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segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Uma Noite flutuante - por Pedro Esmeraldo


Um rapaz emagrecido causado pelo sofrimento, não conseguia dormir à noite. Amargurado, semelhante a um ser desnaturado ficava atribulado procurando encontrar terapia para fugir das canseiras do seu serviço.
Seu maior problema foi a situação crítica que teve com os companheiros de serviço quando executava a sua tarefa. Não correspondia ao trabalho que havia de concluir com urgência em tempo determinado. Por falta de ordem disciplinar desentendeu com os companheiros. Não cumpria satisfatoriamente suas obrigações em tempo hábil. Aflito, teve de se retirar mais cedo afastando de suas obrigações a fim de se recolher à sua residência para readquirir disposição total e recobrar seu estado emocional. Quando chegou à sua casa não pôde concentrar-se com intuito de refletir a mente partida devido o desgaste que o deixava atormentado.
Apesar dos esforços que fez, teve a sorte de se controlar, continuando sempre com aporrinhação e mal-estar provocado pelos aborrecimentos do dia. Por este motivo privou-se do sono e não conseguiu acalmar-se até altas horas da noite.
Nada pôde fazer a não ser deslocar-se para a rua tentando amenizar as canseiras da mente e pudesse readquirir o seu sono preferido, ansiando encontrar objetividade no pensamento.
Esforçava-se para sair desse desencanto, visto que ficava atoleimado por horas a fio e ficava quieto mergulhado nas águas turvas que escorrem das favelas da cidade.
Nesse período, perambulava pelas ruas um grupo de rapazes alegres e embriagados que desapontavam os cidadãos com sua desatenção, dizendo palavras inócuas e incompatíveis com o ambiente.
Seguia em frente no seu caminho, mergulhando no desespero de causa, até encontrar outro bêbado na calada da noite andando cambaleando pelo meio da rua e submergido na loucura desvairada com conversas dilacerantes e com aborrecimento. Não foi possível tolerar esse bêbado imundo, que falava palavras desordenadas: “não tenho mais senso de responsabilidade e não consigo entrar na estrada do bom senso.” Continuava andando pelas ruas da periferia, encontrava um porco, vindo da banda da Quixabeira fuçava, numa lama podre que vinha dos esgotos das residências da favela local. Ficou indignado com esse ato de desprezo dos animais, pois tudo isto é um descaso das autoridades que não ligam para o problema solitário da cidade.
Para forçar coragem e fugir desse bêbado, evitou conversas desnecessárias. Continuava andando sem direção. Encontrou com o guarda noturno, apitando, fazendo perguntas, desejando saber de sua identidade. Livrou-se desse senhor que o aconselhava a ir para casa, dizendo que ali não era ambiente para ele.
Seguiu em frente, tristonho pela mesma rua; antes de entrar em outra favela deparou com a ronda policial. Foi vistoriado e seguindo o pensamento do guarda com alvoroço. O guarda liberou e mandou ir para casa, aconselhando a não andar mais para aquelas bandas, que eram perigosas para os jovens de sua idade. Retornou para sua casa e lá encontrou seus familiares preocupados com a sua fuga. Vá dormir e fique tranqüilo, disseram os seus familiares.

 Crato-CE, 20/01/2012

Autor: Pedro Esmeraldo

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