... "se todo mundo sambasse seria tão fácil viver".
Por Zé Nilton
Ontem, comemorou-se, em todo o Brasil, o Dia Nacional do Samba. Claro que não houve nenhum evento oficial, com palanque, discursos, fogos e samba, muito samba. Mas, nalgum lugar desse grande país, naqueles redutos em que a Música Popular Brasileira é vivenciada e respeitada, claro que a turma lembrou e sambou, e sambou pra valer.
Alguns canais de televisão comerciais e não comerciais até que prestaram homenagens a esse dia. Saiu na Globo, e parece que isto é muito. Nas rádios daqui, nada. Lá pelo sudeste o Dia do Samba é mais lembrado.
Na crônica da MPB há quem aceite e quem não aceite esta data como o marco comemorativo do mais predileto dos ritmos brasileiros. Uns apontam outros eventos importantes que deveriam marcar este dia, como a data de nascimento de Tia Ciata, uma destacada baiana do Rio, cuja casa se tornou um ponto de referência dos adeptos do partido alto e do samba rasgado. Diz-se até que fora ali que classificaram o ritmo como samba. Outros, por seu turno, querem crer que seria mais representativo para a comemoração o dia 16 de dezembro, quando em 1916, Donga (Ernesto dos Santos), registra, como de sua autoria, na Biblioteca Nacional, a música “Pelo Telefone”, lançada em 1917, marcando o primeiro samba gravado no Brasil. Por fim, ainda há na crônica musical do Brasil quem defenda a data de 12 de agosto, de 1928, quando Ismael Silva e os Bambas do Estácio fundaram a primeira escola de samba, a “Deixa Falar”, hoje, a Escola de Samba do Estácio. Mas o Dia do Samba, foi constituído pela Câmara de Vereadores de Salvador, em 1940, como parte das solenidades em torno da visita do compositor Ary Barroso, no dia 02 de dezembro, que nunca havia estado na Bahia. Era uma forma de retribuição ao autor pelo samba “ Na baixa do sapateiro”.
E continuam as divergências. Quanto ao Samba como termo e como ritmo, pelo menos há três versões. Dar-se notícia do termo e, claro, se há o nome é porque existe o ritmo, entre os Indios Tapuias do alto sertão nordestino – os Cariris. No livro “Arte e Gramática da Lingua Brasílica da Naçam Kiriri, de autoria do padre Luis Vincêncio Mamiani, editado em Lisboa, em 1699, falava-se o termo sâmbá como expressão significativa de uma certa dança. Já Luís da Câmara Cascudo assegura que samba vem de semba, umbigo, no idioma africano angolês.
Há uma versão um tanto curiosa, por que hilária, sobre a origem do Samba. Francisco Guimarães (1875-1947), o velho “Vagalume”, misto de capitão da Guarda Nacional, repórter do JB e cronista carnavalesco, escreveu no seu livro “Roda de Samba”, reeditado pela FUNARTE em 1978, que a origem do samba foi mesmo na Bahia, e vem de duas palavras africanas: SAM - que quer dizer PAGUE e BA - que quer dizer RECEBA. Conta uma estória comprida, que vou tentar resumir.
Diz que havia, na Bahia, uma família de escravos. No tempo da alforria, houve um desentendimento do pai com um dos filhos. Este foi para o Norte e o pai ficou, conseguiu a “liberdade” e até enricou. O filho volta com muito dinheiro e tenta pedir perdão ao pai. Este não o quer perdoar. Então, o “conselho de anciãos”, chamado de “conclave” se reune e tenta convencer o pai a aceitar o filho pródigo. Quando o filho se aproxima do pai, pedindo-lhe perdão e oferecendo-lhe uma grande quantidade de dinheiro, como pagamento pelo seu imperdoável ato, o pai, mesmo assim, não o quer receber. Daí, a turma do conclave, que está em volta dos dois, achando que o pai não estava correto, divide-se em dois grupos, e começa a bater no chão com os pés, e com as mão, as palavras:
- SAM ! ... ( pague)
- BA ! ... (receba)
As pessoas presentes começara a repetir:
SAM! BA!
O autor termina sua estória dizendo: “Em seguida, pela pacificação da família, que era muito conceituada, todos cantaram e dançaram repetindo sempre: SAM! BA!
E aí está a origem do Samba”.
No Prograqma COMPOSITORES DO BRASIL, vamos homenagear o Samba, com as seguintes músicas:
Pelo telefone), de Donga e Mauro de Almeida
Samba da Bênção, de Baden Power / Vinícus de Morais, com Vinícius de Moraes
Samba Aristocrático, José Dilermano / Moreira da Silva, com Moreira da Silva
Saudade do Samba, de Fernando Lobo/ Paulo Soledade, com Mário Reis
Samba da MinhaTerra, Dorival Caymmi, com João Gilberto
Argumento, de Paulinho da Viola, com Paulinho da Viola
Pra que Discutir com Madame?, Janete de Almeida, com Rosa Passos
A Voz do Morro – eu sou o samba – de Zé Keti, com Luiz Melodia
Tem Mais Samba, Chico Buarque, com Chico Buarque
E Lá Vou Eu, João Nogueira, com João Nogueira
Apoteose ao Samba, de Silas de Oliveira / Mano Décio da Viola, com Paulinho da Viola.
Quem ouvir, verá!
