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domingo, 18 de maio de 2008

HOJE TEM ESPETÁCULO, SIM SENHOR!!!

"Esta terra tem pecado
Tanto quanto água no mar
Este mundo está no tempo
De de novo se acabar"

Frase da Semana


"A resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira."

Rei Salomão

VÁ AO TEATRO!!!



O pecado de Clara menina, como uma maldição, é o fato que desencadeia uma série de outros pecados cometidos por gente do reino: ambição, ira, adultério, poligamia, luxúria...

Clara, filha do Rei de Mont’Alverne, é flagrada por um Caçador ambicioso em namoro exagerado com Dom Carlos de Alencar. Ela e seu amante lhe fazem promessas de bens e riquezas para que ele não revele ao Rei o que presenciara, mas este se mostra determinado a contar ao monarca e “para um bom prêmio ganhar”. No momento em que conversam, Secundina, a prima de Clara, uma sujeitinha abirobada muito feia e atirada, surge e se enamora do Caçador, que a recusa e ela promete vingança.

Chegando ao castelo, o Caçador narra o que vira ao Rei, que se revolta com a revelação do caso em público e manda o Carrasco cortar-lhe o pescoço, sendo salvo pela Prima Secundina ao inventar ter sido estuprada por ele e desejar casar-se para não manchar a honra da família.

Atendendo aos pedidos de sua Rainha em favor de sua filha e de Dom Carlos, o Rei resolve poupar a vida dos dois pecadores e os faz casarem-se, em grande festa para a qual convida toda a nobreza. Estando presente ao casamento a Baronesa Malaguêta, viúva do Barão do Riacho Fundo, e suas feias e invejosas filhas Solana e Luana, cria-se um típico ambiente de fofocas. E eis que aparece o Conde de Santa Fé, a quem o Barão havia prometido a mão de uma de suas filhas. Mas, sendo ele velho, corcunda e manco, apesar de rico, desperta o desprezo das irmãs, que permanecem alvos da alcoviteirice da mãe, de olho na boa-vida que pode ter.

Outro pecado ocorre, desta vez, quando a Baronesa Malaguêta se entrega a um caso amoroso com o Frei Caneco. Para surpresa de ambos, o Barão do Riacho Fundo retorna de sua longa jornada, depois de já ter sido considerado morto, e se depara com sua mulher aos beijos e abraços com o frade, numa vereda da floresta. O ciúme e a ira tomam conta dele, que resolve duelar com o Frei Caneco numa luta de espadas. Temendo pela morte de um deles, a Baronesa resolve interromper a luta ameaçando se matar. Propõe a interrupção da disputa, resolve ficar com seu marido ex-defunto e sugere que o Frei Caneco retorne à igreja. Atendendo as exigências, eles cessam a luta. Na saída para casa com o Barão, ela pisca o olho para o frade, sinalizando que o caso amoroso continuará.

No final, todas as moças estão grávidas e as crianças nascem em meio a uma grande confusão, todas elas ao mesmo tempo, no salão do Castelo de Mont’Alverne.

“O PECADO DE CLARA MENINA” é um pequeno conto narrado em versos populares (intencionalmente com todas as rimas em “ar”), cujas personagens evidenciam a sedução, o amor, a traição, o pecado, a ambição, a crueldade dos poderosos, tudo por meio de linguagem e motivação brincante, cômica, sertaneja e universal. Não tem pretensão moralizadora como os autos da Idade Média, é apenas uma brincadeira de bom gosto, ao sabor dos nossos contadores de causos.


Esquerda X Direita



Nas nações democráticas do Primeiro mundo a “direita” e a “esquerda” convivem harmonicamente. E até se revezam no poder, como ocorre na Espanha, França, e outros países. A economia é tocada pela iniciativa privada. As empresas estatais são mínimas.


