A volta de Miguel Arraes ao Crato
Casa de Dona Benigna, mãe de Miguel Arraes (foto capturada do Cariricaturas)
Em 1979, após a Lei da Anistia ter sido aprovada no Congresso Nacional, centenas de exilados começaram a retornar ao Brasil, dentre eles os ex-governadores Leonel Brizola e Miguel Arraes. Lembro bem dessa época, pois ainda menino, despertava para a história política do país, com grande curiosidade pelas coisas mais recente e próximas.
Lembro com nitidez dos acontecimentos daquela época. A volta do pluripartidarismo, com as siglas que eram anunciadas: PMDB, PDS, PP, PDT, PT e o então legalizado PCB. O debate voltava a fluir, com a distensão do regime e os lançamentos editoriais que ajudavam a construir a memória da luta contra a ditadura. Um livro, particularmente, chamou-me atenção e ajudou na minha formação política: Carbonários, Memória de uma Guerrilha Perdida, de Alfredo Sirkys.
Melhor que o passado escrito era o passado que voltava ao vivo e em cores. Lembro, assim, com riqueza de detalhes, da volta triunfal de Miguel Arraes ao Crato, para reencontrar, depois de 15 anos, sua mãe, dona Benigna. Era sábado, por volta do meio-dia quando ele chegou à casa localizada no início da rua Dr. João Pessoa, que estava lotada de gente, espalhada pelo enorme jardim, pela sala, cozinha e quartos. Antes, ele percorreu algumas ruas em carro-aberto, à frente de uma carreata, saudado pelo povo.
Fui para este evento porque Arraes sempre foi um nome familiar. Meu pai, durante a permanência de Miguel Arraes no exílio, na Argélia, dava assistência à sua mãe e irmãs que residiam no Crato. Como era leitor assíduo de jornais e revistas, papai colecionava toda e qualquer referência a Miguel Arraes e repassava para elas. Quando retornou, Miguel Arraes, em cortesia, ofereceu ao meu pai o livro Jogos do Poder, de sua autoria, com dedicatória e agradecimento.
Tenho este livro sob a minha guarda. Bem guardado e com carinho
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