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quarta-feira, 26 de maio de 2010

Ao pé do Araripe- por José Alves de Figueiredo


Eu não quero o viver muito agitado
Da cidade que o gozo facilita;
Prefiro a calma plácida e bendita
Deste lugar risonho e sossegado.

Das ambições e intrigas afastado
Eu, infeliz joguete da desdita,
Busco os lugares onde a paz habita,
Considerando-me assim melhor fadado

Luanda, meu retiro predileto!
Dá-me o repouso no teu seio quieto,
Antes que a idade o meu vigor dissipe,

Quero morrer olhando estas colinas,
As policromas telas bizantinas
Da sinuosa linha do Araripe!

COMPOSITORES DO BRASIL


ROSIL CAVALCANTI
O menestrel dos Cariris Velhos

Por Zé Nilton

De muitas histórias a região dos Cariris Velhos. Atravessada pela Serra da Borborema há, como aqui, nos Cariris Novos, geografias contrastantes. Ora lugares verdes, pegando a Zona da Mata, ora frio, no cimo dos chapadões. Mas também ambientes de pouca chuva, de quase total estio.

É desses lugares que temos ouvido referências musicais pelas veias poéticas e melódicas de um Marcos Cavalcanti de Albuquerque, o Venâncio, e de seu parceiro, Manoel José do Espírito Santo, o Corumba. É da dupla a regravadísssima - O Último Pau de Arara.

A minha geração cresceu ouvindo esse hino dos retirantes, além de outra música de forte clamor sertanejo – O Meu Cariri, de Rosil Cavalcanti e Dilú Melo. Ambas são da década de 1950.

Rosil de Assis Cavalcanti foi fiel à vida do nordestino e cantou suas tristezas e alegrias. Pintou em Aquerela Sertaneja as agruras desse povo sofrido; mas, desenhou a alegria esboçada no rosto desse mesmo povo na música Festa do Milho.

Começou a sua vida artística nos anos quarenta, quando passou a trabalhar em emissoras de rádio, igualmente a quase todos os grandes músicos e compositores daquela época.

Na Rádio Tabajara, em João Pessoa, nos idos de 1943, formou dupla com Jackson do Pandeiro. A dupla Café com Leite fez muito sucesso e firmou uma grande amizade entre Rosil e Jackson. Aliás, muitas coincidências entre os dois. Ambos casados sem filhos. Ambos morreram dos males do coração no mesmo dia e mês – 10 de julho.

No programa COMPOSITORES DO BRASIL desta quinta feira, um pouco da história e das músicas de Rosil Cavalcanti. Na sequencia:

A FESTA DO MILHO, de Rosil Cavalcanti e Luiz Gonzaga com Luiz Gonzaga
AMIGO VELHO, de Rosil Cavalcanti e Luiz Gonzaga com Luiz Gonzaga
CABO TENÓRIO, de Rosil Cavalcanti com Jackson do Pandeiro
COCO DO NORTE, de Rosil Cavalcanti com Jackson do Pandeiro
FORRO DO ZÉ LAGOA, de Rosil Cavalcanti, com Anastácia
FORRO NA GAFIEIRA, de Rosil Cavalcanti com Fúba de Itaperoá
MEU CARIRI, de Rosil Cavalcanti e Dilú Melo, com Ademilde Fonseca
MOXOTÓ, de Rosil Cavalcanti e Dilú Melo com Jackson do Pandeiro
NA BASE DA CHINELA, de Rosil Cavalcanti e Jackson do Pandeiro com Jackson do Pandeiro
Ô VEIO MACHO, de Rosil Cavalcanti e Luiz Gonzaga com Luiz Gonzaga
QUADRO NEGRO, de Rosil Cavalcanti e Jackson do Pandeiro com Alceu Valença
SAUDADES DE CAMPINA GRANDE, de Rosil Cavalcanti, com Marinês
SEBASTIANA, de Rosil Cavalcanti com Jackson do Pandeiro.

Quem ouvir verá!

PROGRAMA COMPOSITORES DO BRASIL
Pesquisa, produção e apresentação de Zé Nilton
Ás quintas-feiras, de 14 as 15 h.
Rádio Educadora do Cariri
Apoio Cultural: CCBN-Cariri
Retransmitido pela rádio web: cratinho.blogspot.com

Fuxico - Um resíduo social.