Apesar de ser o país mais rico e mais moderno da América Latina, o Brasil vem acompanhando o atraso mental e ideológico que varre esta parte continente americano. Aqui encontramos admiradores e defensores ardorosos de Fidel Castro, Hugo Chávez, Evo Morales e Daniel Ortega. Ser “de direita" no Brasil é quase um palavrão. Na melhor das hipóteses é ser “politicamente incorreto”. Nenhum político brasileiro se declara como tal. Mas a direita existe e tem muito mais gente a favor dela do que da esquerda. No Brasil o “pensamento-formador de opinião” está quase todo nas mãos da esquerda. Esta, via de regra, é produzida em massa nas nossas universidades públicas, por professores de esquerda, jornalistas, burocratas e funcionários de empresas estatais. Eles engessam nossas cabeças com um suposto humanismo enobrecedor. Apresentam-se como os justiceiros dos pobres. Para quem duvida, tente lembrar-se de pelo menos três jornalistas ou professores que sejam “de direita”.

Na prática, “ser de esquerda” é defender que haja e continue existindo a pobreza, como ocorreu em todos os lugares onde a esquerda tomou o poder e implantou o socialismo: URSS, Cuba, Coréia do Norte, Vietnã, Europa oriental e países da África e Ásia. A única saída para a esquerda continuar aspirando ao poder é a produção em massa de miséria.


E quem são os famigerados “direitistas”? São aqueles que têm coragem de reconhecer que os Estados Unidos da América são o país aonde melhor funciona a pluralidade de opiniões e a possibilidade de defendê-las. Os “de direita” acreditam que o capitalismo – apesar dos muitos defeitos e falhas que possui – é o único regime que possibilita pessoas empreendedoras conseguir acumular patrimônio. A revista “Veja”, nº. de 23 de janeiro último, publicou matéria onde divulga que entre investidores e empreendedores, em 2007, o Brasil produziu 164 novos milionários por dia. Na verdade, ser “de direita” é pautar sua vida no princípio cristão de liberdade com responsabilidade individual e não acreditar no materialismo dialético dos socialistas que vêem todas as ações humanas como simples produtos condicionados pelos meios materiais.

O resto é conversa pra boi dormir...



Armando Lopes Rafael

Historiador e radialista

O perigo das placas de publicidade


Temos visto com muita freqüência a ocorrência de tombamentos das placas luminosas que invadem o centro das cidades do Cariri, pondo em risco a segurança de pedestres e de veículos. Essas placas são um perigo para o trânsito. Desviam a atenção de motoristas que tentam ler tudo o que está pela frente. Quanto maior forem as placas postadas contra o vento, mais graves são as conseqüências, pois se transformam em guilhotinas voadoras que se atingirem passantes ou veículos podem causar graves acidentes.

E aí é inevitável que se faça a seguinte pergunta: de quem é a responsabilidade no caso de queda deste tipo de placa? Os comerciantes se defendem alegando que pagam caro pelas placas e que não podem se responsabilizar pela sua estabilidade, pois se trata de um problema técnico. Já os fabricantes que comercializam tais placas atribuem a culpa tanto aos comerciantes, alegando falta de manutenção, como também a fatalidades, que podem ser provocadas pela ação de ventos fortes comuns na região nessa época do ano ou por veículos ao estacionar.

O fato é que como se trata de um serviço de engenharia de natureza civil-mecânica, cuja responsabilidade deve ser de um Eng° mecânico, responsável pelo projeto da estrutura metálica e de um Eng° civil responsável pela fixação, necessita ter, portanto, Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) junto ao Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia – CREA, o que efetivamente não ocorreu.

Outro fator que desagrada os pedestres é a poluição visual provocada pelo acúmulo desordenado das placas, cada uma maior que a outra que invade o espaço aéreo das vias urbanas, pondo em risco tanto os veículos de carga como os pedestres que trafegam nestes locais. A cada dia, um novo outdoor, faixa e painel luminoso desvalorizam o urbanismo da cidade. Além de promover o desconforto espacial e visual dos transeuntes, este excesso de publicidade desvaloriza as cidades, tornando-as apenas espaço de promoção de trocas comerciais. O problema, porém, não é a existência da propaganda, mas o seu descontrole que degrada os moradores pela falta de harmonia de anúncios, logotipos e propagandas que concorrem pela atenção do espectador, causando prejuízo a toda a população.

Nesse contexto, é inevitável afirmar que as mesmas placas de publicidade que estão poluindo o visual da cidade, combinadas com a ação de fortes ventos, desfilam como ameaça à integridade física dos cidadãos e veículos e promissor fator de acidentes, uma vez que ventos muito intensos ocorrem na região nessa época do ano. E aí, sem querer imiscuir-me em matéria do Direito, vale alertar que pela Teoria do Risco que é a “construção jurisprudencial que impõe ao agente causador de um dano o dever de indenizar a vítima independentemente da comprovação ou existência de culpa desse agente pelo ato lesivo”, quando aplicada à Administração Pública ocasiona a Responsabilidade Civil Objetiva do Estado.

