Começou, último dia 13 em Lima, a Cúpula dos Povos "Enlaçando Alternativas 3", que reúne movimentos e organizações sociais dos países latino-americanos e da União Européia. O auditório da Universidade Nacional de Engenharia, onde está sendo realizado o encontro, foi pequeno para os mais de três mil participantes.
A fala de abertura, a coordenadora geral da Cúpula, Rosa Guillén, disse que o espaço do encontro propõe a construção de alternativas ao neoliberalismo de modo que seja possível a construção de um mundo novo sustentado na solidariedade, na justiça e na paz". O neoliberalismo, ao contrário, "trouxe mais fome, alimenta assimetrias existentes entre ambos continentes e provoca guerras", acrescentou a coordenadora.
As diferenças entre os países ricos e os pobres, agravadas por esse modelo político-econômico, ficam evidenciadas na atual crise de segurança alimentar que enfrentam os países pobres, pois as multinacionais - cujos oligopólios geraram essa crise - e a especulação mercadológica só lucram com o problema.
Por isso, também durante a abertura, Francisca Rodríguez, da Via Campesina Internacional, pediu o fim da produção de agrocombustíveis, que provoca a alta dos alimentos no mundo. O primeiro dia de Cúpula foi uma mostra dos grandes problemas enfrentados pelos latino-americanos.
Assim, foram criticados os acordos de livre comércio entre a América Latina e a União Européia; o consenso de Bruxelas, apontado como reflexo da neocolonização; a criminalização do protesto social e a presença das empresas de mineração, que estão afetando o meio ambiente, especialmente, no Peru e no Equador.
Nesse sentido, Mario Palacios, da Confederação Nacional de Comunidades Afetadas pela Mineração (CONACAMI), do Peru, pediu "o reconhecimento da dívida histórica, social e ambiental que Europa tem com os povos originários da América Latina e do Caribe". A exigência é parte da declaração da Cúpula Continental Indígena.
Também ontem, foi realizada a primeira sessão do Tribunal Permanente dos Povos (TPP). No banco dos réus esteve o caso Majaz. A programação do dia encerrou com um ato político cultural, com cantor andino Manuelcha Prado, bancas de sicuris e José Ordaz, interprete de trova cubana.
Hoje, no segundo dia, a programação foi iniciada com o TPP. Foram julgados casos de empresas cujos modelos de desenvolvimento saqueiam os recursos naturais e os bens comuns, como: Botnia-Ence, Skanska e Thyssen Krupp-Vale do Rio Doce, Rosa Luxemburg Stiftung, Attac Argentina, Redes, PACS, Federación de Pescadores (FAPESCA).
Este segundo dia foi marcado ainda, durante a tarde, por inúmeros fóruns. Os participantes debateram a luta contra ditadores e empresas transnacionais, os impactos dos acordos com a União Européia. As mulheres puxaram uma discussão sobre tirania do livre comércio, na qual também criticaram os acordos de associação econômica com a União Européia.
Em um fórum do qual participou Ibase, Articulação Feminista Mercosul, Network Institute for Global Democratization, Programa Democracia e Transformação Global e Transnational Institute foi debatido o "Fórum Social Mundial em Belém 2009: Desafiando Impérios".
Transmissão ao vivo
A Cúpula pode ser acompanhada, ao vivo, por todo o mundo. Os interessados podem acessar através da Agência Pulsar, a partir da Coordenação Nacional de Rádios do Peru e da Associação Latino-americana de Educação Radiofônica (ALER), clicando aquí. Ou através da Cúpula Povos: http://www.forumderadios.fm.
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quinta-feira, 15 de maio de 2008
Começa a Cúpula dos Povos
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