Ao meu avô Ernani Silva, 100 anos de saudade...
Hoje é um dia especial. Há um século nascia um homem raro e único, Ernani Brígido e Silva. Meu querido avô Ernani Silva nasceu em Baturité-CE, em 1909. Ainda criança, seus pais Pergentino Silva e Maria Pia Brígido e Silva, além dos seus quatro irmãos (Daíro, Elmar, Elnir e Eldon), vieram para o Crato, cidade que ele adotou para ser uma de suas grandes paixões...
Ainda muito jovem, foi balconista das Casas Pernambucanas, empresa que lhe proporcionou fecundo aprendizado, criando bases sólidas para uma brilhante e próspera trajetória no comércio. A Casa Ernani Silva era referência na Região do Cariri quanto à venda de móveis, eletrodomésticos, material escolar, motonetas, entre tantos outros artigos. Seu Ernani foi o pioneiro no abastecimento e distribuição de gás butano e de vendas de passagens aéreas, com a sua antiga companhia REAL. É bom que se diga, que Seu Ernani Silva foi um homem idealista e passional quando a questão versava sobre o desenvolvimento da Região do Cariri, tendo o Crato como principal município. A prova é a idéia da tentativa de criação do Estado do Cariri, defendida por ele e por outros bravos e saudosos cratenses, verdadeiros políticos sem mandato, espécie em extinção, na atualidade.
Mas, entre os inúmeros capítulos que marcaram a vida e a morte do meu Avô Ernani, existe um que foi decisivo: A história de um grande amor. No final da década de 30, aos 28 anos de idade, já ensaiando os primeiros passos no próprio negócio, Ernani Silva se apaixona pela jovem Aline Arraes. Tudo seria menos complicado se a moça, com apenas 15 anos, não fosse, ainda, uma das filhas do então Prefeito Municipal do Crato Alexandre Arraes de Alencar, estirpe de uma das famílias cratenses consideradas das mais tradicionais. Apesar de todas as dificuldades, os jovens Ernani e Aline seguiam ligados pelo coração. O amor dos dois era maior que tudo. Esgotadas as possibilidades para a permissão do namoro, assim como, para a realização do casamento, por conta da idade dela e dele, pela distância social e por razões outras que não interessam aos apaixonados, eis que Vovô Ernani surge com uma idéia nada convencional para a época. Pasmem! Ele resolveu “roubar a Moça”, que era filha do Prefeito. Mais uma prova da coragem de um homem que jamais temeu enfrentar as adversidades da vida, seja no amor aos negócios ou nos “negócios do amor”.
Não deu outra. Seu Ernani "carregou" a filha do Prefeito, fugindo para Brejo das Freiras, no Estado da Paraíba, fretando o "calhambeque" de Pedro Maia. Durante o caminho, meu avô foi aconselhado pelo velho taxista a voltar e desistir da fuga, da suposta loucura. Entretanto, a decisão já estava tomada em caráter irrevogável. Foi assim que ele me contou! Foi assim que aconteceu! O tempo curou todas as dificuldades e diferenças. O casal Ernani Silva e Aline Arraes foi e, ainda continua sendo, um exemplo de vida conjugal, de lealdade, de cumplicidade, modelo de um amor puro, verdadeiro e eterno. Deste casamento perfeito nasceram seis filhos (Ilze, José Milton, Aliane, Alexandre, Noemi e Luiz Ernani). Quanto ao relacionamento com o sogro, Vovô Ernani tornou-se o melhor amigo do meu Bisavô Alexandre Arraes e de Dona Noemi, sua sogra e minha Bisavó. Tive o privilégio de conviver com meus avós. Contudo, foi com Seu Ernani e com Dona Aline que tive muito mais tempo próximo, pois sou uma parte minúscula desta magnífica história. Apesar do passar dos anos, ainda trago comigo a dor de ter presenciado o desfecho do seu capítulo final, com o falecimento de Dona Aline, em 1981, aos 61 anos de saudável vida. Após esta triste e súbita perda, Vovô Ernani não nutriu mais gosto pela vida. A tristeza dele doia em toda a família.
Nos últimos anos de sua vida, ou melhor, de sobrevida, Vovô Ernani e eu (foto) passamos a conviver muito mais. Morávamos na mesma casa. Quase que diariamente, ao cair da noite, entrando na madrugada, costumavamos conversar horas e horas, sobre todos os assuntos. Ouvi muito seus lamentos de dor pela ausência de Vovó Aline. Convivi com o grande poeta do amor ausente. Acreditei que o amor pode sim, transcender à vida. Aprendi muitas lições, muito mais pelo exemplo de suas ações, no passado e no presente...
Na verdade, além da saudade pessoal que tenho dele, de tudo que recebi dele, que ,diga-se de passagem, em muito boa hora, há uma que serviu de padrão para a minha formação, serve para a dos meus filhos e servirá para meus futuros netos. Da mesma forma, não há de existir melhor "receita" para qualquer pessoa que deseja ser um verdadeiro “SER HUMANO”, com dignidade, com retidão de caráter, com amor incondicional à família... A LIÇÃO DE VIVER SEM NUNCA TRAIR A SUA CONSCIÊNCIA.
Em 1987, aos 78 anos, Seu Ernani Silva nos deixou, vítima de "saudade de Aline-aguda".
ESTA É UMA SINGELA HOMENAGEM DE GRANDE SAUDADE DO SEU NETO GEORGE HUGO SILVA MACÁRIO DE BRITO.
