Por que é tão difícil compreender textos escritos em Portugal? Por que o Português de Portugal é diferente do nosso? Para que adotar um Novo Acordo Ortográfico?
Refletindo essas e outras perguntas, percebeu-se a importância em unificar o nosso idioma, o único que permitia duas ortografias oficiais e, por isso, prejudicava a redação de documentos e tratados internacionais e dificultava a divulgação e a promoção do idioma e a publicação de obras de interesse público. Era o que defendia o filósofo Antônio Houaiss, o principal responsável pelo processo de unificação aqui, no Brasil.
O Novo Acordo Ortográfico abrange Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Timor Leste, Brasil e Portugal.
No Brasil, calcula-se a alteração em 0,5% do total de palavras, abordando, principalmente, o trema, algumas regras de acentuação e de hífen e o acréscimo das letras k, w e y. O trema é simplesmente abolido, embora a pronúncia continue a mesma. O acento agudo de ditongos abertos ei e oi das paroxítonas também desaparece, então, temos agora assembleia e ideia. As palavras homófonas não terão mais o acento diferenciador, como pára (verbo) e para (preposição), exceto pôr (verbo) e por (preposição), têm (verbo no plural) e tem (verbo no singular) e pôde (verbo no passado) e pode (verbo no presente). Desaparece também o acento circunflexo nas palavras terminadas em oo e ee : voo, enjoo, leem. O hífen também deixa de ser empregado em alguns casos, dentre os quais quando o prefixo termina em vogal, e o segundo elemento começa com as consoantes s e r. Nesse caso a consoante é dobrada.
Teremos então palavras como antissocial e contrarregra. Se a última letra do primeiro elemento for diferente da do segundo, o hífen também sai, ficando semiárido e infraestrutura. Mas, se a última letra do primeiro elemento for uma vogal igual à primeira do segundo, emprega-se o hífen e teremos micro-ondas e anti-inflamatório. Esses são somente alguns exemplos.
A repercussão do Novo Acordo Ortográfico faz surgirem várias criticas, principalmente quanto ao termo "unificado", pois se levantam questionamentos a respeito do abismo existente entre os dois principais países lusófonos, mas vale esclarecer que, com o Novo Acordo, a diferença será apenas fonológica, assim como já há entre regiões dentro do Brasil.
Outras críticas vêm de Portugal. Há até Manifesto-Petição on-line rejeitando a adoção do Acordo. Eles questionam as motivações e temem os resultados que, segundo os portugueses, beneficiarão o Brasil, porque o poderio das editoras brasileiras passarão a concorrer com as portuguesas no mercado africano.
Quanto à política, o questionamento é o benefício que a unificação trará para ela e para a diplomacia dos países lusófonos. A ONU (Organização das Nações Unidas) pode adotar a Língua Portuguesa como oficial, o que seria uma estratégia para o reconhecimento e a promoção dos países participantes da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa), principalmente no momento da defesa da posição do Brasil como membro efetivo do Conselho de Segurança da ONU.
Não é preciso preocupação em aprender apressadamente as regras. O prazo para adaptação é de até 31 de dezembro de 2012 (em livros, vestibulares, provas e concursos públicos). Aconselham-se um estudo das novas regras nos manuais que já estão à venda nas bancas e livrarias e um cuidado especial nas escolas, ao repassar o Novo Acordo.
Nair Cristina Cartaxo Leite.
Lingüista (UNICEUMA - Centro Universitário do Maranhão), professora de pós-graduação e Especialista em Língua Portuguesa e Literatura (Faculdade Atenas Maranhense).
Texto publicado na edição de hoje do Jornal do Cariri.
imagem: http://img522.imageshack.us/img522/4028/acordoortograficogf3.jpg
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terça-feira, 17 de março de 2009
Artigo: "O Novo acordo orotográfico"
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