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quinta-feira, 2 de abril de 2009

Dom Nuno Álvares: Santo, guerreiro e monge – por José Narciso Barbosa Soares




Cavaleiro, Condestável do Reino, grande esmoler e religioso carmelita, Frei Nuno de Santa Maria, beatificado em janeiro de 1918, será canonizado no próximo dia 26 de abril em Roma, pelo Papa Bento XVI


Sobre este homem pousou, desde cedo, a mão da Providência. A sua vida foi uma sucessão contínua de prodígios e de lutas; e as suas ações, quer como condestável dos exércitos, quer como grande esmoler, foram aureoladas pela glória e humildade.

Tendo entrado cedo na carreira das armas, logo após, aos 16 anos, Nuno Álvares contrai núpcias com Dona Leonor Alvim. Desse casamento, interrompido prematuramente pela morte da mulher, nasceu Dona Beatriz, que se casou com o 1º Duque de Bragança, filho bastardo de Dom João I. Pelo grande dote que deu à filha para o enlace matrimonial, é considerado o fundador da Sereníssima Casa de Bragança, (Escudo da Casa de Bragança ao lado) cujos reis reinaram em Portugal de 1640 a 1910; e no Brasil independente, de 1822 a 1889.
Consciente de que esta vida não é senão uma preparação para a outra, que é a das bem-aventuranças eternas, Nuno Álvares vai recolher-se no convento do Carmo, em 1423. A procura da transcendência e do Absoluto, que é o nosso Deus Uno e Trino, encherá a sua alma sedenta até o último suspiro. Aqui já não importam os títulos, mas a atitude. Professará como irmão carmelita e se tornará o paladino da autêntica caridade cristã, distribuindo esmolas e ajudando os mais necessitados. Sim, para ele, servir a Cristo era auxiliar os mais pobres: Servir-vos, Senhor, é reinar, diz a Escritura. Certamente, com o seu exemplo, fez mais pelos pobres que os “profetas” da Teologia da Libertação.
Em 1431, com 71 anos incompletos, entrega a sua alma ao Redentor. Na igreja do Carmo, sobre a campa rasa, lia-se em latim: “Aqui repousa aquele Nuno, Condestável, fundador da Casa de Bragança, chefe militar exímio, depois monge bem-aventurado, o qual, sendo vivo, desejou tanto o Reino do Céu que mereceu, depois da morte, viver eternamente na companhia dos santos; pois, de seguida a numerosas recompensas, desprezou as pompas e, fazendo-se humilde, de príncipe que era, fundou, ornou e dotou este templo”.
Depois de muitos percalços históricos, sobretudo devido ao terremoto de 1755, que devastou Lisboa e a igreja do Carmo, os seus restos mortais repousam, desde 1951, na igreja do Santo Condestável na capital portuguesa. Nuno Álvares Pereira, santo Condestável, Frei Nuno de Santa Maria –– três nomes, três facetas de um só homem.
E-mail do autor: catolicismo@catolicismo.com.br
Estátua do Beato Nuno Álvares no Mosteiro da Batalha

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