Craig Venter é bem uma verdade antropológica que supera esquemas filosóficos excessivamente determinísticos. Basta que se ponha Donald Francis em confronto com aquele biólogo ambicioso, cujo maior desejo era se tornar bilionário e famoso numa única tacada. Venter e Francis fizeram suas vidas na mesma matriz de ambições e concentração de poderes que são os EUA. Venter foi por um rumo e Francis por outro. Mesmo que estuários do mesmo do “destino confesso” isso faz uma enorme diferença.
Craig Venter olha para o mundo como uma massa amorfa a se dar forma. E ele deseja sozinho ser escultor desta massa, traduzindo o mesmo vício imperial do seu país. E tem mais, e isso é importantíssimo, pois nem toda crítica deseja superar uma ordem injusta para implantar outra mais democrática. Ele se torna famoso e milionário (mas o objetivo é ser bilionário) justamente porque baixou a lenha sobre a burocrática estrutura pública dedicada à decifração do código genético humano. Só que o objetivo do pequeno ditador era simplesmente criar uma estrutura de exploração humana sobre aquilo que era a sua essência no sentido mesmo da metafísica, embora à primeira vista não pareça. Ele simplesmente desejava controlar o código genético humano. Como agora vem com mais esta jogada da chamada “vida artificial”.
O modelo empresarial dos antigos médicos de Hitler ao patentear o código genético humano teria direito a um naco de cada ser humano. Isso significa que daí em diante qualquer conhecimento sobre biotecnologia e farmacologia de natureza humana, de alguma forma, iria pagar pedágio a esta versão da Microsoft na biotecnologia. Neste ponto Craig Venter seguia o modelo esperto dos softwares proprietário que diariamente tomam “impostos” de milhões de operações banais em computadores pessoais. Este Bill Gates da biotecnologia é um ser especialmente a ser combatido,denunciado e expostas as suas contradições.
Não me esqueci do Don Francis. O Craig Venter tem sua ambição forjada como biológico do exército americano na guerra do Vietnã. Em corpos mutilados por armas de fogo e armadilhas rústica dos Vietcongues. Já o Don participou na erradicação da varíola em três continentes (Ásia, África e Europa), esteve no controle da epidemia de Ebola na África, foi um dos pioneiros no estudo da vacina contra a Hepatite B nos EUA e China e depois participou dos estudos que traduziu a epidemia de AIDs e inclusive do seu agente viral, tendo sido um dos primeiros cientistas a revelarem o modelo da etiologia viral da síndrome.
Donald Francis foi do CDC (Crontol Disease Center) e sempre trabalhou na saúde pública americana, tendo sido aposentado por pressão de Bush Jr. Já Creig quando saiu do exército americano se dedicou às empresas privadas, procurando o mesmo modelo de poder de Bill Gates. Enquanto Don viveu na periferia do mundo, se expondo em nome de uma vontade coletiva, inclusive da Organização Mundial de Saúde, o Creig percebendo o boom econômico dos EUA após a década de 70, foi para sofisticados e esterilizados laboratórios coordenar cientistas, enquanto noutra ponta penetrou o mundo da bolsa de valores prometendo remunerar capitais numa escala jamais vista.
O que a aventura de Don Francis afinal leva é uma fragilidade empresarial em tudo que ele se meteu no setor privado. Agora mesmo busca uma vacina para a Dengue,certamente ganhará muito dinheiro e remunerará os capitais investidos, mas ainda se encontra numa escala limitada do controle humano. A patente um dia cai e o mundo fica beneficiado com a vacina. Já o que Creig deseja é simplesmente o poder, absoluto, irresoluto das suas decisões, que ao longo do tempo degeneram em vontades periféricas que se prestam apenas aos humores patológicos deste tipo de poder.
Aí não existe mais progresso humano, tudo se resume meramente à exploração econômica, científica e cultural. Com estes códigos revelados, não tenhamos dúvidas, virão uma série de normas antropológica a serviço de alguma área de exploração e padronizando o que antes eram oportunidades naturais ou induzidas. Um sujeito com um poder deste é horizonte finito das possibilidades humanas.
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