael disse...

Em meio à mediocridade do atual cenário político brasileiro, a entrevista do senador Jarbas Vasconcelos – homem íntegro e político sério – é um lenitivo para os que não perderam a capacidade de indignar-se ante tantos abusos originados nos gabinetes oficiais em Brasília.

Édio de Freitas Mello disse...

Parabéns! Precisamos dar ouvidos aos verdadeiros brasileiros. Precisamos revalorizar a cultura nacional.

Arte...Ecos...espelhos! disse...

A entrevista de Jarbas Barbosa á revista Veja fez meu sabado chuvoso,iluminado.
Gostaria de não estar sendo credula demais em pensar que alguem nessa politica ridicula tem um pouco de respeito por nós,povo brasileiro e que essa revista abrisse a todos ,pelo menos na internet a leitura desta entrevista corajosa!

Lucio disse...

Não tenho queixas a respeito da honestidade e do caráter do Senador Jarbas Vasconcelos (E sou auditor do TCE-PE há quinze anos, portanto, estive "em ação" quando o mesmo governou meu Estado).
Quanto à sua entrevista, também posso exaltar a lucidez e sinceridade demonstradas.
No entanto, cabe um alerta: por sobre essa honestidade e sinceridade, repousam idéias retrógradas e um radicalismo que fariam do PMDB um novo PRONA. Cuidado com esse súbito crescimento de popularidade de mais um velho cacique que esmagou a esquerda em Pernambuco por mais de uma década.