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domingo, 26 de dezembro de 2010

Uma conversa nos bastidores com um amigo dos anos 70 , me fez lembrar Carlos Rafael





O assunto principal para mim  é música. A música transformadora da realidade, a música que faz a flor perfumar o ambiente, a vida. O "rock" surgiu para mim como rebeldia, como a contestação do status quo, anos 70 - nos 60s, eu (ou) via não entendia, criado na roça, a música caipira, a Folia de Reis. Na cidade, a jovem guarda, mas tanto doce nas letras que eu não via um sentido que me comovesse. "Pobre menina, não tem ninguém..." "Eu sou um negro gato de arrepiar..." Achava melhor aquela do E. Carlos "Sentado à beira do caminho", do R. Carlos "Detalhes", por suas construções poéticas mais realistas, mas a música que procurava tinha cheiro de mato, de coisa da terra... Quando via alguma coisa diferente, gostava. A música caipira me oferecia isso, com seu ideário heróico, as histórias navegadas no carro de bois, os cavalos, os amores puros da gente mais simples. A vida era muito simples.

Quando falo em rock, falo mais portanto de VAN DER GRAAF GENERATOR (procure no 4shared.com, que você faz ótimos downloads, para conhecer - se você não conhece, claro!), ouvi muito YES, GENESIS, KING CRIMSON, JETHRO TULL, mas também muito Blues, muito HENDRIX, JOPLIN, IGGY POP, ERIC BURDON, além dos BEATLES e STONES, e no Brasil Mutantes, Raul Seixas, Sérgio Sampaio. Naquele tempo ouvi alguma coisa dos baianos C. Veloso, G. Gil, mas logo perdi o gosto pela história deles
(...)
Texto de Luis Eduardo

ESTADO DO CARIRI

Os reclamos incessantes da população do Sul do Ceará referentes ao desenvolvimento socioeconômico e atenção política devem ser materializados na luta em prol da criação do Estado do Cariri. 

Foto de Cacá Araújo


Na Assembléia Nacional Constituinte de 1987, o Deputado Federal cearense Furtado Leite apresentou emenda à Comissão de Organização do Estado propondo a criação do Estado do Cariri, "com desmembramento da área do Estado do Ceará abrangida pelos Municípios de Iguatu, Solonópole, Carius, Jucás, Saboeiro, Aiuaba, Antonina do Norte, Campos Sales, Assaré, Altaneira, Potengi, Araripe, Nova Olinda, Farias Brito, Crato, Juazeiro do Norte, Caririaçu, Grangeiro, Várzea Alegre, Lavras da Mangabeira, Cedro, Icó, Umari, Baixio, Ipaumirim, Aurora, Barro, Missão Velha, Milagres, Abaiara, Mauriti, Brejo Santo, Jati, Porteiras, Penaforte, Jardim, Barbalha, Santana do Cariri, Parambu, Catarina, Acopiara, Orós e Tauá (...)"¹.

Em verdade, podemos afirmar que tal propositura tem sólido amparo no potencial histórico, cultural e econômico da região. "Já em 16 de agosto de 1839 o Senador José Martiniano de Alencar entrou com pedido de criação do Estado do Cariri, no Senado do Império (...). Depois, o Deputado Estadual Wilson Roriz, em 1957, entrou na Assembléia Legislativa do Estado do Ceará com um projeto pedindo a autorização de um plebiscito sobre a criação do Estado do Cariri, tendo sido rejeitado."²

O Ceará é um estado que, na prática do poder central, caracteriza-se pela apartação que vitima o Cariri na desatenção a suas crescentes demandas culturais, econômicas e sociais, além de vergonhoso desprestígio e ou cooptação política de suas lideranças.

Começamos, então, ou melhor dizendo, recomeçamos a gloriosa luta em defesa da criação do Estado do Cariri. Pretendemos congregar o povo, seus historiadores, estudiosos da geopolítca e antropologia, sociólogos, artistas de todas as linguagens, intelectuais, mestres da tradição popular, repórteres, radialistas, jornalistas, religiosos de todas as crenças, políticos das diversas correntes ideológicas. Necessitamos conquistar a independência, no sentido de libertar o Sul do Estado "da escravidão tributária"³ e promover o bem-estar da população e o desenvolvimento socioeconômico.

