
Por que ninguém não se sensibiliza com essa situação? O egoísmo está tão impregnado na sociedade que ninguém se abre para a solidariedade. Vemos pessoas com o coração tão fechado para o outro que são contra as políticas para distribuição de renda. Programas de governo para diminuir a fome são sempre combatidos pelas elites dominantes.
Somos pais e mães que não gostaríamos de ver nossos filhos passarem fome. Portanto, devemos entender que todos nós somos filhos de Deus. Toda a população do mundo tem direito ao alimento. Mas são bilhões de pessoas que passam fome no mundo todo. Observamos que tem gente muito rica que é infeliz. Por que será isso? Porque a fonte da felicidade é o amor e não o dinheiro.
Quando há grandes catástrofes, como a do Haiti e recentemente a do Chile, a solidariedade se manifesta através dos países que enviam alimentos e dinheiro para os sobreviventes. Entretanto, é importante que sejamos solidários em todos os momentos da nossa vida. Se nós partilhássemos um pouco do que temos com alguém que passa fome, estaríamos exercitando o amor ao próximo e contribuindo para acabar com a fome no mundo. Se estiver sobrando alimento na nossa mesa é porque falta na de alguém.
É uma pena que nem todo mundo conheça a mensagem de Jesus que é libertadora. Segundo uma missionária católica que trabalha na África, três bilhões de pessoas nunca ouviram falar de Jesus. Se toda a população do mundo conhecesse a mensagem de Jesus e a colocasse em prática, o mundo seria muito mais humano, mais justo, e solidário. E não teria tanta gente passando fome, nem tantas guerras, que também são causas da fome no mundo.
O Evangelho de Jesus Cristo narrado por Lucas relata o milagre da partilha que é a multiplicação dos pães. (Lc. 9,10-17). Quando Jesus estava numa cidade chamada Betsaida, a multidão o seguia e Ele falava para ela sobre o Reino de Deus e curava os doentes. Como já estava ficando tarde os doze apóstolos pediram a Jesus que despedisse a multidão, para que ela fosse arranjar comida e procurar alojamento no povoado vizinho, pois estavam num lugar deserto. Mas Jesus disse que eram eles que tinham de lhes dar o que comer. Os discípulos disseram que só tinham cinco pães e dois peixes. E responderam que poderiam ir comprar comida, para toda a gente. Havia ali, mais ou menos cinco mil homens. Jesus pediu aos discípulos que mandassem o povo sentar em grupos de cinqüenta. Depois Ele pegou os cinco pães e os dois peixes, ergueu os olhos para o céu, pronunciou a bênção sobre eles e os partiu. Em seguida entregou para os discípulos que iam distribuindo para toda a multidão. Foram suficientes para que todos ficassem satisfeitos e ainda foram recolhidos doze cestos com os pedaços que sobraram.
O milagre da multiplicação dos pães ocorreu no deserto. O povo foi saciado pelo alimento que é dom de Deus. Mas Jesus deu oportunidade aos seus discípulos para organizarem o povo para que recebessem o alimento e ficassem saciados. Os discípulos se preocuparam em comprar alimento. Mas onde iriam arranjar dinheiro para comprar comida para tanta gente? E Jesus lhes disse: “vocês é que têm que lhes dar o que comer”. Como podemos entender essas palavras? O Evangelho é anúncio, cura e alimento material para todos. O que Jesus desejava era mudar a relação do poder de compra para uma relação de partilha. Pois quando cada um reparte o que tem, nem que seja um pouco, todos ficam saciados e ainda sobra. Diferente da acumulação, onde poucos têm tudo e a maioria nada. Jesus continua a anunciar o Reino de Deus através da palavra e da ação e mostra que é a favor da partilha e contra a acumulação.
Por que Jesus é contra a acumulação? A resposta é simples, é porque a acumulação gera a riqueza que cria a pobreza. Podemos afirmar que nos dias de hoje Jesus seria contra o capitalismo. Basta observar nesse relato, a quantidade de pessoas que acompanhava Jesus para ouvir suas palavras libertadoras. Toda essa multidão era de pobres que vinham depositar confiança e esperança nas palavras de Jesus, que falava tanto do pão espiritual, quanto do pão material.
Seria maravilhoso que hoje as pessoas fossem educadas para a prática da partilha em vez de acumular. Através da partilha as necessidades de todos seriam atendidas; saúde, educação, habitação, alimentação, justiça e paz. Era o Reino de Deus de que Jesus tanto falava. Ele queria transformar a sociedade individualista em uma sociedade de partilha.
Infelizmente a sociedade em que vivemos está impregnada de falsos valores como o ter, o poder e o prazer. Como seria bom se vivêssemos numa sociedade solidária, em que todos soubessem partilhar e distribuir as riquezas. Assim sendo, todos viveriam com dignidade, conforme a vontade de Deus.
Por Magali de Figueiredo Esmeraldo
Nenhum comentário:
Postar um comentário