“Menino Deus
Quando a flor do teu sexo
Abrir as pétalas para o universo
Então por um lapso se encontrar
Ligando os breus, dando sentido aos mundos
E aos corações sentimentos profundos
De terna alegria, no dia
Do menino Deus
No dia do menino Deus”
(Menino Deus, Caetano Veloso)
NATAL BRASILEIRO
Por Zé Nilton
Desde que o homem captou o som ouvindo a natureza, descobriu a estrutura matemática de suas combinações e inventou uma escala tonal com infinitas possibilidades de manifestar uma melodia, a música definitivamente marca os eventos da trajetória humana.
A música, dentre múltiplas serventia, parece despertar certa substância em nosso cérebro, quando nos lembramos de algo em que ela fora testemunha.
Os acontecimentos por que passamos não se repetem, ou melhor, a atmosfera da época e o clima do momento estão ausentes nos ciclos repetitivos de nossas vidas. No entanto, caso esses momentos tenham sido emoldurados pela música – ou por aquela música que embalou e marcou aquele momento, ao ouvi-la e juntá-la ao ocorrido, entramos na aura que decolou daquela ocasião e que agora emerge na nossa lembrança.
Só para entendermos melhor: outro dia, numa entrevista, o músico Tom Zé descreveu, com pureza de detalhes, o momento em que ouviu, pela primeira vez, a voz e o violão de João Gilberto interpretando “Chega de Saudade”. Seu semblante se transfigurava à medida que ia detalhando o local, o clima, as pessoas e tudo o que se encontrava à sua volta, enquanto desfrutava daquela ocasião mágica. Assim também ocorreu com toda uma geração de jovens compositores nos idos de 1959.
Parece que essa “sobredeterminação,” como uma imagem projetada num espelho – quando a música ajuda a tecer a ocasião - aguça o sentimento de (des)prazer quando lembramos.
Caso o leitor não concorde com minhas observações, remeto-o para a leitura de um livrinho (muito substancioso), do cratense Paulo Elpídio de Menezes, - “O Crato de meu tempo”, Fortaleza: edições UFC, 2ª. edição, 1985.
Nele o autor faz uma descrição histórica de nossa cidade nos fins do século XIX, levando em conta não o calendário histórico-linear, aquele em que se vai marcando os acontecimentos numa escala evolutiva. O autor se vale dos ciclos da vida, dos ciclos festivos como forma de construir suas rememorações, que terminam por revelar uma história (social) da cidade e de seu povo. Em todos esses eventos ele cita os folguedos, as músicas, as cantigas, as brincadeiras de rua, as serenatas e descreve as letras. Enfim, fala de sua infância e adolescência revividas em sua memória enriquecida pela trilha sonora que marcaram sua lembrança. Então, o que seria do ser humano se não houvesse a música?
Acho mesmo que no Natal, assim como em outros ritos de passagem, e todos os ciclos festivos, a música ajuda muito a realçar as simbologias desses eventos.
No Brasil a música natalina é marcada pela diversidade de criação.As cantigas dos autos de natal no Brasil são expressões da cultura local. Acredito ser a música de Natal uma manifestação musical extraordinariamente rica, porquanto ela acompanha sob diversos ritmos e tons, os temas dos ciclos natalinos que se realizam em diferentes subculturas.
Por aqui tudo foi perfeitamente assimilado pelos diversos grupos que ensejaram a (des)ocupação paulatina do nosso território. No plano da música, os instrumentos, as danças, as cantigas, muitos ritmos, os autos, as coreografias etc. transplantadas por populações misturadas de todas as partes do mundo, foram acolhidas e até ressignificadas para permitirem sua continuidade no tempo...
Esse será o tema de hoje do Programa COMPOSITORES DO BRASIL. Vamos falar um pouco das músicas do natal brasileiro, de seus compositores e cantores. Lembrando da compositora Chiquinha Gonzaga, nascida em 1847, e que aos 11 anos de idade, em uma festa de Natal no lar, apresentou, com letra de seu irmão, sua primeira composição, uma música natalina: “Canção dos Pastores”.
Na sequencia:
UM NATAL BRASILEIRO, de Ivan Lins com Ivan Lins
FELIZ NATAL, de Martinho da Vila com Martinho da Vila
PRESENTE DE NATAL de Francisco Alves com Francisco Alves
ENTRADA DO BOI DE REIS, Colhido por Toinho Alves
NATAL TODO DIA, de Maauricio Gaetani, com Roupa nova
MENINO JESUS DE PRAGA, de Jorge Ben Jor, com Jorge Ben Jor
MENINO DEUS, de Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro, Clara Nunes
MENINO JESUS, de Geraldo Rocco, com Almir Sater
BOAS FESTAS, DE Assis VAlente, com Ná Ozzetti.
VÉSPERA DE NATAL, de Adorina Barbosa, com Demonios da Garoa
MENINO DEUS, de Caetano Veloso, com Caetano Veloso
NATAL DAS CRIANÇAS DE Belcaute, com Carequinha
CRÔNICA DO NATAL CAIPIRA, de Aldemar Paiva, com Rolando Brodrin
Quem ouvir, verá!