Este "blogue" terá a missão de articular e documentar opiniões e ações que convirjam e contribuam com o glorioso ideal separatista. Não se trata de uma luta do sertão contra o mar, mas do desejo de ver distribuídas e respeitadas as condições de existência digna, liberdade e justiça social. A separação é a única alternativa restante à salvação do Cariri! Por isso, desde agora alertamos a população caririesne para priorizar a eleição de representantes comunitários e sindicais, líderes de clubes de serviço, vereadores, prefeitos, deputados, senadores... que tenham compromisso em atuar nas fileiras que defendem a urgente criação do ESTADO DO CARIRI.

Estamos articulando o ATO EM DEFESA DO ESTADO DO CARIRI, a ser realizado no dia 3 de maio, aniversário da Proclamação da República no Cariri (ocorrida no Crato em 1817), que terá a participação de todas as cidades envolvidas na luta dos dias de hoje. O local, horário e modo de operação serão previamente divulgados. Os interessados em contribuir positivamente na discussão podem inicialmente enviar mensagem para o endereço eletrônico do professor e dramaturgo cratense Cacá Araújo (cacaraujo66@yahoo.com.br), e, posteriormente, integrar grupo de discussão virtual e de autores do nosso "blogue".

Atenciosamente,

Prof. Cacá Araújo
cacaraujo66@yahoo.com.br
(88) 8801.0897

Citações:
¹Emenda oferecida à Comissão da Organização do Estado, Assembleia Nacional Constituinte, 1897, pelo Deputado Federal Furtado Leite.
²Idem
³Idem

Veja a íntegra da emenda no "linque": www.camara.gov.br/internet/constituicao20anos/.../vol-82.pdf



Nívia Uchôa - O cotidiano como uma poética de luz

Uma série de entrevistas com artistas, produtores e gestores culturais serão realizadas pelo Coletivo Camaradas e disponibilizada para blogs e sites. A série entrevistará nomes como Jorge Mautner, Oswlad Barroso, Vitória Regia Turin, Lula Gonzaga, Hamurabi Batista, Augusto Bitú, Norma Paula, Alexandre Santini, Marlon Torres. A série inicia entrevistando Nívia Uchôa.
Nívia Uchôa tem um trabalho que vem sendo reconhecido nacionalmente, com uma poética própria e cheia de luz, a artista consegue a partir cotidiano das camadas populares criar poesias visuais com a sua fotografia. Natural de Aracati, mas desde a infância reside no Cariri do Ceará.

Alexandre Lucas - Quem é Nívia Uchôa?

Nívia Uchôa - Fotógrafa há 16 anos, com pesquisa etnográfica e antropológica na Região do Cariri, Ceará e no Brasil com uma documentação sobre relação do ser humano com água com projeto Água Pra que te quero! Formação acadêmica Geografia e atualmente sou professora substituta de Fotografia e Cinema da Universidade Regional do Cariri URCA na Escola de Artes Violeta Arraes. Fundadora do grupo de fotografia POESIA DA LUZ

Alexandre Lucas - Quando teve inicio seu trabalho artístico?

Nívia Uchôa - Quando iniciei minha carreira em 1994, meu trabalho já veio carimbado com um olhar artístico, pois minha estética já se consolidava com uma busca pelo meu olhar autoral, pelo meu traço.

Alexandre Lucas - Quais as influências do seu trabalho?

Nívia Uchôa - História da Fotografia , na fotografia Contemporânea, cinema e pintura e a teoria quântica, mas, tenho influencias da fotografia do Cartier Bresson, Sebastião Salgado, Tina Modotti, Celso Oliveira, Tiago Santana, João Roberto Ripper, Cristiano Mascaro, Maureen Brisilliat, Frederico Fellini, Akira Kurosawa, Michelangelo Antoinioni, Glauber Rocha, aqui no Cariri, tenho influencias da profusão artística, do artesanato, da cultura da tradição oral, da pintura do Luis Karimai, do fotografo Gilberto Morimitsu e da influencia do cotidiano desses lugares cheios de identidade e polissêmicos.

Alexandre Lucas - Como você ver a relação entre arte e política?