Portanto, cabe ao poder público, inicialmente tomar medidas no sentido de conscientizar os comerciantes de que esse tipo de publicidade chega a ser uma antipropaganda, pois se trata de uma mescla de informações que dificulta a distinção do que está sendo divulgado e, somente após o estabelecimento de parâmetros através de uma legislação clara, é que devem ser aplicadas medidas de caráter punitivo no sentido de responsabilizar os comerciantes cujas placas ponham em risco a integridade dos transeuntes. Infelizmente, só assim é que conseguiremos eliminar essa horrenda máscara da cidade, expondo novamente as fachadas dos prédios e mostrando a beleza da cidade existente por trás das placas de publicidade.


Jefferson Luiz Alves Marinho

Eng° Civil e de Segurança do Trabalho

Desastres ao redor do mundo

Essa imagem diz tudo. O pior é que o desastre nos Estados Unidos poderia ter sido evitado, mas não foi. A eleição de Bush contra Al Gore foi um dos mais descarados processo de corrupção eleitoral na história mundial.

imagem no blog do Bourdoukam(www.carosamigos.com.br)

A celebração



Bush chega a Israel para celebrar o 60 anos
Do país. São 60 anos de humilhação,
massacres e racismo.

Este é um caso raro na História.
Os criminosos celebrando seus crimes.

Nosso comentário: esse texto e imagem estão no blog do Bourdoukam, da revista Caros Amigos. Acesso o blog (www.carosamigos.com.br) e leia o que George W. Bush faz para mandar e desmandar no Oriente Médio. As mortes, assassinatos, bloqueios, um verdadeiro genocídio que o mundo deve tomar conhecimento e repudiar.

Concurso público



INSS e IBGE

Foi liberado um novo concurso público no Instituto Nacional de Seguro Social (INSS), que prevê a oferta de 600 vagas para o cargo de analista do Seguro Social. No IBGE, a contratação temporária prevê 950 vagas: 250 para analista Censitário e 700 para agente Censitário.

Polícia Rodoviária Federal

Medida Provisória publicada esta semana criou mais três mil vagas para policial rodoviário federal. A medida fixou o nível intermediário como exigência. A remuneração passa de R$ 5.238,94 durante os três anos de estágio probatório para R$ 5.815,22.

OPORTUNIDADES

Tianguá
Cargo: Diversos
Prova: em Tianguá
Inscrições
: até 23 de maio
Taxa: R$ 40,00 a 80,00
Nível: fundamental a superior
Vagas: 217
Salário: até R$ 7.040,00

TCM-PA
Cargo: Auditor do Tribunal
Prova: no Pará
Inscrições: até 25 de julho
Taxa: R$ 200,00
Nível: superior
Vagas: 2
Salário: não informado

Eletroacre
Cargo: Diversos
Prova: no Acre
Inscrições: até 18 de maio
Taxa: R$ 25,00 a 40,00
Nível: fundamental a superior
Vagas: 22
Salário: até R$ 2.098,42

Caixa Econômica
Cargo: Técnico bancário
Prova: em Fortaleza
Inscrições
: até 29 de maio
Taxa: R$ 23,00
Nível: médio
Vagas: cadastro de reserva
Salário: R$ 1.244,00

Prefeitura de Natal
Cargo: Auditor do Tesouro
Prova: em Natal
Inscrições
: até 16 de junho
Taxa: R$ 100,00
Nível: médio
Vagas: 20
Salário: até R$ 5.068,21

Prefeitura de Teresina
Cargo: Área de saúde
Prova: em Teresina
Inscrições
: até 18 de maio
Taxa: R$ 35,00 a 60,00
Nível: médio a superior
Vagas: 385
Salário: até R$ 2.353,24

Supremo Tribunal (STF)
Cargo: Diversos
Prova: no Distrito Federal
Inscrições: até 27 de maio
Taxa: R$ 40,00 a 60,00
Nível: médio a superior
Vagas: 188
Salário: até R$ 5.484,08

Aeronáutica do Brasil
Cargo: Oficiais Aviadores
Prova: em Recife
Inscrições
: até 06 de junho
Taxa: R$ 60,00
Nível: superior
Vagas: 83
Salário: não informado

Ministério Público-PE
Cargo: Promotor de Justiça
Prova: em Recife
Inscrições
: até 13 de junho
Taxa: R$ 161,00
Nível: superior
Vagas: 15
Salário: R$ 16.119,11

Imagem: farm2.static.flickr.com/1419/1189690517_eab55...

