Aiuaba (CE) igreja-matriz de Nossa Senhora do Patrocínio
Há nove anos eu não voltava à Aiuaba, terra de
minhas origens paternas. Foi de lá, nos idos de 1939, que veio para a promissora e adiantada cidade
de Crato – trazendo toda a família –, o
meu avô, José Rafael de Oliveira.
Deixaram para trás a vila do Bebedouro
(antigo nome de Aiuaba), encravada no adusto sertão dos Inhamuns, que mais
lembra um mar de pó ornamentado por seus
belos cactos xerófilos. Começava no verdejante Cariri uma nova vida para os Rafaéis, ou Rafaeles, como
preferia chamar minha avó.
Na última quarta-feira, 1º de agosto, revi
Aiuaba. Esta já não é mais aquela cidade por mim tantas vezes visitada na busca
de um reencontro com minhas origens genealógicas. As ruas centrais de Aiuaba
ganharam asfalto e iluminação feérica. Na área citadina vi praças com jardins
bem cuidados, aonde convivem flores e grama-esmeralda de coloração verde
intensa. A cidade agora se espraia por poucos bairros nascentes, a exemplo do
bairro Caiçara, onde um bar oferece uísque escocês, que pode ser sorvido ao som
da Rádio Umbuzeiro FM, a única emissora da cidade.
Sempre me emociono nos meus reencontros com
Aiuaba. Lá, genuflexo, rezo no velho cemitério, diante da sepultura de minha
avó Doxinha. Esta, dizem os mais
velhos, era uma professora e uma mulher
bonita, falecida com pouco mais de trinta anos. Na sua sepultura faço uma
oração por mim e outra por meu Tio Zezé,
residente desde a adolescência no Mato Grosso do Sul, mas visceralmente ligado
ao torrão natal.
A casa do meu bisavô, Raimundo
Dias de Oliveira (mais conhecido por Raimundo Rafael) ainda existe. Mas foi
remodelada resultando em três casas, -- ver na foto ao lado as casas pintadas
nas cores telha,azul e amarela--
localizadas no centro de Aiuaba, numa rua que tem agora o nome dele. Na
memória da minha família, também é lembrada a minha bisavó – Francisca –
apelidada carinhosamente pelos familiares de “Mãe Gorda”. Ela gostava de ajudar
os doentes, indicando e oferecendo
remédios da flora sertaneja, que conhecia bem. Qualidade herdada pelo
seu bisneto, meu irmão Osvaldo, que vive a fazer mudas da planta Canarana e
doa-as para muita gente. “Cura todas as doenças dos rins”, diz ele confiante...
Antes de chegar em Aiuaba passamos pela pitoresca capela de São
Nicolau, que tem agora em frente uma bem
cuidada pracinha
Autor: Armando Lopes Rafael
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