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segunda-feira, 4 de abril de 2011

Fórum Araripense de Prevenção e Combate a Desertificação Espaço de sonhos, ideais e realizações.

O Fórum Araripense de prevenção e combate a desertificação foi criado em 1999, num momento de efervescência do movimento ambientalista local, pautado no diálogo forte e unificado entre a sociedade civil organizada e as instâncias governamentais no âmbito federal, estadual e municipal. Pela primeira vez se instituía na região do Araripe um espaço plural baseado na construção coletiva de proposições e na execução de políticas de defesa do meio ambiente, tendo como foco especial, o debate da prevenção e o combate a desertificação.

A ousadia da sua criação previa a: Inserção da biorregião do Araripe na discussão nacional e global da desertificação; Discussão do nível de degradação ambiental na biorregião, suas causas e impactos sobre a qualidade de vida das presentes e futuras gerações; Analise da conjuntura atual e a sustentabilidade do modelo de desenvolvimento implantado;

O destaque foi a participação efetiva de organizações e representantes governamentais dos três estado da região, Ceará, Pernambuco e Piauí. Todo este movimento fortaleceu um debate qualificado, que culminou posteriormente com a mudança da visão arcaica do combate a seca, para um olhar humanizado e consciente sobre a necessidade da convivência com a realidade local.

Esta caminhada foi marcada pelo fortalecimento do debate científico e político, onde foram debatidos temas como a transposição do rio São Francisco, a degradação ambiental decorrente do uso do recurso madeireiro da APA Araripe, a poluição dos rios, como o Granjeiro e o Cariús. Contribui ainda na realização de seminários sobre as águas, desertificação, mutirões de plantio de mudas em comunidades rurais, tendo sempre o referencial da realidade local.

A itinerância do Fórum colaborou para o conhecimento, o debate e a busca de soluções para os problemas locais, percorrendo municípios como Picos – PI, Morelândia – PE, indo também aos municípios de Altaneira, Assaré, Nova Olinda, Farias Brito, Jardim, Abaiara, Porteiras, Milagres, Barbalha, entre outros, permanecendo na sede em Crato - Ceará. Esta ação proporcionou a realização de audiências públicas, a elaboração de projetos de leis municipais, a criação de ONGs, o incentivo a movimentação popular e a cobrança do cumprimento das políticas públicas.

O Fórum contribui intensamente para a consolidação de experiências de captação, manejo e utilização de água para o consumo humano e produção de alimentos, com cisternas, barragens subterrâneas, BAP – bomba d’água popular. A luta pela conquista de terra e de água se fortalece quando nasce no seio da sociedade civil, o Programa de formação e mobilização social para a convivência com o semiárido P1MC – Um milhão de cisternas rurais, proposta de sucesso e de reconhecimento mundial na luta pelo acesso a água de qualidade na região. Em seguida vem o Programa de formação e mobilização social para a convivência com o semiárido P1+2 – Uma terra e duas águas, visando proporcionar a conquista de uma terra, uma água para o consumo humano e outra água para a produção, ainda em fase de concretização.

Outras experiências de produção e comercialização de alimentos para consumo humano e animal vêm sendo disseminadas ao longo dos anos, agroflorestas, quintais agroflorestais, hortas agroecológicas, mandalas, casas de sementes, feiras agroecológicas e de agricultura familiar.

O marco da ação articulada do Fórum Araripense de Prevenção e Combate a Desertificação foi a escolha para sediar em 2006 o VI ENCONASA – Encontro Nacional da Articulação no Semiárido Brasileiro, encontro que reuniu mais 600 participantes de associações, STRs, ONGs, representações governamentais, de todos os estados do Nordeste, além de Minas Gerais, Espírito Santo, Distrito Federal.

Tornou-se a instancia política de decisões da sociedade civil em atuação em 29 municípios da região da região do Cariri Cearense. Ao longo de sua história, foi marcado por momento de crise e ascensão, chegando a mais de uma década cheia de experiências exitosas, momentos de reflexão e avaliação, e principalmente, com a vontade e a esperança de continuar realizando “esta grande revolução silenciosa pela vida no semiárido”


Jorge Pinto

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