O HOMEM E A ILUSÃO DA POSSE S
Se  formos parar para refletir um pouco, veremos que nesta terra, nada nos  pertence. Somos meros guardiães temporários de tesouros alheios. Estamos  aqui por um breve período, e um objeto material que hoje nos pertence,  já pertenceu a outros antes de nós, e pertencerá a tantos outros, depois  que deixarmos essa existência. O que temos afinal nessa vida ?
Temos uma leve "ilusão de posse".
Se  observarmos bem, veremos que um espaço de 70 anos, que é a vida média  de um indivíduo, nada representa no contexto cósmico da existência, nada  adiciona em termos de tempo do universo, que tem cerca de 15 Bilhões de  anos. Somos mais uma entre 6 bilhões de pessoas iguais a nós, cada uma  lutando por um lugar ao sol, com as mesmas dificuldades, com sonhos, com  anseios, e que faz parte de uma dentre 3.000 outras espécies que  convivem nesse pequeno pontinho de poeira cósmica chamado de planeta  Terra, que gira em torno de uma diminuta estrela que é apenas uma entre  100 bilhões de outras, de uma galáxia que é mais uma entre outras 100  bilhões de galáxias do universo, e que está fadado a um dia desaparecer.
NADA SOMOS!Nem  nossa roupa nos pertence. Nada trouxemos, nada levaremos. Nem nosso  corpo físico nos pertence! Nada podemos fazer para encurtar ou prolongar  os nossos dias aqui na terra.  A única coisa que temos de fato, é este  sopro de vida, que veio de um útero, aonde todos fomos gerados.
Essa é a única verdade. Todo o resto é ilusão.
Nem  propriedades, nem dinheiro, nem posse alguma deve ser motivo de orgulho  a alguém na condição humana. Somos como outro bicho qualquer, como uma  barata, por exemplo, que tem uma cabeça e patas. Quebrem uma das pernas e  esse animal sairá se arrastando pelo chão. Quebrem-lhe o pescoço e se  comportará igual a uma galinha morrendo asfixiada. Não somos diferentes,  decerto! Temos o mesmo sangue vermelho correndo nas veias igual a  qualquer animal. O que nos difere dos outros seres, é a consciência do  estar vivo momentaneamente. É poder traçar o curso por onde 
queremos ir, muito embora nem sempre tenhamos o 
PODER de realizá-lo. A única coisa que temos de fato, é esta vida que nos foi dada como dom gratúito.
De  fato, nossas mães deveriam ser as pessoas mais amadas e reverenciadas  no centro de nossas vidas, pois elas nos proveram desse singular e  relevante bem mais precioso: O de estar com os nossos colegas do  planeta, pois em muito breve, ao pó retornaremos para sermos novamente o  que éramos antes de aqui existirmos.
Minha amada mãe, eu te  agradeço por me dares a chance de passar uns poucos dias aqui nesta  terra, e que essa estada possa ser útil de alguma forma à humanidade.
- Obrigado por me trazer do lodo, da pedra, do barro de que fui gerado.
- Obrigado pelo sopro de vida que fez meu coração bater pela primeira vez.
- Obrigado pelo primeiro movimento dos pulmões, que trouxe um outro e em seguida, mais um outro até hoje.
- Obrigado por me fazer enxergar a luz do mundo, em meio a tantas dores.
- Obrigado pelas noites de vigília, em que ficavas ao meu lado velando meu sono, e cuidando das minhas muitas enfermidades.
- Obrigado por me dar amigos a quem pude chamar de irmãos.
-  Obrigado por tantas e tantas coisas que não posso aqui escrever, e que  representam tudo o que sou e o que sei. Mas acima de tudo, obrigado pela  chance única de viver, de poder contemplar o universo e de gritar no  mais alto dos tons: "Estou vivo! Eu Existo!" ainda que seja por um  breve, porém feliz tempo.
Hoje o universo ficou mais belo. Porque  eu sei que tu existes, e que nada do que fizeste por mim será em vão. E  que bom que vivi tempo suficiente para compreender todas essas coisas  que uma criança ou um adolescente jamais compreenderia. Acima de tudo,  obrigado por me concederes o dom da VIDA.
Dihelson MendonçaNa  Foto: A minha mãe, Haydée, em sua segunda Formatura após os 60 anos de  idade. Exemplo de vida, de trabalho e de dedicação. Acorda todos os dias  às 06 da manhã para o trabalho, e só sai às 18:00, fazendo isso há pelo  menos 55 anos no serviço público. Nunca deixou de acreditar na força do  trabalho e nas grandes virtudes do ser humano. A você, dedico este  pequeno artigo.