VÁ AO TEATRO!!!
O pecado de Clara menina, como uma maldição, é o fato que desencadeia uma série de outros pecados cometidos por gente do reino: ambição, ira, adultério, poligamia, luxúria...
Clara, filha do Rei de Mont’Alverne, é flagrada por um Caçador ambicioso em namoro exagerado com Dom Carlos de Alencar. Ela e seu amante lhe fazem promessas de bens e riquezas para que ele não revele ao Rei o que presenciara, mas este se mostra determinado a contar ao monarca e “para um bom prêmio ganhar”. No momento em que conversam, Secundina, a prima de Clara, uma sujeitinha abirobada muito feia e atirada, surge e se enamora do Caçador, que a recusa e ela promete vingança.
Chegando ao castelo, o Caçador narra o que vira ao Rei, que se revolta com a revelação do caso em público e manda o Carrasco cortar-lhe o pescoço, sendo salvo pela Prima Secundina ao inventar ter sido estuprada por ele e desejar casar-se para não manchar a honra da família.
Atendendo aos pedidos de sua Rainha em favor de sua filha e de Dom Carlos, o Rei resolve poupar a vida dos dois pecadores e os faz casarem-se, em grande festa para a qual convida toda a nobreza. Estando presente ao casamento a Baronesa Malaguêta, viúva do Barão do Riacho Fundo, e suas feias e invejosas filhas Solana e Luana, cria-se um típico ambiente de fofocas. E eis que aparece o Conde de Santa Fé, a quem o Barão havia prometido a mão de uma de suas filhas. Mas, sendo ele velho, corcunda e manco, apesar de rico, desperta o desprezo das irmãs, que permanecem alvos da alcoviteirice da mãe, de olho na boa-vida que pode ter.
Outro pecado ocorre, desta vez, quando a Baronesa Malaguêta se entrega a um caso amoroso com o Frei Caneco. Para surpresa de ambos, o Barão do Riacho Fundo retorna de sua longa jornada, depois de já ter sido considerado morto, e se depara com sua mulher aos beijos e abraços com o frade, numa vereda da floresta. O ciúme e a ira tomam conta dele, que resolve duelar com o Frei Caneco numa luta de espadas. Temendo pela morte de um deles, a Baronesa resolve interromper a luta ameaçando se matar. Propõe a interrupção da disputa, resolve ficar com seu marido ex-defunto e sugere que o Frei Caneco retorne à igreja. Atendendo as exigências, eles cessam a luta. Na saída para casa com o Barão, ela pisca o olho para o frade, sinalizando que o caso amoroso continuará.
No final, todas as moças estão grávidas e as crianças nascem em meio a uma grande confusão, todas elas ao mesmo tempo, no salão do Castelo de Mont’Alverne.
“O PECADO DE CLARA MENINA” é um pequeno conto narrado em versos populares (intencionalmente com todas as rimas em “ar”), cujas personagens evidenciam a sedução, o amor, a traição, o pecado, a ambição, a crueldade dos poderosos, tudo por meio de linguagem e motivação brincante, cômica, sertaneja e universal. Não tem pretensão moralizadora como os autos da Idade Média, é apenas uma brincadeira de bom gosto, ao sabor dos nossos contadores de causos.
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