Hoje é um dia especial. Há um século nascia um homem raro e único, Ernani Brígido e Silva. Meu querido avô Ernani Silva nasceu em Baturité-CE, em 1909. Ainda criança, seus pais Pergentino Silva e Maria Pia Brígido e Silva, além dos seus quatro irmãos (Daíro, Elmar, Elnir e Eldon), vieram para o Crato, cidade que ele adotou para ser uma de suas grandes paixões...
Ainda muito jovem, foi balconista das Casas Pernambucanas, empresa que lhe proporcionou fecundo aprendizado, criando bases sólidas para uma brilhante e próspera trajetória no comércio. A Casa Ernani Silva era referência na Região do Cariri quanto à venda de móveis, eletrodomésticos, material escolar, motonetas, entre tantos outros artigos. Seu Ernani foi o pioneiro no abastecimento e distribuição de gás butano e de vendas de passagens aéreas, com a sua antiga companhia REAL. É bom que se diga, que Seu Ernani Silva foi um homem idealista e passional quando a questão versava sobre o desenvolvimento da Região do Cariri, tendo o Crato como principal município. A prova é a idéia da tentativa de criação do Estado do Cariri, defendida por ele e por outros bravos e saudosos cratenses, verdadeiros políticos sem mandato, espécie em extinção, na atualidade.
Mas, entre os inúmeros capítulos que marcaram a vida e a morte do meu Avô Ernani, existe um que foi decisivo: A história de um grande amor. No final da década de 30, aos 28 anos de idade, já ensaiando os primeiros passos no próprio negócio, Ernani Silva se apaixona pela jovem Aline Arraes. Tudo seria menos complicado se a moça, com apenas 15 anos, não fosse, ainda, uma das filhas do então Prefeito Municipal do Crato Alexandre Arraes de Alencar, estirpe de uma das famílias cratenses consideradas das mais tradicionais. Apesar de todas as dificuldades, os jovens Ernani e Aline seguiam ligados pelo coração. O amor dos dois era maior que tudo. Esgotadas as possibilidades para a permissão do namoro, assim como, para a realização do casamento, por conta da idade dela e dele, pela distância social e por razões outras que não interessam aos apaixonados, eis que Vovô Ernani surge com uma idéia nada convencional para a época. Pasmem! Ele resolveu “roubar a Moça”, que era filha do Prefeito. Mais uma prova da coragem de um homem que jamais temeu enfrentar as adversidades da vida, seja no amor aos negócios ou nos “negócios do amor”.
Não deu outra. Seu Ernani "carregou" a filha do Prefeito, fugindo para Brejo das Freiras, no Estado da Paraíba, fretando o "calhambeque" de Pedro Maia. Durante o caminho, meu avô foi aconselhado pelo velho taxista a voltar e desistir da fuga, da suposta loucura. Entretanto, a decisão já estava tomada em caráter irrevogável. Foi assim que ele me contou! Foi assim que aconteceu! O tempo curou todas as dificuldades e diferenças. O casal Ernani Silva e Aline Arraes foi e, ainda continua sendo, um exemplo de vida conjugal, de lealdade, de cumplicidade, modelo de um amor puro, verdadeiro e eterno. Deste casamento perfeito nasceram seis filhos (Ilze, José Milton, Aliane, Alexandre, Noemi e Luiz Ernani). Quanto ao relacionamento com o sogro, Vovô Ernani tornou-se o melhor amigo do meu Bisavô Alexandre Arraes e de Dona Noemi, sua sogra e minha Bisavó. Tive o privilégio de conviver com meus avós. Contudo, foi com Seu Ernani e com Dona Aline que tive muito mais tempo próximo, pois sou uma parte minúscula desta magnífica história. Apesar do passar dos anos, ainda trago comigo a dor de ter presenciado o desfecho do seu capítulo final, com o falecimento de Dona Aline, em 1981, aos 61 anos de saudável vida. Após esta triste e súbita perda, Vovô Ernani não nutriu mais gosto pela vida. A tristeza dele doia em toda a família.
Nos últimos anos de sua vida, ou melhor, de sobrevida, Vovô Ernani e eu (foto) passamos a conviver muito mais. Morávamos na mesma casa. Quase que diariamente, ao cair da noite, entrando na madrugada, costumavamos conversar horas e horas, sobre todos os assuntos. Ouvi muito seus lamentos de dor pela ausência de Vovó Aline. Convivi com o grande poeta do amor ausente. Acreditei que o amor pode sim, transcender à vida. Aprendi muitas lições, muito mais pelo exemplo de suas ações, no passado e no presente...
Na verdade, além da saudade pessoal que tenho dele, de tudo que recebi dele, que ,diga-se de passagem, em muito boa hora, há uma que serviu de padrão para a minha formação, serve para a dos meus filhos e servirá para meus futuros netos. Da mesma forma, não há de existir melhor "receita" para qualquer pessoa que deseja ser um verdadeiro “SER HUMANO”, com dignidade, com retidão de caráter, com amor incondicional à família... A LIÇÃO DE VIVER SEM NUNCA TRAIR A SUA CONSCIÊNCIA.
Em 1987, aos 78 anos, Seu Ernani Silva nos deixou, vítima de "saudade de Aline-aguda".
ESTA É UMA SINGELA HOMENAGEM DE GRANDE SAUDADE DO SEU NETO GEORGE HUGO SILVA MACÁRIO DE BRITO.
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