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quarta-feira, 9 de julho de 2008

Senhor Asfalto, seja bem vindo!


Ninguém discute a utilidade de uma via com seu pavimento em bom estado de conservação, apto a proporcionar um rodar suave aos veículos que ali trafegam. É natural que uma cidade necessite de ruas e avenidas asfaltadas, uma vez que esse pavimento favorece o rápido escoamento do tráfego destas. As outras poderiam, e deveriam, utilizar o conhecido paralelepípedo ou pedra tosca como pavimento, o não menos famoso: calçamento. Em áreas de pouco tráfego, como zonas residenciais, é indicado o uso de asfalto apenas nas avenidas, deixando suas ramificações, as ruas, à serem calçadas com pedras.

O calçamento é sim amigo da cidade. Entre outras características permite, ao contrário do asfalto, infiltração de água no solo o que diminui o poder de arrasto e destruição desta quando do seu escoamento no período de chuvas. O calçamento também promove um impacto bem menor no aumento da temperatura da cidade, do que o negro derivado do petróleo. Quanto a sua durabilidade, desde que bem executado, tem vida útil infinitamente superior a do asfalto, que “odeia” chuva. Há ainda outro atrativo, o da segurança dos pedestres. Graças a sua irregularidade característica impossibilita, ou pelo menos dificulta, o trânsito à grandes velocidades, contribuindo assim na redução do índice de acidentes graves.

É assim no mundo todo. Em países onde a memória está por onde se anda, como na Inglaterra, Estados Unidos e Espanha, é comum encontrar no centro das grandes cidades, ruas inteiras que preservam seu pavimento original, o calçamento, trazendo beleza e preservando a história daquele lugar. Há muito que se fazer no Crato com relação a: conservação, promoção e preservação do patrimônio arquitetônico da cidade, como bem resgatou, em seu livro, o arquiteto Waldemar Arraes. Infelizmente, há ainda uma “cultura”, ou entendimento, de que o asfalto é sinal de progresso e desenvolvimento. Parece que o asfalto por si só traz este status de grande cidade, quando na verdade é um dos benefícios mais fugazes que o cidadão pode usufruir. Este terá, mais cedo do que tarde, de ser recuperado, total ou parcialmente, dependendo de sua composição, com areia ou com brita, à quente ou à frio. Outros benefícios como saneamento básico, abastecimento de água, hospitais, escolas, praças e calçadas, têm vida mais longa e de mais demorada recuperação, porém causando menor “impacto visual...”.

Seja muito bem vindo o asfalto, que agora chega às principais ruas de nossa cidade. Sem querer criticar o que está sendo feito, ou discutir a durabilidade, ou composição deste, cabe aqui, louvar a recuperação desta malha viária e aclamar o calçamento como opção, em alguns casos, e como indicação mais adequada em outros, sendo os dois proporcionalmente valorosos. Cabe aqui, portanto, reconhecer a importância de cada tipo de pavimento, e apontá-los como promotores do melhoramento da qualidade de vida da população.
Nossos carros agradecem!

Dimas de Castro e Silva Neto, M.Sc.

Eng. Civil, Prof. do Departamento de Construção Civil da URCA