A questão da cultura não se encontra no artista. Ela é da sociedade. Que não é um ser isolado: recebe pressões externas o tempo todo.
A rigor o Cariri é um encontro entre uma classe média globalizada (ou semi) e uma média cultural popular do interior nordestino. Não apenas a cultura de classe média recebe pressões externas, a cultura popular, mesmo a religiosa, pertence ao universo em transformação do interior brasileiro.
O dado pessimista é que em países continentais bem sucedidos como os EUA, a cultura permaneceu poderosa nos extremos do leste e do oeste e o interior estagnou-se num plasma ressentido. O Brasil da face dinâmica do litoral repete o mesmo, igual ocorre no Ceará: Fortaleza galvaniza os meios, mas tem um dom de banalizar o que recebe do interior. Igual não ocorre em Recife. Talvez a cidade nordestina mais importante em termos de cultura.
Se pegarmos uma referência em música, por exemplo, é melhor o Mangue Beat de Recife do que o Forró Eletrônico de Fortaleza. Enquanto o primeiro atrai a cultura popular para o caldo do encontro de classes e constrói a personalidade de uma sociedade, a segunda é apenas a criatividade apelativa para o prazer turístico da dança.
Pelo que leio nos blogs da região, o Salatiel, José Flávio, Cacá, Pachelly, Abidoral, José Nilton, entre tantos para não cometer esquecimento de nomes importantes, buscam esse encontro. Por vezes com certa ingenuidade de volta às raízes, em busca de um encantado que se revelará. Por certo se revelará, pois entremeia cada segundo da região. A verdade é que precisam mesmo fazer o que fazem e cada vez com mais ousadias: praticar a “antropofagia” das raízes da cultura popular.
Praticar o coletivismo, expressar-se muitas e várias vezes ao ano. Fazer isso que fazem: buscar financiamento, ocupar os espaços culturais da classe média tradicional e como o Cacá ir para os espaços da periferia das cidades médias e para as praças centrais das cidades interioranas.
Na região tem blog, televisão, rádio, jornais, editoras e gravadoras. Este coletivo cultural além de atrair nomes representativos da cultura popular, tem de pensar sobre a existência destes meios e construírem um plano estratégico para a ocupação dos mesmos. Não existem (ainda) condições de apropriá-los, mas de ocupá-los com uma expressão tão necessária da qual este meios não possam se desprender.
Uma nota coletiva, por exemplo, para o jornal O Povo é necessária a respeito daquele artigo que apenas enxerga o umbigo cultural do litoral. Que tal um manifesto de intenções deste coletivo se já não fizeram? Que tal tornar conhecido alguns pontos de promessa para a sociedade?
As eleições municipais se aproximam: construam políticas e estratégias de ocupação junto com candidatos progressistas. Nunca esqueçam que a cultura não é meramente para lazer e para artistas: ela está nos programas de saúde pública, na educação básica, na universidade, nos meios de comunicação social, no lazer e, claro, no modo de se comportar da sociedade em face da enorme pressão externa por transformação.
A rigor o Cariri é um encontro entre uma classe média globalizada (ou semi) e uma média cultural popular do interior nordestino. Não apenas a cultura de classe média recebe pressões externas, a cultura popular, mesmo a religiosa, pertence ao universo em transformação do interior brasileiro.
O dado pessimista é que em países continentais bem sucedidos como os EUA, a cultura permaneceu poderosa nos extremos do leste e do oeste e o interior estagnou-se num plasma ressentido. O Brasil da face dinâmica do litoral repete o mesmo, igual ocorre no Ceará: Fortaleza galvaniza os meios, mas tem um dom de banalizar o que recebe do interior. Igual não ocorre em Recife. Talvez a cidade nordestina mais importante em termos de cultura.
Se pegarmos uma referência em música, por exemplo, é melhor o Mangue Beat de Recife do que o Forró Eletrônico de Fortaleza. Enquanto o primeiro atrai a cultura popular para o caldo do encontro de classes e constrói a personalidade de uma sociedade, a segunda é apenas a criatividade apelativa para o prazer turístico da dança.
Pelo que leio nos blogs da região, o Salatiel, José Flávio, Cacá, Pachelly, Abidoral, José Nilton, entre tantos para não cometer esquecimento de nomes importantes, buscam esse encontro. Por vezes com certa ingenuidade de volta às raízes, em busca de um encantado que se revelará. Por certo se revelará, pois entremeia cada segundo da região. A verdade é que precisam mesmo fazer o que fazem e cada vez com mais ousadias: praticar a “antropofagia” das raízes da cultura popular.
Praticar o coletivismo, expressar-se muitas e várias vezes ao ano. Fazer isso que fazem: buscar financiamento, ocupar os espaços culturais da classe média tradicional e como o Cacá ir para os espaços da periferia das cidades médias e para as praças centrais das cidades interioranas.
