Por Zé Nilton
A crônica da Música Popular Brasileira, não raro, costuma, logo de saída, enaltecer as virtudes físicas de Custódia Mesquita, antes de suas qualidades como compositor, músico, excelente pianista e ator. Tem também a sempre lembrada versão de que fora um homem de desprendida generosidade. Ressalte-se que esse bonachão nascera em berço de ouro.
Era conhecido como aquele que não deixava ninguém de mãos vazias. Passasse um mendigo, ele corria em sua ajuda. Era useiro e vezeiro em convidar mendigos para jantar a famosa canja em restaurantes, nas suas noites de boêmia no Rio antigo. Certa vez um nordestino dirigiu-se a ele implorando algo para matar a fome da família. Custódio, olhando para aquele pai, esposa e filhos a sua frente, não tergiversou: tirou o relógio de ouro do bolso, com corrente e tudo, e entregou ao pobre retirante. E ainda ligou para a polícia, dizendo:
- Quem fala aqui é o Custódio Mesquita. Se encontrarem um pobre homem maltrapilho, com a mulher e os filhos, vendendo um relógio de ouro, não o prendam porque ele não é ladrão. Fui eu quem lhe dei o relógio. Qualquer dúvida, podem procurar-me”.
Sempre muito bem alinhado, de terno e gravata, mostrava uma elegância e boa aparência, por isso chegou a ser alcunhado de o “Tyrone Power brasileiro”. Mas o bom mesmo é lembrá-lo como um excelente compositor, que deixou uma obra das mais dignas no cancioneiro popular.
Viveu seu tempo, os anos 30 e 40 do século passado, sob intensa produção artística. Ajudou a todas as artes com sua generosidade. Elevou muita gente, entre músicos, artistas, radialistas cobrindo despesas, nem sempre ressarcidas, para o bem da vida e da arte.
Sua obra ocupa local de vanguarda, é avançada na época em que ele a escreve. Exerceu um papel relevante e pioneiro no panorama geral da música popular brasileira. O maestro Guerra Peixe disse: “Custódio compôs obras válidas... muito bem trabalhadas, bem arranjadas, com melodias de alto valor e de forma definitiva”.
Ah, esse boêmio notívago, brincalhão, alegre, conquistador e generoso, nunca foi chegado à bebida alcoólica. Suas noites eram regadas a café, bebida que tomava em demasia. Morreu de insuficiência hepática e intoxicação alimentar, em 13 de março de 1945. Seu parceiro mais constante foi o músico e ator Sadi Cabral.
Hoje, vamos recordá-lo falando de sua obra e ouvindo algumas de suas inesquecíveis canções.
Mulher. C. Mesquita e Sadi Cabral, com Emilio Santiago
Naná. C.Mesquita e Geisa Bóscoli,com Orlando Silva, grav. da RCA. De 1940
Velho realejo. C.Mesquita e Sadi Cabral, com Nelson Gonçalves e Rafael. Rabelo
Se a lua contasse. C. Mesquita, com Aurora Miranda
Nada além. C. Mesquita e M. Lago, com Orlando Silva
Caixinha de música. C.Mesquita, com Sílvio. Caldas
Promessa. C.Mesquita, com Marcos Sacramento
No meu tempo de criança, de C. Mesquita, com Francisco Alves, gravação RCA, 1940
Mês de Maio - Custódio mesquita. Edgar Proença,com Orlando Silva, Rca., 1942
Emília, de C. Mesquita, com Vassourinha
Saia do caminha. Custódio mesquita. Nelson Gonçalves e Tetê Espíndola
Quem ouvir, verá !
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quinta-feira, 5 de novembro de 2009
COMPOSITORES DO BRASIL
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