A possível revitalização da Usina Manoel Costa Filho S/A está criando boas expectativas tanto para os barbalhenses como para todo o Cariri. A sua reabertura gerará para a região empregos, aumento na produção de cana de açúcar e lucros para toda a região. Mas há um impasse para que a sua revitalização seja concluída, a quitação das dívidas da usina, que vão de contas tributárias a débitos trabalhistas.
A Usina foi criada no ano de 1976 e tinha seus negócios voltados para o setor sucroalcooleiro. Nos seus melhores tempos de moagem, no fim da década de 80, chegou a produzir 610 mil sacas de açúcar por mês e uma média de 35 mil litros de álcool por dia. Possuía 384 funcionários industriais e 1.100 no campo. Contribuiu com 4% do PIB do Estado na década de 80, produzindo 350 toneladas de açúcar. O tipo demerário nos anos de 1984 e 85 foi exportado para países da América do Norte, fora o tipo cristal que era distribuído para todo o Nordeste. Já o álcool era fornecido para a Petrobrás.
No fim dos anos 90 começaram as primeiras dificuldades financeiras para a Usina. Escassez de matéria prima, crise do álcool, falta de investimentos do Governo Federal e Estadual e preço da saca de cana muito inferior ao que realmente deveria ser cobrado. Essas são as versões dadas pelo atual gerente da Usina, Jaildo Borgonha, para as possíveis causas do início da crise que parou a moagem no ano de 2005.
Daí por diante a Usina parou de funcionar a parte industrial, funcionando apenas a parte burocrática. Hoje, o que resta são processos trabalhistas, máquinas paradas, dívidas com o Estado, Governo Federal, com fornecedores e de energia. Atualmente todo o patrimônio da Usina Manoel Costa Filho se encontra penhorado.
Visão dos trabalhadores
Para os trabalhadores José da Cruz e João de Almeida, que trabalharam na Usina, a realidade é bem diferente. Contam que com a chegada dos irmãos Carlos Henrique Albuquerque Maranhão e Fernando Albuquerque Maranhão as coisas começaram a mudar. “Acredito que na verdade o que houve foi uma má administração da coisa, daí tudo virou uma bola de neve. Começou a atrasar os salários, faltar energia, e os fornecedores não queriam mais abastecer a Usina com as canas. Há anos esperamos nossos direitos e nada acontece. Esperamos que com a revitalização possamos receber os atrasados”. Conforme os mesmos, acordos já foram feitos, mas mínimos em relação ao que se tem a quitar. Os nomes dos trabalhadores são fictícios para preservar a identidade dos mesmos.
Visão dos Proprietários
Fernando Albuquerque Maranhão Filho, sobrinho de um dos proprietários, confirma que muitas dívidas se acumulam, mas todas serão quitadas, principalmente a dos trabalhadores. “No início do mês de novembro deste ano foi realizada uma avaliação organizada pelo Governador Cid Gomes e o Secretário do Desenvolvimento Agrário Camilo Santana na Usina. Essa visita avaliativa é para analisar a possível recuperação da mesma. Acredito eu, que vai dá certo. E a nossa primeira atitude é pagar todos os nossos funcionários e quem sabe contratá-los novamente”.
A dívida
A dívida trabalhista chega a 12 milhões de reais e é corrigido ao dobro a cada quatro anos. Há casos que perduram desde o ano de 1987. Já houve a tentativa de quatro leilões para a venda da Usina, mas apenas um aconteceu de fato. O que ocorreu é que não houve comprador. Os outros leilões foram embargados pelo Tribunal alegando o baixo valor dado à Usina, que vale de 9 a R$ 10 milhões de reais.
Para o Juiz Hermano Queiroz Júnior, com o interesse do Governo em sua revitalização é possível que o leilão seja realizado em breve. “Já há pedidos de compradores. Acredito que logo no primeiro semestre de 2010 as coisas se resolvam”. De acordo com o mesmo, não importa quem seja o comprador, automaticamente a Justiça abrirá uma conta em nome dos ex - funcionários para o pagamento.
Por Nina Luíza Carvalho para o Jornal do Cariri
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