Um rapaz emagrecido causado pelo
sofrimento, não conseguia dormir à noite. Amargurado, semelhante a um ser
desnaturado ficava atribulado procurando encontrar terapia para fugir das
canseiras do seu serviço.
Seu maior problema foi a situação
crítica que teve com os companheiros de serviço quando executava a sua tarefa.
Não correspondia ao trabalho que havia de concluir com urgência em tempo
determinado. Por falta de ordem disciplinar desentendeu com os companheiros.
Não cumpria satisfatoriamente suas obrigações em tempo hábil. Aflito, teve de
se retirar mais cedo afastando de suas obrigações a fim de se recolher à sua
residência para readquirir disposição total e recobrar seu estado emocional. Quando
chegou à sua casa não pôde concentrar-se com intuito de refletir a mente
partida devido o desgaste que o deixava atormentado.
Apesar dos esforços que fez, teve a
sorte de se controlar, continuando sempre com aporrinhação e mal-estar
provocado pelos aborrecimentos do dia. Por este motivo privou-se do sono e não
conseguiu acalmar-se até altas horas da noite.
Nada pôde fazer a não ser deslocar-se
para a rua tentando amenizar as canseiras da mente e pudesse readquirir o seu
sono preferido, ansiando encontrar objetividade no pensamento.
Esforçava-se para sair desse desencanto,
visto que ficava atoleimado por horas a fio e ficava quieto mergulhado nas
águas turvas que escorrem das favelas da cidade.
Nesse período, perambulava pelas ruas um
grupo de rapazes alegres e embriagados que desapontavam os cidadãos com sua
desatenção, dizendo palavras inócuas e incompatíveis com o ambiente.
Seguia em frente no seu caminho,
mergulhando no desespero de causa, até encontrar outro bêbado na calada da
noite andando cambaleando pelo meio da rua e submergido na loucura desvairada
com conversas dilacerantes e com aborrecimento. Não foi possível tolerar esse
bêbado imundo, que falava palavras desordenadas: “não tenho mais senso de
responsabilidade e não consigo entrar na estrada do bom senso.” Continuava
andando pelas ruas da periferia, encontrava um porco, vindo da banda da
Quixabeira fuçava, numa lama podre que vinha dos esgotos das residências da
favela local. Ficou indignado com esse ato de desprezo dos animais, pois tudo
isto é um descaso das autoridades que não ligam para o problema solitário da
cidade.
Para forçar coragem e fugir desse
bêbado, evitou conversas desnecessárias. Continuava andando sem direção.
Encontrou com o guarda noturno, apitando, fazendo perguntas, desejando saber de
sua identidade. Livrou-se desse senhor que o aconselhava a ir para casa,
dizendo que ali não era ambiente para ele.
Seguiu em frente, tristonho pela mesma
rua; antes de entrar em outra favela deparou com a ronda policial. Foi
vistoriado e seguindo o pensamento do guarda com alvoroço. O guarda liberou e
mandou ir para casa, aconselhando a não andar mais para aquelas bandas, que
eram perigosas para os jovens de sua idade. Retornou para sua casa e lá
encontrou seus familiares preocupados com a sua fuga. Vá dormir e fique tranqüilo,
disseram os seus familiares.
Autor: Pedro Esmeraldo
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