E as indenizações dos moradores atingidos pela Guerrilha do Araguaia?



por Patricia Sposito Mechi

Durante os dias 25 e 26 de abril ocorreu, no município de São Domingos do Araguaia, o II Encontro dos Torturados do Araguaia, evento ignorado pela grande imprensa. Na oportunidade, foram realizadas oitivas (depoimentos) dos moradores da região que sofreram torturas físicas ou psicológicas, tiveram perdas econômicas ou que foram obrigadas a servirem às Forças Armadas de diversas maneiras: como mateiros, guiando as tropas pela selva, alimentando-os, informando-os, dando-lhes abrigo.

O abandono à região não é monopólio da imprensa. A ausência do Estado brasileiro, naquilo que teria de democrático, é visível nas pessoas, sem necessidade de maiores observações: “A inexistência de atendimento médico aparece nas cicatrizes, nas deformações físicas quando um dedo, um pé quebrado não é remediado pelo hospital e sim pela própria comunidade. Quando se percebe o analfabetismo sem analisar estatísticas, mas ao ver o desenho da própria assinatura ou, quando afirmam que, não tendo freqüentado a escola, não “aprenderam a assinar”.

Outra questão preocupante é os documentos pessoais. Para a Comissão de Anistia, é essencial os moradores apresentarem documentos que dêem sustentação a seus depoimentos. Contudo, são muitos os moradores que não os possuem.

O desprezo do Estado brasileiro pela região novamente se evidencia: as mulheres não possuem certidões de casamento, óbito, ou mesmo documentos de identificação dos maridos e companheiros que foram presos. A ausência dessa documentação não pode ser imputada ao morador, e sim, ao Estado; a Comissão deve encontrar mecanismos para não recair sobre o morador a responsabilidade pelos documentos que não possui. Há relatos, por exemplo, de pessoas que eram presas com documentos e retornavam sem, isso quando retornavam. Frente ao volume de denúncias de toda a sorte de arbítrios, não é improvável que a retenção dos documentos tenha sido prática dos militares na região.

Necessário frisar também que na bibliografia sobre a Guerrilha do Araguaia é recorrente a afirmação de que as Forças Armadas queriam jogá-la no esquecimento. Os militares demoraram muito tempo para reconhecer sua existência e a imprensa brasileira, somente em 1979, veiculou a primeira série de reportagens sobre o tema no Jornal da Tarde, em reportagens de autoria do jornalista Fernando Portela, posteriormente reunidas no livro Guerra de Guerrilhas no Brasil: a saga do Araguaia. (Editora Terceiro Nome, 2002).

É evidente o esforço das Forças Armadas para o pior episódio da guerra suja não ser História. E para não ser História, existem fortes indícios de que ocultou-se e destruiu-se a documentação; se foi feito nos arquivos das Forças Armadas, o que dizer dos documentos de humildes agricultores, presos pelos militares na década de 70 em Xambioá, no estado do Tocantins, região conhecida como "Bico de Papagaio"?
A desatenção do Estado brasileiro esteve presente à região durante os anos da guerrilha e mostrou sua face mais cruel: a truculência com os pobres. Se foi o estado ditatorial que transformou a “pacata miséria” em que viviam os moradores em uma guerra da qual foram obrigados a participar, remonta a tempos mais antigos, e ainda persiste no presente, os conflitos de terra, a subjugação dos agricultores pobres aos poderosos fazendeiros e os privilégios dos mais abastados.