Programa: Compositores do Brasil
Rádio Educadora do Cariri
Pesquisa, produção e apresentação de Zé Nilton
Todas as quintas de 14 às 15 horas
Por Zé Nilton
Ontem, comemorou-se, em todo o Brasil, o Dia Nacional do Samba. Claro que não houve nenhum evento oficial, com palanque, discursos, fogos e samba, muito samba. Mas, nalgum lugar desse grande país, naqueles redutos em que a Música Popular Brasileira é vivenciada e respeitada, claro que a turma lembrou e sambou, e sambou pra valer.
Alguns canais de televisão comerciais e não comerciais até que prestaram homenagens a esse dia. Saiu na Globo, e parece que isto é muito. Nas rádios daqui, nada. Lá pelo sudeste o Dia do Samba é mais lembrado.
Na crônica da MPB há quem aceite e quem não aceite esta data como o marco comemorativo do mais predileto dos ritmos brasileiros. Uns apontam outros eventos importantes que deveriam marcar este dia, como a data de nascimento de Tia Ciata, uma destacada baiana do Rio, cuja casa se tornou um ponto de referência dos adeptos do partido alto e do samba rasgado. Diz-se até que fora ali que classificaram o ritmo como samba. Outros, por seu turno, querem crer que seria mais representativo para a comemoração o dia 16 de dezembro, quando em 1916, Donga (Ernesto dos Santos), registra, como de sua autoria, na Biblioteca Nacional, a música “Pelo Telefone”, lançada em 1917, marcando o primeiro samba gravado no Brasil. Por fim, ainda há na crônica musical do Brasil quem defenda a data de 12 de agosto, de 1928, quando Ismael Silva e os Bambas do Estácio fundaram a primeira escola de samba, a “Deixa Falar”, hoje, a Escola de Samba do Estácio. Mas o Dia do Samba, foi constituído pela Câmara de Vereadores de Salvador, em 1940, como parte das solenidades em torno da visita do compositor Ary Barroso, no dia 02 de dezembro, que nunca havia estado na Bahia. Era uma forma de retribuição ao autor pelo samba “ Na baixa do sapateiro”.
E continuam as divergências. Quanto ao Samba como termo e como ritmo, pelo menos há três versões. Dar-se notícia do termo e, claro, se há o nome é porque existe o ritmo, entre os Indios Tapuias do alto sertão nordestino – os Cariris. No livro “Arte e Gramática da Lingua Brasílica da Naçam Kiriri, de autoria do padre Luis Vincêncio Mamiani, editado em Lisboa, em 1699, falava-se o termo sâmbá como expressão significativa de uma certa dança. Já Luís da Câmara Cascudo assegura que samba vem de semba, umbigo, no idioma africano angolês.
Há uma versão um tanto curiosa, por que hilária, sobre a origem do Samba. Francisco Guimarães (1875-1947), o velho “Vagalume”, misto de capitão da Guarda Nacional, repórter do JB e cronista carnavalesco, escreveu no seu livro “Roda de Samba”, reeditado pela FUNARTE em 1978, que a origem do samba foi mesmo na Bahia, e vem de duas palavras africanas: SAM - que quer dizer PAGUE e BA - que quer dizer RECEBA. Conta uma estória comprida, que vou tentar resumir.
Diz que havia, na Bahia, uma família de escravos. No tempo da alforria, houve um desentendimento do pai com um dos filhos. Este foi para o Norte e o pai ficou, conseguiu a “liberdade” e até enricou. O filho volta com muito dinheiro e tenta pedir perdão ao pai. Este não o quer perdoar. Então, o “conselho de anciãos”, chamado de “conclave” se reune e tenta convencer o pai a aceitar o filho pródigo. Quando o filho se aproxima do pai, pedindo-lhe perdão e oferecendo-lhe uma grande quantidade de dinheiro, como pagamento pelo seu imperdoável ato, o pai, mesmo assim, não o quer receber. Daí, a turma do conclave, que está em volta dos dois, achando que o pai não estava correto, divide-se em dois grupos, e começa a bater no chão com os pés, e com as mão, as palavras:
- SAM ! ... ( pague)
- BA ! ... (receba)
As pessoas presentes começara a repetir:
SAM! BA!
O autor termina sua estória dizendo: “Em seguida, pela pacificação da família, que era muito conceituada, todos cantaram e dançaram repetindo sempre: SAM! BA!
E aí está a origem do Samba”.
No Prograqma COMPOSITORES DO BRASIL, vamos homenagear o Samba, com as seguintes músicas:
Pelo telefone), de Donga e Mauro de Almeida
Samba da Bênção, de Baden Power / Vinícus de Morais, com Vinícius de Moraes
Samba Aristocrático, José Dilermano / Moreira da Silva, com Moreira da Silva
Saudade do Samba, de Fernando Lobo/ Paulo Soledade, com Mário Reis
Samba da MinhaTerra, Dorival Caymmi, com João Gilberto
Argumento, de Paulinho da Viola, com Paulinho da Viola
Pra que Discutir com Madame?, Janete de Almeida, com Rosa Passos
A Voz do Morro – eu sou o samba – de Zé Keti, com Luiz Melodia
Tem Mais Samba, Chico Buarque, com Chico Buarque
E Lá Vou Eu, João Nogueira, com João Nogueira
Apoteose ao Samba, de Silas de Oliveira / Mano Décio da Viola, com Paulinho da Viola.
Quem ouvir, verá!
Programa: Compositores do Brasil
Rádio Educadora do Cariri
Pesquisa, produção e apresentação de Zé Nilton
Todas as quintas de 14 às 15 horas
Por José Nilton Figueiredo (para o Blog do Crato)
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