É com muito pesar que recebi a notícia da morte do ex-governador da Paraíba, meu
amigo Ronaldo Cunha Lima. Quando morei na cidade de Campina Grande, pelos idos
de 1984 a 1987, o Ronaldo era o prefeito. Nunca vi cidade mais bem cuidada na
minha vida. Ele é o símbolo do perfeito administrador público. Aos Domingos,
cansei de ver o Ronaldo vestir uma camisa comum e ir para as ruas e bairros da
periferia para plantar árvores junto à população, porque ele sempre acreditou
na Ecologia como bem supremo da humanidade. Promovia mutirões com os próprios
moradores. Nesses espaços, não existia a figura do prefeito, eram todos iguais,
pessoas comuns, em busca de um futuro melhor. Eu poderia escrever laudas sobre
o belo trabalho que Ronaldo fez em Campina Grande. Ele tinha a firme
consciência de trazer aquela cidade para o mundo moderno. Lá não se via LIXO
nas ruas. Os calçadões eram extremamente limpos e bem-conservados. Havia um
sentimento de responsabilidade, de cuidar da cidade, de manter o asfalto sempre
intacto, sem buracos, e ele, através de campanhas fez com que cada cidadão se
responsabilizasse também pelo bem-estar da sua cidade.
Não bastasse o excelente homem público, Ronaldo Cunha Lima
também foi uma das maiores inteligências nas letras do Estado da Paraíba. O
maior conhecedor da vida e obra do poeta Augusto dos Anjos ( outro paraibano ).
Sabia de cor e salteado TUDO que se relacionava ao Augusto, incluindo todos os
seus poemas, que não só declamava de cor, mas dizia inclusive qual o número do
verso, e da quadra a que o poema pertencia. Foi vencedor absoluto em um
programa de televisão onde respondia sobre Augusto dos Anjos, nos anos 80.
Não bastasse isso, era uma pessoa simples. Lembro-me de ir à
casa do Ronaldo, que ficava no bairro Alto Branco, em Campina Grande, um certo
dia, e ficar espantado com o seu conhecimento. Fomos eu e a minha amiga cantora
Cida Lobo. Ronaldo nos ajudou bastante, facilitando as coisas para diversos
artistas que buscavam apoio do poder público. Ele, que era também um grande
artista, sabia da necessidade e das dificuldades que passávamos. Grande
mecenas, trabalhou o quanto pôde para preservar as raízes e a cultura da
Paraíba e do Nordeste dando ênfase aos artistas populares.
Para mim, é tristeza saber da morte de um grande ser humano,
mas ao mesmo tempo, ao rememorar os seus grandes feitos, alegra-me o coração,
por tê-lo conhecido de perto e acompanhado este, que será sempre um ícone de
inteligência e de Cultura para as futuras gerações do Brasil.
Dihelson Mendonça
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