O nativo brasileiro, um dos protagonistas da história que se conta aos fragmentos em Ceará: Economia, política e sociedade
O livro "Ceará: Economia, política e sociedade", organizado por pesquisadores do Departamento de História da UFC, permite uma nova visão acerca de aspectos do passado cearense
Uma compilação de trabalhos recentes, desenvolvidos por pesquisadores do Programa de Pós-graduação do Departamento de História da Universidade Federal do Ceará (UFC), revisa o que sabemos sobre o estado em diversos períodos, desfazendo mitos, aprofundando estudos e auxiliando a reforçar a larga trama da história cearense.
O livro "Ceará: Economia, Política e Sociedade (Séculos XVIII e XIX)", sétimo e último volume da Coleção História Social, representa um esforço de pesquisadores da instituição para democratizar o conhecimento, permitindo à população maior acesso aos estudos desenvolvidos na academia.
Segundo um dos organizadores, Mário Martins Viana Júnior, doutorando em História Cultural pela Universidade Federal de Santa Catarina, a proposta de uma compilação de estudos sobre o Ceará surgiu a partir de sua experiência em sala de aula.
"Fui docente da disciplina de História do Ceará na UFC e, nesse período, observei que havia uma renovação na escrita da história cearense que ainda não tinha sido contemplada com publicações. Procedi, então, à reunião de diferentes estudos sobre assuntos que tiveram como recorte temporal os séculos XVIII e XIX".
Para o historiador, a obra é "sem dúvida uma aula de História do Ceará", como salienta.
Conteúdo - Composta de oito artigos, a obra trata sobretudo de capítulos da capitania do Siará Grande: a economia está representada no estudo das operações comerciais de carne-seca; a política e os trâmites administrativos, em artigo sobre regulamentações de concessões de sesmarias; e os aspectos sociais, em pesquisas sobre a atividade científica e médica na capitania. Além das novas leituras sobre o Siará grande, os períodos colonial e imperial também estão presentes, observados a partir das eleições, das questões de gênero e até das epidemias que assolaram vilas como Maranguape, atualmente distante 27 quilômetros da capital Fortaleza, e como medidas higienistas foram operacionalizadas na localidade.
"Ao leitor, a obra oferece uma nova visão sobre a cultura do charque na história. Para além da circulação local, o estudo do prof. Almir mostra como o charque estava imerso em uma perspectiva nacional e internacional", explica Mário Martins. Seu trabalho, escrito em parceria com Cecília Alencar, ajuda a desfazer o mito da mulher subserviente, analisando a história de mulheres que se tornaram grandes proprietárias de terra no Ceará colonial.
Coleção - Produzida com o apoio da Instituição Frei Tito de Alencar, sob a coordenação do professor doutor Francisco Régis Lopes, a Coleção História Social, além de socializar os trabalhos desenvolvidos na universidade, representa o sucesso dos pesquisadores cearenses em incursões pelos métodos originários da francesa Escola dos Annales, que priorizava a observação, o registro e a reflexão do passado não apenas a partir de datas, fatos e indivíduos da elite, mas através dos sujeitos comuns, responsáveis também pela construção dos costumes e do imaginário de sua época.
A coleção possui sete volumes, todos constituídos de compilações de artigos. O livro de estreia, "Futuro do Pretérito", lançado no ano passado, aborda aspectos metalinguísticos da História enquanto disciplina e da História dos Museus. Os títulos subsequentes (2,3 e 4) têm por foco Fortaleza: cultura, cidade, política, trabalho e gênero. Nos livros 5 e 6, intitulados "Por linhas tortas", são propostos diálogos interdisciplinares sobre questões de gênero.
Fonte: Diário do Nordeste
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