Merece aplausos a iniciativa da Comissão de Anistia de ir até o município de São Domingos do Araguaia ouvir os moradores que, de outra maneira, teriam imensas dificuldades de verem atendidos seus direitos. Porém as indenizações são apenas um passo. A sentença pode ir além do atendimento das demandas individuais. É necessária uma indenização social, obrigando o Estado a prover a população em seu conjunto, com saneamento básico, escolas, incentivo às cooperativas agrícolas, em suma, a implementação de um projeto de atendimento emergencial à região que retire os moradores da pobreza absoluta.

Os moradores que prestam depoimentos à Comissão de Anistia não são os únicos que foram atingidos. Há pessoas, ainda hoje, que temem falar sobre a guerrilha. Pessoas que acreditam serem vigiadas, que os militares ainda estão infiltrados na região, à paisana. Alimentar essa crença é também interessante aos poderosos da região, na medida em que esvazia a luta pela terra e impede a organização da comunidade para fazer pressão frente aos poderes locais. A lembrança do terror é viva e cultivada na memória da região.
Há, em diversos relatos, sejam de moradores ou militares, referências ao desabastecimento das cidades, inflação dos preços de alimentos em função da chegada do Exército e o conseqüente aumento da demanda. O morador que teve sua roça destruída pelo Exército deve ser prontamente indenizado, mas aquele que teve de pagar mais caro porque havia mais demanda, também.

Se é possível determinar indenizações individuais, é urgente determinar uma indenização coletiva, pois todos os moradores foram atingidos pelo combate à guerrilha. A miserabilidade da maior parte da população brasileira é resultado de um Estado historicamente instituído contra os pobres, criminalizando ações, demandas e necessidades. Um Estado que privatiza o público nas mãos dos poucos grupos que se abancam nas instituições; no sul do Pará, Maranhão e norte do Tocantins, a violência histórica do Estado, ampliada e institucionalizada durante a ditadura militar, produziu os mais perversos níveis de miséria, conjugadas com as mais nefastas formas de repressão.

A memória da ação dos militares no combate à guerrilha está impressa nos corpos marcados e cansados dos moradores, no medo das autoridades, nos conflitos de terra, na ausência generalizada de atendimento às necessidades básicas da população. Os moradores que viram suas roças destruídas, que ficaram impedidos de trabalhar para si, porque tinham que trabalhar para os militares, que foram torturados, espancados, devem ser atendidos na totalidade de suas demandas.

Patricia Sposito Mechi é professora de História Contemporânea da Universidade Federal do Tocantins.


texto e ilustração da Revista Caros Amigos
www.carosamigos.com.br
Já nas bancas!

Marina vai manter postura independente

Brasília. Um dos últimos mitos do PT deixou o Governo Lula na última terça. A ministra do Meio Ambiente Marina Silva volta para o Senado, onde espera poder exercer com mais independência seu papel de defensora da Amazônia, da Ecologia e das causas sociais. A ex-ministra, que vem de uma família humilde e tem identificação com os seringueiros da Amazônia, deve ter uma atuação independente no Congresso Nacional, como o senador paulista Eduardo Suplicy, que nem sempre vota com o Governo Federal. Ela tem nas veias a radicalidade do amigo Chico Mendes.

Presidente da Sociedade Nordestina de Ecologia, Marcelo Mezel, diz que se surpreende de Marina ter ficado tanto tempo no Governo Federal. ´Há muito tempo que as opiniões dela não prevalecem. Sempre ela saia perdendo para outros ministros desenvolvimentistas. Não sei como ela ficou tanto tempo no cargo´, diz ele.

Marina enfrentou pressões durante sua gestão para permitir a importação de pneus usados, a favor da liberação dos transgênicos, pela ampliação das áreas desmatadas para cultivo. Além disso, teve dificuldades para ter apoiados novos projetos de legislação ambiental. E teve de acolher projetos criticados por ambientalistas como a transposição do Rio São Francisco.

Desmentido

A ex-ministra desmente que tenha deixado o cargo em razão de o ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência, Mangabeira Unger, ter sido escolhido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para coordenar o Plano Amazônia Sustentável (PAS). Mas, ela admite não ter sido consultada sobre a indicação. ´Meu gesto não é em função do doutor Mangabeira. É uma questão de que você vai vendo um processo que cumulativamente as coisas estão andando, estão acontecendo e você percebe que começa a haver uma estagnação. E aí criar um novo acordo, com novo ministro (é a solução)´, disse.