Luiz Domingos de Luna*
Desde o umbral da historia do homem em sociedade, que um resíduo sociológico, vem, das mais priscas eras, perpassando por todos os períodos, colado no cotidiano dos seres humanos, como um vírus a espalhar doenças contagiosas, pois, têm um poder letal em qualquer agrupamento sociológico, quantos danos provocados no processo interativo, prejuízos enormes na convivência humana, porém a força do fuxico, sempre presente a assombrar os mais fiéis crédulos, é uma arma apontada para um alvo, que se desconhece vez que, o fuxico pode, em questão de segundos, transformar-se num boato forte, consistente e às vezes com um agravante maior, o apoio da mediana da sociedade, os fundamentos racionais, em muitos casos, nem existirem, mas o boato voa, tem um poder incrível de manter-se vivo e atuante no espaço social.

Dada a força histórica que o fuxico exerce na argamassa humana no espaço tempo, deve sim, pelo menos em teoria ter algo positivo e afirmativo para a constância deste resíduo sociológico que vem se mostrando um gigante na formação diária de boatos, mitos, lendas... E, por conseguinte, toda a literatura ficcional, que, embora distante da realidade, às vezes como as linhas paralelas têm o seu encontro no infinito.
A Admiração dos seres humanos pelo mundo ficcional é um imbróglio a incomodar sempre os “puristas racionais”, pois, o fuxico, não necessariamente, nasce de uma mentira, mas sim de uma especulação, que ganha milhares de adeptos, ou não, dependendo da aptidão social para tal fim, como saber se um fuxico é verdadeiro ou não? Se o seu alimento é a difusão social, pois, quanto maior for à adesão social, maior o seu poder de destruição ou não.
A Transmutação do fuxico para o boato é uma forma de defesa da sociedade? Estes vetores sociológicos fazem parte da civilização humana? Sem estes “pigmentos” o espaço social seria mais civilizado, e, por conseguinte mais harmônica a civilização do homo sapiens?
Com certeza não sei.
-Mas é assim que a coisa funciona.
(*)Professor –Aurora -Ceará
(*) Colaborador do blog Cariri Agora




Convite

Convidamos a todos para o lançamento do livro "IMAGENS - Cento e Vinte e Cinco Anos com a família Gonzaga de Oliveira", pesquisa de Jackson Bola Bantim e texto de Luiz Carlos Salatiel.

O lançamento do referido livro acontecerá por ocasião da Celebração do Encantamento, alusivo ao primeiro aniversário do programa Cariri Encantado.

Data: Sábado, 29 de maio, a partir das 20 horas
Local: Crato Tênis Club


Atenciosamente,

Jackson Oliveira Bantim (Bola)

Sobre brigas, debates e o "martelo do juiz" - por José do Vale Pinheiro Feitosa

O Dihelson Mendonça diante do acalorado da disputa eleitoral do ano, ele mesmo um dos fogueiros, da altura de seu “martelo de juiz”, condenou, no Blog do Crato, as manifestações que dizem aos dois lados em campanha. Chamar o clima de pré-campanha convenhamos é pura ironia.

Anoiteceu e não amanheceu uma postagem do Zé Flávio que não passava do que já era conhecida na grande imprensa, uma matéria do Le Monde. Acontece que Der Spiegel também, abordando com alguma variação no mesmo tempo. Aliás, a Folha de São Paulo numa matéria do Kennedy toca, na versão da mídia, o mesmo problema. Então o “martelo do juiz” se pudesse levantaria vôo desde o palácio municipal, martelaria toda a imprensa brasileira, mas isso seria pouco, desceria célere sobre o mundo todo.

Acontece que todo censor tem um amor. Amantes da censura, que enaltece, sentem-se aliviados não pela interdição das brigas, mas por não ter de sofrer as contradições do lado que tão intensamente se apegou. Quando o debate resvala para a briga alguns querem chamar o cassetete sobre os briguentos, mas outros podem tomar o conteúdo do debate como a voz do objeto que se pretende. E o que se pretende?

Vamos por parte meus amigos? Antes que me respondam vou tentar. Em primeiro lugar o mundo está numa crise econômica, social e política sem igual. Normalmente quando dizemos crise não basta criar remédios como se fosse uma patologia. É preciso reconhecer a natureza profunda da crise para que a percepção se transforme em ação e esta seja parte, inclusive da própria crise que apronta outro momento na história. Não existe outro modo de fazer isso que não seja pelo debate, embate e formando uma consciência coletiva que se torne essencial ao reconhecimento das mudanças.

