Segundo o jornal "El País", Correa confirmou a morte de um policial, que apoiava o governo, durante a operação para resgatá-lo do hospital. Houve troca de tiros e outras 27 pessoas ficaram feridas. Além do policial, um civil morreu nos enfrentamentos nas ruas de Quito, que deixaram centenas de feridos.
Nesta quinta-feira, centenas de agentes das forças de segurança do Equador saíram às ruas da capital Quito e ao menos outras duas cidades em um protesto em massa contra uma lei do governo que limitou os benefícios econômicos a militares e policiais. O aeroporto de Quito foi fechado e suas operações canceladas após uma pista ser tomada por cerca de 120 militares que estariam apoiando os protestos e a imprensa equatoriana afirma que policiais tomaram a sede do Congresso.
O governo decretou estado de exceção nacional por uma semana, e deixou a segurança nacional a cargo das Forças Armadas.
Renúncia - O comandante da polícia do Equador, general Freddy Martínez, renunciou ao cargo na madrugada de hoje. Segundo a agência Frace Presse, o general tentou sufocar a rebelião dos policiais no início do dia de ontem, mas não conseguiu. Martínez teve de abandonar o principal batalhão de Quito após este ser tomado pelos rebelados.
Em seu discurso após ser regatado, Correa afirmou que irá punir os policiais rebelados e que "não haverá perdão, nem esquecimento".
O presidente também afirmou que os rebelados que o mantiveram preso no hospital durante 12 horas planejavam matá-lo.
Mais cedo, ao tentar dialogar, Correa foi agredido, sendo atingido por bombas de gases lacrimogêneos. Logo depois, ele foi levado a um hospital militar. Em entrevista por telefone, ele tinha dito que não autorizava uma operação para resgatá-lo do local --onde estaria "refém" dos manifestantes-- porque queria "evitar derramamento de sangue" no país.
Anteriormente, Correa já havia advertido aos policiais que não cederia ante os protestos da polícia. "Não darei nenhum passo atrás. Se quiserem, tomem os quartéis, se quiserem deixar a cidadania indefesa e se quiserem trair sua missão de policiais", afirmou ele em um acalorado discurso ante dezenas de militares que tomaram o principal regimento de Quito.
"Se quiserem matar o presidente, aqui estou, matem-no se tiverem vontade, matem-no se tiverem poder, matem-no se tiverem coragem."
Para resgatá-lo, o Exército do Equador e os policiais rebelados trocaram tiros nas redondezas do hospital. Os militares tentavam romper o bloqueio dos rebelados. A imprensa local relata que caminhões militares foram usados na ação.
Enquanto Correa permanecia isolado, nas ruas em torno do hospital na capital equatoriana os policiais entraram em confronto com a população, que tentava chegar ao prédio onde o presidente está internado.
"É um enfrentamento do povo contra o povo", disse um dos participantes do protesto onde é possível ouvir frases como "policiais corruptos, não enfrentem o povo com armas, o povo vem de mãos limpas".
"O povo unido jamais será vencido, aqui vem o povo", gritavam enquanto tentavam superar a barreira de policiais que estão do lado de fora do hospital.
Na passeata, as pessoas, algumas com paus e bandeiras, lançam palavras de apoio a Correa e entre elas estão, inclusive, cadeirantes, crianças e idosos, relata a agência Efe.
"Estamos aqui de pé na luta pela democracia, defendendo o presidente de todos os equatorianos. Está aqui a população que veio de vários cantos caminhando. Estão lançando bombas de gás lacrimogêneo em ministros, senhoras, crianças", disse a ministra dos transportes, María de Los Angeles Duarte.
O povo apoia a democracia e não vai permitir que um grupo "que se acha atingido porque está mal informado coloque em risco a democracia no Equador", disse a ministra no meio da manifestação que avança em direção ao hospital, em referência aos militares e policiais que rejeitam a eliminação de incentivos profissionais. "Estamos todos aqui dispostos a dar a vida para resgatá-lo", disse María se referindo a Correa.
Segundo informações da Radio Quito, cidades como Guayaquil, Manta, Portoviejo e Quevedo observaram uma onda de assaltos a bancos e furtos, diante da falta de policiamento local, já que parte das forças de segurança entraram em greve. Escolas também decidiram encerrar suas tarefas e mandaram os alunos para casa. O ministério da Educação suspendeu as aulas até a próxima segunda-feira (4).
Fonte: Folha.com
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