Nívia Uchôa - Penso que ainda falta mais esforço para que ambas dialoguem com mais freqüência, o artista não pode ficar distante da política e ou vice versa, a política ainda é vista como clientelista, ou melhor, ela ainda é clientelista, dai dificulta fazer a arte e política andarem mais próximas, pelo menos eu não me utilizo dela para minha arte. Mais em nível universal várias vertentes políticas pensam a arte.




Alexandre Lucas - O que representa a fotografia na sua vida?

Nívia Uchôa - Luz, sobretudo vida, não viveria longe da fotografia, da luz que a faz ser. Não seria Nívia Uchôa se não fosse à fotografia, não conduziria meu caminho com tranqüilidade se não fosse a fotografia. Fotografia é o alimento da minha alma.

Alexandre Lucas - Você tem um trabalho de militância política na área da cultura. Isso reflete na sua produção estética e artística?

Nívia Uchôa - Minha militância é mais pelo trabalho e a produção de uma coletividade no mundo da arte, pois penso que sem esse olhar mais coletivo, seremos seres cada vez mais individualistas, a arte é como a água tem para todos e todas, se essa fonte secar sofreremos com isso, quanto a saber se isso reflete em minha produção estética e artística, nunca parei para pensar sobre isso, pois por mais que falo em coletivo, ainda tenho um trabalho solitário, as pessoas não gostam de trabalhar juntas, elas acham que vamos roubar suas idéias e seus ideais, mas, como tenho um traço próprio, não tenho medo de que me roubem, pois não tem como roubar a luz que vejo, a luz que recorto da realidade, essa que nos segue e persegue em um piscar de olhos.

Alexandre Lucas - Fale da sua trajetória?

Nívia Uchôa - Bom, fiz vários trabalhos, mas, citarei aqui os que me deram prazer em realiza-los. Fotografar Juazeiro do Norte-Ce esse faço naturalmente em meu cotidiano, em 1997 fiz um trabalho com um amigo Antonio Vargas, fomos fotografar a rampa de lixo de Jangurussu em Fortaleza-CE, trabalho esse que me emocionou profundamente pela forma que essas pessoas viviam literalmente no lixo, esse trabalho foi exposto na UFC, Grenoble, Paris, Bruxelas, Lion. Em 2000 fiz uma exposição que a Dodora Guimães curadora da exposição, intitulou de Gentes do Cariri, foi com esse trabalho que fiquei conhecida no Ceará, o qual pude expor no Palácio da Abolição no Centro de Artes Visuais Raimundo Cela em Fortaleza, em 2005, 2006 e 2007 fiz um trabalho para a Secretaria da Cultura do Estado do Ceará sob a gestão da Cláudia Leitão e pude viajar o Ceará quase todo, isso me rendeu algumas publicações entre elas Memória do Caminho do Oswald Barroso e o Guia Turístico Cultural do Estado. Iniciei minha trajetoria no audiovisual e cinema realizando alguns curtas como Adeus meu bem, Catadores de Piqui, Quarta Parede, Quero viver igual a um beija-flor. Em 2010 participei de uma coletiva de 30 anos de Fotografia da Curadora Rosely Nakagawa nos Centros Culturais Caixa Economica Brasilia, São Paulo, Salvador e Curitiba, na ocasião tive a oportunidade de esta ao lado dos grandes fotografos brasileiros Cristiano Mascaro, Thomaz Farkas, Mário Cravo Neto, Pedro Karp Vasquez, Luiz Braga, Celso Oliveira, Tiago Santana, Guy Veloso, entre outros famosos no universo da fotografia brasileira e finalmente um trabalho que me consolido através da antropologia visual, meu mais novo trabalho intitulado Água pra que te quero! Esse esta em fase de conclusão e conto a história de 3 bacias hidrográficas do estado do Ceará através da imagem e de uma pesquisa que fiz com uma equipe em 2 anos. Esse trabalho será lançado em março e constará de um livro e um vídeo onde conto a relação do ser humano com água. E por fim faço parte atualmente da Rede de Produtores de Fotografia no Brasil o qual realiza várias atividades no campo da produção da fotografia brasileira como realizadores, agitadores culturais e comunicadores.