Programa: Compositores do Brasil
Rádio Educadora do Cariri (www.radioeducaroradocariri.com)
Telefone88) 3523-2705
Todas as quintas de 14 as 15 horas
Pesquisa, produção e apresentação de Zé Nilton
Operador high tech: Iderval Dias
Direção Geral: Dr. Geraldo Correia Braga
Quando a flor do teu sexo
Abrir as pétalas para o universo
Então por um lapso se encontrar
Ligando os breus, dando sentido aos mundos
E aos corações sentimentos profundos
De terna alegria, no dia
Do menino Deus
No dia do menino Deus”
(Menino Deus, Caetano Veloso)
NATAL BRASILEIRO
Por Zé Nilton
Desde que o homem captou o som ouvindo a natureza, descobriu a estrutura matemática de suas combinações e inventou uma escala tonal com infinitas possibilidades de manifestar uma melodia, a música definitivamente marca os eventos da trajetória humana.
A música, dentre múltiplas serventia, parece despertar certa substância em nosso cérebro, quando nos lembramos de algo em que ela fora testemunha.
Os acontecimentos por que passamos não se repetem, ou melhor, a atmosfera da época e o clima do momento estão ausentes nos ciclos repetitivos de nossas vidas. No entanto, caso esses momentos tenham sido emoldurados pela música – ou por aquela música que embalou e marcou aquele momento, ao ouvi-la e juntá-la ao ocorrido, entramos na aura que decolou daquela ocasião e que agora emerge na nossa lembrança.
Só para entendermos melhor: outro dia, numa entrevista, o músico Tom Zé descreveu, com pureza de detalhes, o momento em que ouviu, pela primeira vez, a voz e o violão de João Gilberto interpretando “Chega de Saudade”. Seu semblante se transfigurava à medida que ia detalhando o local, o clima, as pessoas e tudo o que se encontrava à sua volta, enquanto desfrutava daquela ocasião mágica. Assim também ocorreu com toda uma geração de jovens compositores nos idos de 1959.
Parece que essa “sobredeterminação,” como uma imagem projetada num espelho – quando a música ajuda a tecer a ocasião - aguça o sentimento de (des)prazer quando lembramos.
Caso o leitor não concorde com minhas observações, remeto-o para a leitura de um livrinho (muito substancioso), do cratense Paulo Elpídio de Menezes, - “O Crato de meu tempo”, Fortaleza: edições UFC, 2ª. edição, 1985.
Nele o autor faz uma descrição histórica de nossa cidade nos fins do século XIX, levando em conta não o calendário histórico-linear, aquele em que se vai marcando os acontecimentos numa escala evolutiva. O autor se vale dos ciclos da vida, dos ciclos festivos como forma de construir suas rememorações, que terminam por revelar uma história (social) da cidade e de seu povo. Em todos esses eventos ele cita os folguedos, as músicas, as cantigas, as brincadeiras de rua, as serenatas e descreve as letras. Enfim, fala de sua infância e adolescência revividas em sua memória enriquecida pela trilha sonora que marcaram sua lembrança. Então, o que seria do ser humano se não houvesse a música?
Acho mesmo que no Natal, assim como em outros ritos de passagem, e todos os ciclos festivos, a música ajuda muito a realçar as simbologias desses eventos.
No Brasil a música natalina é marcada pela diversidade de criação.As cantigas dos autos de natal no Brasil são expressões da cultura local. Acredito ser a música de Natal uma manifestação musical extraordinariamente rica, porquanto ela acompanha sob diversos ritmos e tons, os temas dos ciclos natalinos que se realizam em diferentes subculturas.
Por aqui tudo foi perfeitamente assimilado pelos diversos grupos que ensejaram a (des)ocupação paulatina do nosso território. No plano da música, os instrumentos, as danças, as cantigas, muitos ritmos, os autos, as coreografias etc. transplantadas por populações misturadas de todas as partes do mundo, foram acolhidas e até ressignificadas para permitirem sua continuidade no tempo...
Esse será o tema de hoje do Programa COMPOSITORES DO BRASIL. Vamos falar um pouco das músicas do natal brasileiro, de seus compositores e cantores. Lembrando da compositora Chiquinha Gonzaga, nascida em 1847, e que aos 11 anos de idade, em uma festa de Natal no lar, apresentou, com letra de seu irmão, sua primeira composição, uma música natalina: “Canção dos Pastores”.
Na sequencia:
UM NATAL BRASILEIRO, de Ivan Lins com Ivan Lins
FELIZ NATAL, de Martinho da Vila com Martinho da Vila
PRESENTE DE NATAL de Francisco Alves com Francisco Alves
ENTRADA DO BOI DE REIS, Colhido por Toinho Alves
NATAL TODO DIA, de Maauricio Gaetani, com Roupa nova
MENINO JESUS DE PRAGA, de Jorge Ben Jor, com Jorge Ben Jor
MENINO DEUS, de Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro, Clara Nunes
MENINO JESUS, de Geraldo Rocco, com Almir Sater
BOAS FESTAS, DE Assis VAlente, com Ná Ozzetti.
VÉSPERA DE NATAL, de Adorina Barbosa, com Demonios da Garoa
MENINO DEUS, de Caetano Veloso, com Caetano Veloso
NATAL DAS CRIANÇAS DE Belcaute, com Carequinha
CRÔNICA DO NATAL CAIPIRA, de Aldemar Paiva, com Rolando Brodrin
Quem ouvir, verá!
Programa: Compositores do Brasil
Rádio Educadora do Cariri (www.radioeducaroradocariri.com)
Telefone88) 3523-2705
Todas as quintas de 14 as 15 horas
Pesquisa, produção e apresentação de Zé Nilton
Operador high tech: Iderval Dias
Direção Geral: Dr. Geraldo Correia Braga
Um comentário:
Caro José Maria.
Agradeço por suas palavras e pelo convite. Estarei sempre por lá.
Feliz Natal.
Zé Nilton
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