“De uma América a outra, eu consigo passar num segundo.”, diz um dos versos de Vinicius de Moraes na extraordinária canção “Aquarela”, cuja música tem uma interpretação primorosa do cantor Toquinho. Hoje vivemos essa realidade, com o mundo em nossas casas, falando e vendo entes queridos em algum lugar distante. As comunicações se propagam na mesma velocidade de nossos pensamentos. Longe vão os tempos em que um telegrama demorava de três a quatro dias, algumas vezes até mais tempo. Quando uma simples carta era recebida com atraso de mais de uma semana.
Mas o nosso Correio às vezes nos surpreende com algumas coisas interessantes. Recentemente, vi no “Jornal Hoje” da Rede Globo a notícia de que um cidadão de Brasília residente na Super Quadra Norte, cujo endereço os brasilienses simplificam para SQN, ao fazer o registro por telefone do seu aparelho celular, a funcionária da operadora teve dificuldade de entender a sigla do endereço que ele lhe fornecia. Então pausadamente ele explicou S de Sapo, Q de queijo e N de nada. Não é que ao receber a conta mensal do seu telefone o endereço que constava era “Sapo Queijo Nada 1315?” Naturalmente o pessoal do correio teve os mesmos pensamentos do destinatário.
Outro dia, eu recebi uma correspondência da Mútua, uma entidade de previdência privada, para um endereço totalmente diferente do meu. E não sei como tal correspondência me foi entregue, apesar do endereço indicado no sobrescrito vir totalmente trocado. Em vez de Avenida Rui Barbosa onde resido, vinha Avenida Raul Barbosa e o bairro Joaquim Távora foi substituído por Meireles, pelo qual não passa a essa tal Avenida Raul Barbosa. Até o CEP veio trocado. Não sei como recebi tal correspondia, que tinha de correto apenas o meu nome e a cidade de destino. Entretanto, diante dos recursos atuais, em que através da internet descobrimos o endereço de qualquer pessoa, isso não nos causa nenhuma admiração.
Admirável mesmo foi quando eu recebi em Salvador uma carta do meu irmão Pedrinho, apenas com o meu nome no envelope e o nome da cidade de destino. Isso há mais de quarenta anos, sem existência da internet e suas inúmeras listas on line. Era para essa carta ter voltado ao remetente com muita justiça. Mas eu a recebi, como que prenúncio de um verdadeiro milagre.
No dia seguinte, eu quis saber do carteiro, como aquela carta havia chegado às minhas mãos. E ele me respondeu que ao retirar as correspondências da sua área, ouviu o seu chefe perguntando aos carteiros se alguém conhecia Carlos Eduardo Esmeraldo. Então ele gritou: “Essa é minha!”. O carteiro trazia cartas que Magali me enviava com freqüência e por isso eu me tornei um velho conhecido dele.
Porém não foi assim recentemente com uma encomenda que eu enviei a um amigo do Crato. Com o nome do destinatário e o da rua corretamente preenchidos, apenas me equivoquei com o número da casa. E a carta voltou, possivelmente por uma incrível má vontade do carteiro, pois o destinatário é uma personalidade bastante conhecida no Crato: o artista plástico Jacques Bloc Boris, que todos os cratenses sabem onde fica a sua casa. Tive de reenviá-la corretamente e acredito que finalmente chegou ao destino. Quem poderá entender nosso Correio?
Por Carlos Eduardo Esmeraldo
Mas o nosso Correio às vezes nos surpreende com algumas coisas interessantes. Recentemente, vi no “Jornal Hoje” da Rede Globo a notícia de que um cidadão de Brasília residente na Super Quadra Norte, cujo endereço os brasilienses simplificam para SQN, ao fazer o registro por telefone do seu aparelho celular, a funcionária da operadora teve dificuldade de entender a sigla do endereço que ele lhe fornecia. Então pausadamente ele explicou S de Sapo, Q de queijo e N de nada. Não é que ao receber a conta mensal do seu telefone o endereço que constava era “Sapo Queijo Nada 1315?” Naturalmente o pessoal do correio teve os mesmos pensamentos do destinatário.
Outro dia, eu recebi uma correspondência da Mútua, uma entidade de previdência privada, para um endereço totalmente diferente do meu. E não sei como tal correspondência me foi entregue, apesar do endereço indicado no sobrescrito vir totalmente trocado. Em vez de Avenida Rui Barbosa onde resido, vinha Avenida Raul Barbosa e o bairro Joaquim Távora foi substituído por Meireles, pelo qual não passa a essa tal Avenida Raul Barbosa. Até o CEP veio trocado. Não sei como recebi tal correspondia, que tinha de correto apenas o meu nome e a cidade de destino. Entretanto, diante dos recursos atuais, em que através da internet descobrimos o endereço de qualquer pessoa, isso não nos causa nenhuma admiração.
Admirável mesmo foi quando eu recebi em Salvador uma carta do meu irmão Pedrinho, apenas com o meu nome no envelope e o nome da cidade de destino. Isso há mais de quarenta anos, sem existência da internet e suas inúmeras listas on line. Era para essa carta ter voltado ao remetente com muita justiça. Mas eu a recebi, como que prenúncio de um verdadeiro milagre.
No dia seguinte, eu quis saber do carteiro, como aquela carta havia chegado às minhas mãos. E ele me respondeu que ao retirar as correspondências da sua área, ouviu o seu chefe perguntando aos carteiros se alguém conhecia Carlos Eduardo Esmeraldo. Então ele gritou: “Essa é minha!”. O carteiro trazia cartas que Magali me enviava com freqüência e por isso eu me tornei um velho conhecido dele.
Porém não foi assim recentemente com uma encomenda que eu enviei a um amigo do Crato. Com o nome do destinatário e o da rua corretamente preenchidos, apenas me equivoquei com o número da casa. E a carta voltou, possivelmente por uma incrível má vontade do carteiro, pois o destinatário é uma personalidade bastante conhecida no Crato: o artista plástico Jacques Bloc Boris, que todos os cratenses sabem onde fica a sua casa. Tive de reenviá-la corretamente e acredito que finalmente chegou ao destino. Quem poderá entender nosso Correio?
Por Carlos Eduardo Esmeraldo
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