Alexandre Lucas - Qual a contribuição social do seu trabalho?
Nívia Uchôa - Penso que a fotografia está além de tudo a serviço do social, devemos mostrar nosso universo de cotidiano através das imagens, sobretudo quando devemos e podemos relatar a arte através dele. A imagem fotográfica DIZ e com isso ela pode denunciar, conduzir, salvar, ela nos faz acreditar ser ela própria sem nada esconder, a fotografia esta além do que se pode imaginar, ela diz por si só.

Alexandre Lucas - Você acredita que a Academia elitiza a arte?

Nívia Uchôa - Bem, penso que arte se auto-elitiza, a academia ensina arte como está nos livros, à arte esta desde seu inicio, desde quando o ser humano pode se comunicar, arte pela academia é conceito.

Alexandre Lucas - Quando a arte humaniza?

Nívia Uchôa -
Quando ela sai da individualidade e mostra seu lado coletivo, quando ela não cai no amadorismo, mas, quando ela busca saber, propor, dizer para que ela veio, sair dos conceitos e ir para prática.

Alexandre Lucas - Como você enxerga os coletivos de artistas?

Nívia Uchôa - Penso que ainda estamos muito atrasados aqui no Cariri, mas nacionalmente e mundialmente temos vários coletivos. A idéia de se coletivizar é bem interessante, pois precisamos do olhar dos outros para produzirmos e assim saber quem somo nós.

Alexandre Lucas - Como você ver atuação do Coletivo Camaradas e qual a sua relação com esse grupo?

Nívia Uchôa - Vejo com uma força grande, mudou muito aqui em nossa região, o Coletivo Camaradas pensa a arte e a política, pensa os trabalhos a parir de um todo. Minha relação com o Coletivo ainda não é de uma total militância por conta da minha agenda que tem sido intensa, mas, quero e posso me dedicar muito mais.

Olhos de ver - Emerson Monteiro

Nestes tempos libertos e comunicativos, acham-se destravadas milhões de portas ao sabor do conhecimento de dentro da humanidade e do universo, na história dos tempos idos e das possibilidades dos tempos que virão. Ninguém pode reclamar de sonegação de informações. O trabalho das eras chegou ao nível dos desejos avassaladores das oportunidades, nos diversos campos do saber, e torna o viver contemporâneo em um oceano de ofertas, no que diz respeito à quase totalidade técnica de pesquisas, emoções, religião, lugares, personalidades, artes, palco luminoso de luzes e movimentos, posse absoluta das gerações inteiras, sertão, mar, geografia, física, música, ciências.
Aos habitantes coloniais do Planeta bastam: levantar a vista, apertar uns dois ou três botões e fixar o ponto em que a empanada revelará os segredos das origens, mostrando as previsões futuristas dos cálculos infinitesimais. Verdadeira festa de proporção desconhecida limpa as carências, sem contar somas fabulosas acumuladas nos gabinetes e as próximas ações de governo, que melhorarão os recordes obtidos, tudo a favor do patrimônio da raça dos sonhos e da imaginação.
Visão objetiva indica caminhar livre dos interesses exclusivos de só alguns, fora das intenções apenas individuais. O barco pertence ao coletivo, queiram ou não queiram apostadores da grande obra, que questionavam o sentido dessas evoluções. Quando lá nos primórdios apareceram os primeiros hominídeos, antigos resquícios dos atuais seres humanos, por volta de dois a três milhões de anos, já havia na semente o projeto aqui trazido ao campo das multidões. Nada melhor do que ouvi no tempo a existência dessas provas provadas.
Cabe hoje, no entanto, aos protagonistas da cena, valorizar o patrimônio obtido, horas, ar, claridade, energia, que alimenta a condição da grande massa no seu crescimento. Letras pulam acesas na frente dos atores todo momento indicando permanência e generosidade, através das consciências, numa opção de selecionar o lado positivo das duas alternativas de viver e agir.
Longe, pois, tirar de ninguém as chances de pensar maior, desestimular a felicidade de ver as paisagens boas, ler os roteiros alegres trazidos nos braços perfeitos de Quem que nos criou para uma trajetória de benções e que conduzirá o processo justo a bom termo, mantendo o ritmo ideal do vasto espetáculo onde habitaremos para sempre. A todos um Ano Novo de plenas realizações.