Magali, minha mulher, costuma dizer que quando eu era criança bebi muito “água de chocalho”. Isto porque gosto de conversar com os amigos, contar os mais novos “causos”, enfim, jogar conversa fora. Principalmente quando ela deseja voltar para casa, após alguma reunião, ou mesmo na Igreja, terminada a missa. Com isto não me livro de pronunciar algumas besteiras, cometer algumas “gafes”, como diriam os mais grã-finos.
Há alguns dias, fomos convidados para jantar na casa do sogro de um dos meus filhos, que é caririense de Barbalha. A certa altura da conversa, o assunto enveredou sobre o famoso poeta cratense Zé de Matos, que no final do século XIX e inicio do século passado perambulava pelos pés de serra do Crato até Barbalha, bebendo cachaça e nos intervalos da bebedeira, trabalhando em tudo que era engenho de rapadura, pois era um dos melhores mestres do Cariri. Lembrei que meu pai, quando criança, conheceu Zé de Matos e sabia de cor muitos dos seus famosos diálogos versejados, como o que ele travou com o Quintiliano, acredito que no engenho de seu avô, o “Papai Zeco” dos Currais. Entre um verso e outro, referi-me a um diálogo entre o famoso historiador cratense José Carvalho e Zé de Matos, contido em “O Matuto Cearense e Caboclo do Pará”. Quando passavam à cavalo pelo Sítio Brito, em Barbalha, o historiador era acompanhado por Zé de Matos. Ao avistarem uma bela casa na encosta da serra, o professor José Carvalho indagou: “De quem é aquela casa, tão bonita?” Então, eu declamei com voz um tanto quanto empostada, a resposta de Zé de Matos:
Quando concluí, olhei para o meu anfitrião, e ele com muita serenidade, me respondeu: “Vicente Coelho era o meu avô.” Que mancada, havia esquecido que o homem era Coelho... Mordi a língua, como aconselhava minha mãe: “Quem muito abre a boca, termina mordendo a língua”
Por Carlos Eduardo Esmeraldo
Há alguns dias, fomos convidados para jantar na casa do sogro de um dos meus filhos, que é caririense de Barbalha. A certa altura da conversa, o assunto enveredou sobre o famoso poeta cratense Zé de Matos, que no final do século XIX e inicio do século passado perambulava pelos pés de serra do Crato até Barbalha, bebendo cachaça e nos intervalos da bebedeira, trabalhando em tudo que era engenho de rapadura, pois era um dos melhores mestres do Cariri. Lembrei que meu pai, quando criança, conheceu Zé de Matos e sabia de cor muitos dos seus famosos diálogos versejados, como o que ele travou com o Quintiliano, acredito que no engenho de seu avô, o “Papai Zeco” dos Currais. Entre um verso e outro, referi-me a um diálogo entre o famoso historiador cratense José Carvalho e Zé de Matos, contido em “O Matuto Cearense e Caboclo do Pará”. Quando passavam à cavalo pelo Sítio Brito, em Barbalha, o historiador era acompanhado por Zé de Matos. Ao avistarem uma bela casa na encosta da serra, o professor José Carvalho indagou: “De quem é aquela casa, tão bonita?” Então, eu declamei com voz um tanto quanto empostada, a resposta de Zé de Matos:
Você conhece os Coeios,
Proprietários do Brito,
Homens que são muito rico,
Mas são danados de feio?”
Essa casa é de um Coeio;
É do Coeio Vicente.
Que é de todos o mais feio
E tem um pézim doente!
Proprietários do Brito,
Homens que são muito rico,
Mas são danados de feio?”
Essa casa é de um Coeio;
É do Coeio Vicente.
Que é de todos o mais feio
E tem um pézim doente!
Quando concluí, olhei para o meu anfitrião, e ele com muita serenidade, me respondeu: “Vicente Coelho era o meu avô.” Que mancada, havia esquecido que o homem era Coelho... Mordi a língua, como aconselhava minha mãe: “Quem muito abre a boca, termina mordendo a língua”
Por Carlos Eduardo Esmeraldo
Um comentário:
Carlos,
O pior de uma gafe, como essa, é querer consertá-la. E não dá pra consertar o que é irremediável.
Portanto, bola pra frente!
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