Alguns leitores estão aí no mural do Blog do Crato, perguntando SE ou PORQUÊ seria proibido construir edifícios altos em Crato. Antes de tudo, é bom que se esclareça uma verdade: Não é proibido construir edifícios altos em Crato, mas existem leis que regulamentam até que altura EM CERTAS ÁREAS da cidade esses edifícios podem ser construídos. Se de 2, 3 ou mais pavimentos.
O objetivo maior dessas leis é preservar nosso patrimônio maior, a Chapada do Araripe. Diversas pessoas têm raiva do atual prefeito do Crato, Samuel Araripe, por ter proibido construções muito altas próximas da Chapada. Esquecem que ali é uma área de preservação ambiental, embora muita gente inescrupulosa não faz a mínima idéia do que seja PRESERVAÇÃO AMBIENTAL, mesmo em pleno século XXI, quando o mundo todo luta para salvar o planeta, e assim, salvando a nossa própria civilização.
Alguns pensam que à força do Dinheiro, podem comprar tudo, até a consciência ecológica e a vida. Não é bem assim. Entendendo que certas áreas precisam ser preservadas, e evitar o que aconteceu na orla marítima, em Fortaleza, quando construíram na década de 80 inúmeros arranha-céus que bloquearam as correntes de ar que vêm do oceano para a cidade, a mesma coisa poderia acontecer no Crato. Se construirmos paredões de edifícios a uma certa distância da Chapada do Araripe, os danos ambientais serão gigantescos. Segundo projetos e leis formulados por especialistas, o Crato foi demarcado, e somente à partir de determinada distância da Chapada do Araripe é que se pode construir arranha-céus.
Estive entrevistando Dr. Nivaldo Soares, Secretário do Meio-Ambiente do Crato na semana passada sobre este assunto, e conversando por quase 1 hora, dentre os inúmeros aspectos abordados, um dos principais é essa preocupação em restringir em certas áreas, a construção de arranha-céus. Entretanto, o secretário nos comunicou que em muitas áreas da cidade, isso é permitido; Por exemplo, nada impede que no Centro do Crato sejam construídos. Não há qualquer restrição legal quanto a isso. Já no bairro do Seminário, em certas áreas onde circulam correntes de ar, somente edificações de até 2 ou 3 pavimentos. Na Vilalta, não há limite ( teórico ) de altura, por entender que a Vilalta já se encontra muito distante da Chapada e não prejudicaria os ventos ( embora, este repórter seja contra e ache que deveriam ser proibidos também ).
Na verdade, se todo mundo começar a construir edifícios indiscriminadamente no Crato, vai acontecer o fenômeno que hoje assombra a cidade de São Paulo: O aquecimento do centro. São Paulo, hoje em dia, não consegue "esfriar", porque ali gerou-se tanto calor que não há como se dissipar para as proximidades, então forma-se um núcleo quente, e permanente. As cidades do mundo moderno se preocupam com os projetos e com o fator ecológico. Existem projetos que racionalizam o uso do espaço, da terra, das águas. Não se pode pensar mais em crescimento desordenado de uma cidade, como em Juazeiro do Norte, por exemplo, sem projeto, onde ruas estreitas, que só cabem carroças, convivem em pleno século XXI com grandes avenidas, de forma caótica.
É preciso que comece a existir no cariri uma consciência ecológica, consciência do uso racional dos recursos naturais, e do mundo que queremos deixar para nossos filhos e netos. Quando o prefeito Samuel Araripe negou a construção de edifícios e de um conjunto habitacional no sopé da Chapada do Araripe a vários empreendedores de fora, tomou a decisão correta, porque embora foram ao gabinete oferecer vantagens ao prefeito e arrecadação de IPTU para o município, o prefeito entendeu que muito mais importante neste momento que uma mísera arrecadação, é que neste momento, possamos preservar o nosso maior patrimônio: A Chapada e a Floresta do Araripe. Isto não implica em reprovar o progresso. De forma alguma! Existem hoje inúmeras áreas no município, que por sinal, é muito extenso, em que podem ser construídos edifícios, conjuntos habitacionais e fábricas, e quem desejar construir nessas áreas, tem total aval da administração. O que não podemos fazer, é por força do "Vil Metal", destruir a única coisa que distingue o Crato de tantas cidades do nosso cariri, que já começaram a depredar o seu patrimônio ecológico.
Vamos construir, decerto. O Crato precisa crescer. Mas precisa crescer de modo ecologicamente correto, aonde a ganância de alguns não possa sobrepujar os grandes valores do nosso planeta e dos padrões de civilidade.
Por: Dihelson Mendonça
Assessoria de Imprensa - Governo do Crato
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