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sexta-feira, 22 de agosto de 2008


Tem início hoje a festa de Nossa Senhora da Penha


Na foto, a imagem da Mãe do Belo Amor, venerada entre 1740 e 1745 na capelinha construída por Frei Carlos Maria de Ferrara, na Missão do Miranda, origem da cidade de Crato.
Nesta 6ª feira, 22 de agosto – Dia do Folclore – será aberta a festa da padroeira de Crato, Nossa Senhora da Penha. Os festejos se estendem até o próximo dia 1º de setembro, Dia de Nossa Senhora da Penha.
A parte religiosa será concentrada na Sé Catedral, o mais expressivo prédio da cidade, considerado o principal ícone da Princesa do Cariri. A catedral de Crato é resultado de sucessivas construções e reformas a partir da rústica capelinha erguida, em 1740, pelo italiano frei Carlos Maria de Ferrara, na Missão do Miranda, origem da cidade de Crato. A capelinha foi dedicada, naquela ocasião, a Nossa Senhora da Penha, a São Fidelis de Sigmaringa e à Santíssima Trindade.

Origem dessa invocação à Virgem Maria

Existia no norte da Espanha, uma serra muito alta e íngreme chamada Penha de França, na qual o rei Carlos Magno teria lutado contra os mouros desbaratando-os. Por volta de 1434, certo monge francês sonhou com uma imagem de Nossa Senhora que lhe apareceu no topo de uma escarpada montanha, cercada de luz e acenando para que ele fosse procurá-la.
Simão Vela, assim se chamava o monge, durante cinco anos andou procurando a mencionada serra, até que um dia teve indicação de sua localização e para lá se dirigiu. Após três dias de intensa caminhada e escalando penhas íngremes, o monge parou para descansar, quando viu sentada perto dele uma formosa senhora com o filho ao colo que lhe indicou o lugar onde encontraria o que procurava.
Auxiliado por alguns pastores da região, conseguiu achar a imagem que avistaram em sonho. Construiu Simão Vela uma tosca ermida nesse local, que logo se tornou célebre pelo grande número de milagres alcançados por intermédio da Senhora da Penha, e mais tarde ali foi construído um dos mais ricos e grandiosos santuários da cristandade.
Em Portugal, o culto de Nossa Senhora da Penha iniciou-se após a batalha de Alcácer-Quibir, de tão triste memória, na qual perdeu a vida o rei D. Sebastião. Entre os portugueses que conseguiram escapar da escravidão muçulmana encontrava-se um escultor chamado Antônio Simões, o qual, no mais aceso da peleja, prometeu à Virgem Santíssima fazer-lhe sete imagens se Ela o conduzisse novamente à sua Pátria. Fiel ao seu voto, iniciou logo o trabalho, esculpindo seis figuras com os respectivos títulos. Ao chegar à sétima e não sabendo que invocação dar-lhe, foi aconselhado por um padre jesuíta a fazer a imagem de Nossa Senhora da Penha, cujos milagres eram muito comentados em Castela.
A devoção a Nossa Senhora da Penha chegou ao Brasil com a vinda dos colonizadores portugueses. Em 1740, Frei Carlos Maria de Ferrara dedicou - de maneira especial - a capela da Missão do Miranda - origem da cidade de Crato - à Virgem da Penha.

Matéria publicada no "Diário do Nordeste", edição de 22.08.2008:

Dia do Folclore
Manifestações culturais se destacam no Cariri

Uma programação especial para comemorar o Dia do Folclore foi preparada no Crato e segue até o fim do mês

Crato. Deitado numa rede, o velho agricultor puxa um corrimboque (acendedor de cigarros feito de chifre), acende o cigarro de palha, estica o olhar para o nascente e comenta: “A chuva tá chegando, a acauã cantou em cima de um galho seco”. No terreiro da casa os meninos brincam com osso de boi, enquanto as mulheres pisam milho no pilão para fazerem o pirão de costela do almoço.
O quadro bem sertanejo é, na verdade, uma das mais autênticas descrições do folclore, cujo dia é comemorado hoje. Folclore é a cultura espontânea, vem do berço, transmitida na interação social, por condicionamento inconsciente ou imitação. Folclore é o nosso jeito de ser, de resolver as coisas. É o elo de ligação do indivíduo com sua identidade.
Por isso, no Cariri, todo dia é dia de sabedoria popular, de crenças, superstições, ditados, lendas, ritos, maldições, tabus, rezas, histórias e mitos. Todo dia é dia de artesanato, música, teatro e literatura populares, festas e jogos tradicionais, dança e cantigas de roda.
Basta andar nas ruas ou parar nas calçadas para ouvir histórias mal assombradas, ou poesias de cordel. Se o visitante pender para a zona rural, estas tradições são muito mais fortes. Vai conhecer um povo que canta, dança, reza e maldiz, trava a língua, cura e enterra e faz versos, faz repente, embolada, ligeira, desafio, literatura de cordel. O nordestino reza pra aplacar a seca, dança pra fazer chover.
O Cariri, localizado no centro do Nordeste, épico em crendices e manifestações, em usos e costumes, em histórias que correm de boca em boca, que passam de pai pra filho, pulam fronteiras, mudam de cor, de gesto, de palavra, aumentam um ponto, sobrevivem sempre.
A mais expressiva demonstração desse acervo cultural é a Festa de Santo Antônio de Barbalha que, além do carregamento do pau da bandeira, reúne cerca de 50 grupos folclóricos, entre reisados, penitentes, carpideiras e bandas cabaçais.
A Semana do Folclore do Crato será encerrada, hoje, com a entrega do Troféu Mestre Dedé de Luna a três personalidades que contribuíram para o fortalecimento da cultura popular na região. A solenidade será realizada à tarde, na sede do Instituto Cultural do Cariri, de onde sairá um cortejo de grupos folclóricos para a Praça da Sé.

Apresentações

O evento é organizado pela Fundação Mestre Eloi, que tem como presidente Aristóteles Teles Granjeiro, filho do saudoso folclorista e radialista Eloi Teles de Morais. A Semana do Folclore foi marcada por apresentações grupos de danças, reisados, bandas cabaçais e maneiro pau, nos bairros da cidade. A secretária de cultura do Crato, Daniela Esmeraldo, informou que a programação comemorativa ao Dia Internacional do Folclore prosseguirá até o fim do mês com outras atividades no Alto da Penha.