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quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Solidão Futebol Clube - Por Emerson Monteiro

Na mesa do coração da gente, vêm servidos diversos quitutes de todo sabor, medida certa das idades que fervilham secas, inexperientes, nos poros suarentos da juventude que dispara rumo ao desconhecido...
Primeiro, nas portas iniciais da infância, doce inocência se apresenta aos demais, deixando entrever multidões famélicas, sequiosos projetos de rostos vivos, umedecidos de esperança, na forma de flores multicoloridas, pessoas, outros possíveis eus, em elaboração febril. Então, jardins festivos lhes perfumam as bocas de gostosas possibilidades. Frutos resinosos escorrem aurora nos lábios abertos aos quatro ventos, apresentando, pouco a pouco, travo de pomos amargos, motivo de náuseas temperadas de beijos amenos, ao desencontro do futuro incerto.
Depois, algumas aventuras vivenciadas no aberto das manhãs radiosas, ao calor das 9h, quando véus caem leves; suaves sinais de vibração intensa que sacodem blocos metálicos de fibras íntimas, demonstrando movimentos de cordas profundas, contrariando por dentro leis requentadas de sobrevivência provável a qualquer custo, nas paixões originais. Amores desfeitos viram fantasmas, surpresas ingratas, vagas monumentais que cobrem dias, praias de passos rasos na areia quente, sonhos atroz despertados, preocupações ainda por resistir, embates de traços lindos, exóticos espelhos ovalados.
Meio-dia, porém, quando as experiências azuis nutrem arquivos de tanta memória dos poucos resultados concretos acumulados; e o estágio determina melhores estudos. Quer-se compreender sistemas externos de trabalhar sentimentos no peito dos amores independentes, fora de convencionais esquemas familiares. A sociedade, contudo, reclama tipos de procedimento que, quase sempre, tirados raros respeitáveis parceiros ajustados, reflete o senso comum de irresponsáveis amantes. Histórias milenares inundam as páginas dos folhetins, exemplos avessos que bem poderiam e não se perfezem, na realidade aberta das inundações friorentas das cheias.
Às 3h da tarde, passada a modorra, quem aprendeu, aprendeu... Houve chances disso. Alguns ainda persistem nas ranhuras errantes; coçam peles enrugadas, indiscretas, e refazem lances imaginários, admitindo, no entanto, falhas graves nas estratégias postas em campo. Alimentam nutridas vitórias, cautelosos daqueles que os ouvem, pois ninguém conta vantagem de assunto desfeito no cotidiano amoroso de lugares próximos.
Nesse tempo, carga frustrada machucando o lombo dos animais sensíveis; pensativos momentos bons viram saudade, o que poucos guardam de coisas ruins .
Fim de tarde, época contrita das bocas abertas, na velha fornalha de eras acesas, sopradas de leques agitados, asas mudas em brisas finas, no pescoço brilhante que escorre suor encantado de damas, mostra transcendental e suas rendas de saias e bicos esmaecidos, entrevistos na dobra de lençóis revirados. Afã de conquistar tresmalhadas noites perdidas, casais transferem aos rios do tempo o ardor da pele desnuda, em plumas vermelhas, nos fragores poentes e doidas lições pesarosas.
Quantas vezes restam a sós esses namorados fogosos, na descompressão de ritmos impacientes. Viram trastes inúteis que realçam nuvens brancas de horas escuras, almas penadas, vadios corações, em meio a suspiros soltos. Logo chegam convivas animados e outro banquete começa no berço das mesas em volta.

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