É claro que não é para existir nada fora do totalitarismo de Mercado. Desde a água para beber até o transplante de órgãos se encontram condicionados às regras de acumulação, extração de mais valia do trabalho e remuneração do capital pela renda das famílias. Esta questão se torna mais intensa quando o produto demandado é construído em processos dependentes de ciência e tecnologia.
A minha geração de profissionais de saúde foi aquela que mais intensidade pôde observar na transição da assistência de saúde. Desde os anos 60 que, fora do complexo industrial militar, quem mais absorveu tecnologia foi a medicina. Em outras palavras quem mais remunerou a empresa de tecnologia, que hoje opera em bolsa, foi a demanda por saúde. A doença se tornou a grande financiadora no espaço da química física, da aparelhagem biofísica, no desenvolvimento eletroeletrônico e de sistemas computacionais.
O mais impressionante é que até mesmo a fisiopatologia (que estuda as doenças) ficou a reboque das demandas geradas à partir do desenvolvimento de certas tecnologias. Quando, por exemplo, se desenvolveu as técnicas de imagem capazes de fazer verdadeiros cortes anatômicos, de examinarem densidades nos diversos tipos de tecidos biológicos, novas entidades clínicas passaram a ser classificadas. Todas elas dependentes de tais tecnologias.
Não é exagero se dizer que a provocação não vem mais das queixas de sinais e sintomas das pessoas, mas daquilo que a tecnologia identifica e por ela mesma demanda outras análises tecnológicas. Hoje um médico ao conversar com uma pessoa pode estar diante de uma verdadeira e longa árvore de decisões, com grandes troncos, todos eles cheios de frutos tecnológicos diferentes entre si.
A terapêutica (que cuida da cura) não ficou atrás. São tantos produtos químicos, bioquímicos, antibióticos, anticorpos, vacinas, estimuladores da imunidade e tecidos entre outras enormes famílias que a especialização é a regra. Os processos cirúrgicos estão pleno de tecnologia incorporada. Cada vez mais pessoas sobrevivem inteiramente às custas de medicamentos e outros recursos terapêuticos.
Quando se fala em valor agregado, pode pensar na medicina que você não errará. Qual o resultado de um mundo com esta tecnologia toda em saúde sendo remunerada em bolsa de valores? Uma grande tensão social. Um relatório divulgado hoje pela OMS releva que: “1 bilhão de pessoas no mundo todo não tem condições de arcar com gastos relativos à saúde, e cerca de 100 milhões caem na pobreza todos os anos por causa desse tipo de gasto.”
Observaram o drama não só as pessoas não têm acesso, como o cuidar da saúde quebra economicamente as famílias. A cada ano a metade da população de uma grande nação como o Brasil vai a falência por gastos com saúde. E aí diante de um quadro deste retornam a velhas e não ultrapassadas idéias dos séculos XIX e XX: o socialismo e a social democracia. Isso na contramão do arrocho nos direitos sociais provocados pela crise econômica nos países centrais.
Enfim, mais um chute na paz dos neoliberais: a ONU recomenda que se criem impostos para financiar a saúde e que estes impostas recaiam sobre transações financeiras e remessas de lucros para o exterior.
A minha geração de profissionais de saúde foi aquela que mais intensidade pôde observar na transição da assistência de saúde. Desde os anos 60 que, fora do complexo industrial militar, quem mais absorveu tecnologia foi a medicina. Em outras palavras quem mais remunerou a empresa de tecnologia, que hoje opera em bolsa, foi a demanda por saúde. A doença se tornou a grande financiadora no espaço da química física, da aparelhagem biofísica, no desenvolvimento eletroeletrônico e de sistemas computacionais.
O mais impressionante é que até mesmo a fisiopatologia (que estuda as doenças) ficou a reboque das demandas geradas à partir do desenvolvimento de certas tecnologias. Quando, por exemplo, se desenvolveu as técnicas de imagem capazes de fazer verdadeiros cortes anatômicos, de examinarem densidades nos diversos tipos de tecidos biológicos, novas entidades clínicas passaram a ser classificadas. Todas elas dependentes de tais tecnologias.
Não é exagero se dizer que a provocação não vem mais das queixas de sinais e sintomas das pessoas, mas daquilo que a tecnologia identifica e por ela mesma demanda outras análises tecnológicas. Hoje um médico ao conversar com uma pessoa pode estar diante de uma verdadeira e longa árvore de decisões, com grandes troncos, todos eles cheios de frutos tecnológicos diferentes entre si.
A terapêutica (que cuida da cura) não ficou atrás. São tantos produtos químicos, bioquímicos, antibióticos, anticorpos, vacinas, estimuladores da imunidade e tecidos entre outras enormes famílias que a especialização é a regra. Os processos cirúrgicos estão pleno de tecnologia incorporada. Cada vez mais pessoas sobrevivem inteiramente às custas de medicamentos e outros recursos terapêuticos.
Quando se fala em valor agregado, pode pensar na medicina que você não errará. Qual o resultado de um mundo com esta tecnologia toda em saúde sendo remunerada em bolsa de valores? Uma grande tensão social. Um relatório divulgado hoje pela OMS releva que: “1 bilhão de pessoas no mundo todo não tem condições de arcar com gastos relativos à saúde, e cerca de 100 milhões caem na pobreza todos os anos por causa desse tipo de gasto.”
Observaram o drama não só as pessoas não têm acesso, como o cuidar da saúde quebra economicamente as famílias. A cada ano a metade da população de uma grande nação como o Brasil vai a falência por gastos com saúde. E aí diante de um quadro deste retornam a velhas e não ultrapassadas idéias dos séculos XIX e XX: o socialismo e a social democracia. Isso na contramão do arrocho nos direitos sociais provocados pela crise econômica nos países centrais.
Enfim, mais um chute na paz dos neoliberais: a ONU recomenda que se criem impostos para financiar a saúde e que estes impostas recaiam sobre transações financeiras e remessas de lucros para o exterior.
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