FIQUE POR DENTRO
Marina do PT começou carreira como vereadora

Maria Osmarina Silva de Lima, a Marina do PT, mais tarde, Marina Silva, 44, começou sua carreira política nas Comunidades Eclesiais de Base, ligada à Igreja Católica. Em 1988 foi eleita vereadora de Rio Branco (AC). Dois anos depois, se elegeu deputada estadual e, em 1994, aos 38 anos, chegou ao Senado como a mais jovem senadora do país. Formada em História pela Universidade Federal do Acre, em 1985, Marina aprendeu a ler já adolescente ao se mudar para Rio Branco onde foi tratar uma hepatite. Marina tem quatro filhos, Shalon, Danilo, Moara e Mayara.

Jornal Diário do Nordeste

Candidatos usam Orkut para fazer campanha

Recife. Ferramenta relativamente nova para uso de publicidade eleitoral, a Internet vem caindo no gosto de políticos que pretendem concorrer às eleições deste ano. Nas capitais nordestinas, praticamente todos os pré-candidatos às prefeituras estão usando a rede para divulgar suas propostas de governo e aproximar-se do eleitor. Mas, como a propaganda eleitoral só é permitida a partir do dia 6 de julho, tudo é feito de forma sutil para despistar a Justiça Eleitoral. O site de relacionamentos Orkut tem sido o lugar preferido para fazer campanha antecipada no mundo virtual. No Orkut, sobram comunidades exaltando pré-candidatos e pedindo votos para os mesmos.

Para a Justiça Eleitoral, não há nenhum impedimento em divulgar as atividades parlamentares numa página na Internet. O problema está em ultrapassar esse limite. “Proposta de governo não é mais trabalho parlamentar. Quando o político faz isso, está fazendo campanha eleitoral”, distinguiu o promotor de Justiça e coordenador do Centro de Apoio Operacional às Promotorias Cíveis e Fundações da Bahia (Caocif), José Ferreira de Souza Filho.

Apresentar-se ao leitor como futuro postulante também infringe a lei eleitoral. “Estar na qualidade de pré-candidato e falar as propostas que pretende desenvolver: só isso já qualifica como propaganda. E, sendo divulgada agora, é extemporânea”, avisou o promotor de Justiça de Pernambuco, Eduardo Cajueiro. A multa para o político que faz campanha eleitoral antecipada varia entre R$ 21.282,00 e R$ 53.205,00.

Se nas páginas pessoais o limite entre divulgação de atividades políticas e promoção pessoal para fins eleitorais é tênue, a situação fica ainda mais complicada na rede de relacionamentos Orkut. Basta uma simples busca no sistema para identificar comunidades que exaltam políticos, incentivando suas candidaturas.

Na comunidade “oficial” do deputado federal Antônio Carlos Magalhães Neto (DEM/BA), com 2.123 membros até sexta-feira, o debate eleitoral já está acalorado. Os integrantes da comunidade providenciaram até uma enquete para testar as intenções de voto do parlamentar para o Executivo municipal e até estadual.

Admiradores

A prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins (PT), também ganhou um clube de admiradores na rede de relacionamentos. Na comunidade “Voto Luizianne Lins 2008”, com 322 membros até a sexta, os internautas expressam total apoio à recondução da prefeita ao cargo. “Esta comunidade é dirigida a todos aqueles que apóiam a reeleição da prefeita de Fortaleza Luizianne Lins”, descreve o dono da comunidade.

A mesma “homenagem” também foi prestada ao ex-deputado federal Moroni Torgan (DEM/CE), pelos 141 membros da comunidade “Moroni Torgan 2008!!!”. Nela, os participantes propõem uma “corrente rumo à Prefeitura Municipal de Fortaleza”. O atual prefeito de João Pessoa, Ricardo Coutinho (PSB), também ganhou uma comunidade no Orkut de apoio à sua reeleição: “Ricardo Coutinho Reeleito”, mas com apenas 36 pessoas inscritas até o último dia 16.

O promotor José Ferreira de Souza Filho lembrou que usar o Orlut para fazer campanha “também é proibido”, independente se a iniciativa partiu do pré-candidato ou não.
Jornal Diário do Nordeste

Candidato pode ficar inelegível

Os partidos políticos precisam orientar melhor os seus candidatos quanto à prestação de contas da campanha eleitoral porque as normas estabelecidas pela Justiça Eleitoral estão mais rígidas e o descumprimento de alguns dispositivos poderá inviabilizar candidaturas futuras.

