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segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

A FORÇA DO GESTO COLETIVO

Foto de Cacá Araújo
 

O movimento comunitário já traz em sua denominação a ideia de coletivo, de ação, de comunidade. No contexto da luta política evoca a tarefa reivindicatória das entidades representativas dos moradores de um bairro, de uma vila, de um distrito, junto aos poderes constituídos, especialmente o executivo. Isso é o usual e beira a mesmice, chegando, em muitos casos, a ser instrumento de negócio eleitoreiro engendrado por lideranças hipócritas e avessas aos verdadeiros interesses do povo.

Entretanto, há outro percurso a ser trilhado: a organização das massas populares em defesa do anseio comum. O movimento comunitário tem que assumir sua função revolucionária de educar permanentemente o povo na prática das lutas transformadoras. É a busca incansável do necessário gesto coletivo: a fusão de atitudes a partir da tomada de consciência de que é preciso mudar. E a mudança primeira é no campo das idéias, na compreensão das injustiças e mazelas sociais como resultantes do capitalismo, este monstro que dilacera a alma e escraviza o corpo. E na esperança de que um novo modo de viver é possível.  Daí nascerá a revolta e a insurreição. E nada nem ninguém poderá deter a força do gesto coletivo.

Bertolt Brecht (1898-1956), dramaturgo, poeta e encenador alemão, faz uma séria advertência através de seu poema “Nada é impossível de mudar”:

"Desconfiai do mais trivial, na aparência singelo.
E examinai, sobretudo, o que parece habitual.
Suplicamos expressamente: não aceiteis o que é de hábito
como coisa natural, pois em tempo de desordem sangrenta,
de confusão organizada, de arbitrariedade consciente,
de humanidade desumanizada, nada deve parecer natural,
nada deve parecer impossível de mudar.”

O povo, esta é uma verdade absoluta, já acumulou, ao longo da história, todos os dissabores da exploração, da miséria, da opressão, da violência, do preconceito, da tirania, da ira de deuses de barro e papel...

Que tudo isso, portanto, provoque a combustão ativadora da consciência popular e sacuda do movimento comunitário a poeira da subserviência, do lugar-comum, do oportunismo, da inércia. Assim, creio, se forjará como peça fundamental na edificação da justiça social.

Cacá Araújo
Professor, Dramaturgo, Folclorista, Cidadão

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