O segundo é que as práticas eleitorais são parte deste processo citado, inclusive se diga as manifestações de rua, as revoltas e toda modalidade de se fazer política, inclusive a greve geral. Por isso as eleições este ano no Brasil não pode ficar aprisionada a qualquer “martelo de juiz” ela tem de evoluir, inclusive no que se refere à qualidade do debate. Vejamos a questão, no caso do Cariri e na maior parte do Brasil como se encontra.

Acontece que o Brasil tem muitos partidos e muitos têm candidatura própria, inclusive de personalidade de grande qualidade como Plínio de Arruda Sampaio no PSOL. A própria Marina Silva tem uma abordagem que interessa neste momento. Portanto partimos do pressuposto que existem muitas candidaturas, mas o debate se desdobra em apenas duas questões.

Mais ainda. O debate, mesmo quando existe em alguma medida, é muito mais da questão federal do que estadual e, no entanto, existem inúmeras candidaturas majoritárias para governador e senador. Qual a razão disto tudo? Ao meu entender é a crise internacional, que valoriza os Estados Nacionais como um todo. Afinal são eles os tomadores de empréstimo e abonadores de tudo que depende para a sobrevivência do sistema financeiro. São eles que, no território, mantém as políticas trabalhistas e sociais, além de proteger os interesses dos capitais locais.

A outra questão é a própria natureza do Governo Lula e esta natureza, não tenham dúvida, se encontra no modo como ele tratou a crise mundial. Mais uma vez ela. O país está crescendo a ritmo acelerado, isso o tornou visível ao mundo e, claro, sua liderança. Então acontece que as eleições, apesar de ter um leque de opções partidárias, termina por confluir, por tudo que foi dito, para o embate entre duas propostas eleitorais.

Como se viu, não adiantou a tática de campanha do candidato do PSDB em tentar criar uma força através do discurso do avanço do que aí se encontra. Não deu por vários motivos, mas principalmente pelo fato de que o partido foi, estes anos todo, feroz adversário do governo Lula. Por isso a disputa se resumiu ao toque entre o a favor ou contra o governo Lula. O debate pode se empobrecer diante do fato maior da crise, isso pode, mas não existe fórmula mágica para retirar da frente do eleitor o fato da economia se encontrar crescendo e de que o Brasil, apesar dos pesares, tem fortes instituições.

Outro dia refleti e até testei a reflexão com alguns políticos amigos: se o crescimento da candidatura Dilma, poderia estimular os eleitores que se opõem ao governo Lula a migrar o voto para a Marina Silva. A reflexão me pareceu frágil por vários motivos, sendo o principal o próprio protagonismo nacional do PSDB quando em face do nanico PV.

Então, o país está analisando dois caminhos para o futuro: um oposicionista, mais liberal, que reduz o papel do Estado, flexibiliza o patrimônio nacional, os direitos trabalhistas e sociais e acredita na virtuosidade da autonomia do mercado. O outro mais social, que usa o Estado para dinamizar a economia, nacionaliza mais as riquezas, atualiza, até de modo desfavorável, os direitos trabalhistas e sociais, mas se sustenta exatamente nisto; acredita no mercado, mas tem a confiança na primazia da política.

Nestas duas vertentes existem muitas opções diferentes, mas que não são hegemônicas no momento. As outras visões podem até crescer e a depender do andar da crise, pois ela se mantém no seu curso de destruição e criação.

Pensamento para o Dia 26/05/2010


“Todos no mundo desejam a vitória. Ninguém deseja a derrota. Todos anseiam por riqueza, ninguém almeja pela pobreza. Mas como se pode alcançar vitória e riqueza? Não há necessidade de submeter-se ao tríplice esforço — físico, mental, intelectual — para alcançar a vitória. Nem é necessário ficar perturbado, ansioso ou consumir-se por causa da riqueza e da prosperidade. Refugie-se no Senhor. Maneje o arco da coragem mantendo seu coração puro. Isso é o bastante. Vitória e riqueza serão suas. Quando estiver buscando vitória e riqueza, lembre-se de que eles são como sua sombra, não são coisas reais em si mesmos. Você não pode alcançar sua sombra, mesmo se a perseguir por um milhão de anos.”
Sathya Sai Baba