Na região tem blog, televisão, rádio, jornais, editoras e gravadoras. Este coletivo cultural além de atrair nomes representativos da cultura popular, tem de pensar sobre a existência destes meios e construírem um plano estratégico para a ocupação dos mesmos. Não existem (ainda) condições de apropriá-los, mas de ocupá-los com uma expressão tão necessária da qual este meios não possam se desprender.
Uma nota coletiva, por exemplo, para o jornal O Povo é necessária a respeito daquele artigo que apenas enxerga o umbigo cultural do litoral. Que tal um manifesto de intenções deste coletivo se já não fizeram? Que tal tornar conhecido alguns pontos de promessa para a sociedade?
As eleições municipais se aproximam: construam políticas e estratégias de ocupação junto com candidatos progressistas. Nunca esqueçam que a cultura não é meramente para lazer e para artistas: ela está nos programas de saúde pública, na educação básica, na universidade, nos meios de comunicação social, no lazer e, claro, no modo de se comportar da sociedade em face da enorme pressão externa por transformação.
3 comentários:
Embora de abordagem um pouco superficial, ao meu ver, há um princípio de fagulha de verdade na análise do comportamento social e outras questões apontadas pelo Zé do Vale neste texto.
Um dos erros foi quase resvalar o Mangue Beat com o Forró Eletrônico, coisa que está na realidade a anos-luz de Distância.
O mangue Beat é um movimento autêntico, que tem princípio, meio e fim. Possui uma filosofia muito bem definida. Já o Forró Eletrônico, que empesteia nossas estações de Rádio através do JABÁ, não possui qualquer compromisso com a Arte. O único compromisso do Forró Eletrônico é com o lucro desenfreado praticado pelos proprietários das bandas ( ou Bundas de Forró ). Não há vida inteligente por trás disso.
Costumo dizer que o Pernambuco e a Paraíba é quem ainda sustentam o Nordeste. E isso vai muito além da música, a minha especialidade. Não há como comparar Recife a Fortaleza.
Por outro lado, na esfera cultural caririense, não há qualquer sentido de retorno às artes dos anos 70 nos movimentos artísticos atuais. Há uma sobreposição de camadas, e aqueles vem apenas como um reflexo de um tempo agora distante. O que temos, é uma aglutinação de tendências já apontadas em outras regiões do planeta, pela globalização.
Não se concebe hoje, por exemplo, um mundo disperso em que um comboeiro da Chapada do Araripe não tenha sido influenciado pela música de Michael Jackson. Na verdade, muitos artistas fogem da velha fórmula do Massafeira, que já nos soa como arte atrasada e suspensa no tempo. Apenas alguns setores mais retrógrados e francamente nostálgicos da Capital querem reviver aqueles movimentos. Puro Saudosismo.
Nós outros, na vanguarda, buscamos o hoje, o futuro, o pós-Massafeira. O pós pós moderno.
Não compomos como há 20 anos atrás. Não queremos outro Cazuza nem outro Caetano simplesmente. Estamos ligados à modernidade. Estamos mais para Justin Bieber do que para um Ednardo. Mais para uma Lady Gaga do que para Edith Piaf.
O Cariri mudou muito nos últimos anos. Há toda uma nova geração internética que soube muito bem incorporar a modernidade e incluir essa coisa toda num caldeirão cultural que molda a nova Arte e Cutura Globalizada do Cariri, sin perder la naturalidad.
Basta ver isso nas músicas apresentadas nos últimos Festivais da Canção, na variedade, na diversidade, em que se revelaram inúmeros talentos autênticos, que souberam transpor com muita maestria os clássicos movimentos setentistas, sem precisar ter de enforcar a Arte dos nossos ancestrais. Ainda bem !
Dihelson Mendonça
Dihelson concordamos no essencial. Não considero a questão da superficialidade, a intenção não era aprofundar, apenas tocar no assunto que o Cacá trouxe de um artigo publicado no Povo. Não resvalei no Mangue com Forró, simplesmente, com outras palavras, disse o que você repete com outras. Por último, de qualquer forma a globalização não é desprovida de história, até por que não se resume ao mecanismo amplo de trocas. Na verdade a externalidade da cultura não acontece sem o senso interior de quem recebe as influência de fora. E sendo histórica, haverá sempre a possibilidade de cotejar Lady Gaga como fenômeno de mídia e Piaf como base de um movimento social francês.
Obrigado pela sua manifestação. Este assunto deve ser objeto de reflexão. Os que escrevem nos blogs têm de refletir muito. Abraços e aproveito para desejar-lhe muitas energias para o ano que vem.
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