A abertura de conta bancária é uma das exigências que existem há alguns pleitos. Muitos candidatos deixaram de abrir a conta bancária específica para a campanha e por esse motivo tiveram as suas contas desaprovadas. Antes isso pouco representava porque somente a não apresentação das contas da campanha impedia a obtenção da certidão de quitação eleitoral, que é um dos documentos exigidos para o pedido de registro de uma candidatura.

Certidão

Para as eleições deste ano a resolução do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que trata da prestação de contas da campanha também impede o fornecimento de certidão de quitação com a Justiça Eleitoral a quem teve contas de campanha desaprovadas. A eficácia dessa medida para as eleições deste ano ainda está sendo discutida no âmbito do TSE, mas os candidatos devem ficar atentos a alguns prazos a serem cumpridos para não cometerem deslizes e terem as contas da sua campanha eleitoral desaprovadas, inviabilizando a obtenção da certidão eleitoral no curso do mandato, o que o tornaria inelegível até as eleições de 2012.

Um dos dispositivos da legislação eleitoral que devem ser observados com cautela é o início do prazo para propaganda eleitoral. O calendário do TSE para as eleições deste ano e a Resolução que dispõe sobre propaganda eleitoral dizem que a propaganda eleitoral somente será permitida a partir do dia seis de julho, um dia após o encerramento do prazo para pedido de registro das candidaturas tanto a prefeito quanto para vereadores.

Na prática quem começar a distribuir material de propaganda eleitoral no dia seis de julho, ainda que tenha utilizado recursos próprios para cobrir as despesas, poderá estar fazendo propaganda irregular porque o artigo 1º da resolução do TSE que define as normas para a arrecadação e aplicação de recursos para a campanha eleitoral estabelece que: Sob pena de desaprovação das contas, a arrecadação de recursos e a realização de gastos por candidatos e comitês financeiros, ainda que estimáveis em dinheiro, só poderão ocorrer após a observância dos seguintes requisitos: solicitação do registro do candidato; solicitação do registro do comitê financeiro; inscrição no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ); abertura de conta bancária específica para a movimentação financeira da campanha, salvo para os candidatos a vice-prefeito e obtenção dos recibos eleitorais.

Convém lembrar que o prazo para a apresentação dos pedidos de registro de candidatura pelos partidos políticos terminará no dia cinco de julho, às 19 horas. As contas bancárias específicas para a movimentação dos recursos da campanha somente serão abertas com o CNPJ do candidato ou do comitê financeiro e este será fornecido pela Receita Federal somente a quem pediu registro perante a Justiça Eleitoral. Então, para que toda essa documentação seja viabilizada serão necessários alguns dias após o pedido formal de registro da candidatura. Assim, o partido que pedir o registro dos seus candidatos no último dia do prazo, cinco de julho, não terá condições de promover gastos a partir do dia seis.

Jornal Diário do Nordeste

Curso no Cariri resgata antiga técnica Pinhole

Um curso de fotografia diferenciado. Longe das tecnologias digitais. O Pinhole, esquecido pela modernidade, é uma modalidade exercida com lata e um pequeno furo para entrada de luz. Na zona rural do Crato, no distrito de Ponta da Serra e arredores, essa técnica tem sido aplicada pelo fotógrafo Allan Bastos, em aulas para crianças e adolescentes, por meio da Organização Não Governamental (ONG) Verde Vida. São 30 crianças, em duas turmas. O método vem dos primórdios da fotografia.

Uma exposição já foi realizada com o resultado inicial do curso. Mas o trabalho será concluído apenas neste mês. O objeto a ser fotografado fica direcionado ao estudo de quem focaliza. O tempo de exposição dura cerca de 10 segundos. O olhar é outro. São fotos em preto e branco. Allan Bastos já fez o mesmo trabalho com crianças e adolescentes do Movimento Pró-Criança, em Recife, no Estado de Pernambuco. A experiência do fotógrafo remete a sua infância.

