Pedro Esmeraldo
No segundo quartel do século XX, ano de
1944, meu pai foi obrigado a ir ao Rio de Janeiro com a intenção de submeter-se
a tratamento de olhos com grande perito na medicina relativa à vista.
Meu pai havia sofrido um conjunto de
perturbações causadas por uma forte pancada traumática que afetou a parte mais
delicada de sua esfera do globo ocular (deslocamento de retina).
Naquela época, a medicina não era tão
evoluída como agora, por isso teve que enfrentar um sério tratamento com
rigidez, visto que teve que se submeter a uma cirurgia complicada a fim de não
perder a sua parte mais sensível da vista.
Seu médico era muito afamado no Rio de
Janeiro. Era um cearense de grande projeção nacional, visto que esse médico era
um expert do tratamento de vista de grande valor, já que meu pai recuperou
quase total parte da visão, que era o seu grande anseio em permanecer com o
trabalho até o último dia de sua vida.
Considero meu pai um grande baluarte da
agricultura, foi arrojado em suas predileções. Não deixava acumular serviços,
pois mesmo doente considerava-o herói na execução de suas tarefas.
Antes disso passou vários meses no Rio
obedecendo todas as ordens médicas que lhe eram atribuídas pelo médico. Sofreu
um período de sacrifício, concentrando todo o seu pensamento na sua vida
agrícola, já que teve de viajar após o seu tratamento, de navio até Fortaleza e
de trem até o Crato, percorrendo uma estrada de ferro poeirenta e de construção
precária.
Ao chegar ao Crato o médico recomendou
seis meses de grande repouso, sendo proibido de viajar em veículos que não
tivessem posições de conforto exigidas pelo seu médico.
Ao chegar em Crato o meu pai submeteu-se
a todos os conselhos médicos e por isso obteve sucesso em sua cirurgia.
Um dia, em pleno três de junho daquele
ano teve início a moagem de cana no engenho distante de sua residência. No
mesmo dia partiu a pé, às duas horas da madrugada com um amigo e dois filhos
mais velhos. Este próprio que escreve e o mais novo Antonio Alcides. Ficava com
a distância de doze quilômetros de sua residência e deslocou-se vagarosamente
cumprindo as exigências médicas. Foi uma viagem de sacrifício e de bons
momentos, visto que tivemos um dia maravilhoso pois saboreamos puro mel de
engenho e o apetitoso caldo de cana.
Quando a noite chegou, impetuosamente
extasiado da canseira, tivemos que fazer o mesmo percurso, já cansados e
enfadados e com a fadiga dos trabalhos do dia.
Autor: Pedro Esmeraldo
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