O projeto para ações culturais na ONG Verde Vida, com o curso de fotografia, foi iniciado em março. São crianças e jovens de 11 a 18 anos. Aproveitando o Dia Mundial da Fotografia Pinhole, foi realizada uma exposição para lembrar a arte. Para Allan, é uma oportunidade de deixar por um momento o mundo tecnológico em que vivemos. Ele explica que a fotografia Pinhole permite uma foto que necessita apenas de um recipiente protegido contra a luz e pode ser caixa ou lata, com um pequeníssimo furo e contendo material fotossensível em seu interior, que pode ser papel ou filme. Pode adaptar uma câmera já existente ou fazer artesanalmente.

O Projeto Ações Culturais para Povos Rurais está localizado no distrito de Ponta da Serra. A parceria com a Associação do Audiovisual do Cariri envolve jovens da comunidade rural. O trabalho tem o patrocínio da Petrobras e também do Criança Esperança.

O principal objetivo das ações é ampliar as atividades culturais da ONG Verde Vida, integrando profissionais das diversas áreas (audiovisual, dança, música, circo, produção cultural), com o intuito de envolver crianças e adolescentes da zona rural. A proposta se une à necessidade de estender o campo de atuação da ONG a diversas localidades do seu entorno. A finalidade tem sido atingida, com o dobro de atendimento, combatendo o êxodo rural que é o principal foco do projeto.

Atualmente as grandes ações culturais estão, geralmente, voltadas para populações de zonas urbanas, deixando as crianças e jovens da zona rural sem assistência. Para promover o desenvolvimento sociocultural desses jovens, a ONG Verde Vida, em parceria com Associação Audiovisual do Cariri e outros parceiros institucionais, formulou uma série de capacitações com o intuito de despertar neles o interesse pelo seu lugar, o aumento da auto-estima e com isso a solidificação de sua identidade.

As oficinas serão distribuídas neste ano. Tem como resultado esperado a formação de agentes culturais rurais que terão o compromisso de estimular movimentos artísticos locais, divulgando e valorizando seus saberes. A ONG foi criada em 1994, mas, legalmente fundada no ano de 1998, por iniciativa de Marcos Antônio Xenofonte de Almeida. A idéia surgiu da observação de que as crianças do local abandonavam a escola para trabalharem com os pais na roça, e as que permaneciam tinham baixo rendimento escolar.

Mais informações:
Projeto Verde Vida
Distrito de Ponta da Serra
Rua Bernardo Vieira, nº 115, município do Crato (CE)
(88) 3523.9262

Elizângela Santos
Repórter
Jornal Diário do Nordeste

Trem deve operar no fim do ano

O período de chuvas intensas nos meses de março e abril passados não deve interferir no prazo de entrega do trem de passageiros que ligará as cidades de Crato e Juazeiro do Norte. O trem, com duas composições, está pronto e passa por testes feitos pela empresa Bom Sinal, responsável pela fabricação e montagem antes de ser entregue à Companhia Cearense de Transportes Metropolitanos ( Metrofor). Nova fase de testes será feita pelos engenheiros do Metrofor e a previsão é de que até o fim deste ano já esteja operando no transporte das populações dos dois municípios da região do Cariri.

A primeira composição foi mostrada e testada para o público no dia 29 de abril último. Uma espécie de ensaio como lembra Ricardo Fonseca Alves, gerente de Novos Negócios da empresa Bom Sinal. Ele disse que, naquele dia, houve um apelo social muito grande porque as pessoas estavam assistindo ao resgate de um meio de transporte que era muito utilizado no século passado. "Estacionamos (no Crato), deixamos as pessoas entrarem para ver a composição por dentro. Foi interessante que, na viagem de teste, houve quem desse sinal para parar e queriam até pagar a passagem", recorda.

Vão ser construídas nove estações de passageiros entre as duas cidades. Essa construção está em processo licitatório através da Secretaria estadual de Infra-Estrutura, mas o prazo para construí-las é de sete meses. Os testes que estão sendo feitos nas composições ferroviárias são de aceleração, frenagem, freios de emergência, faróis e outros equipamentos. Um processo que deve durar até o fim deste mês. Até o fim de junho deve ficar pronta a via permanente.

Trata-se do primeiro trem de passageiros fabricado na América do Sul nos últimos 20 anos. É um Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), "onde utilizamos materiais de engenharia muito mais leve", complementa Ricardo Alves. As duas composições, cada uma com capacidade para 330 passageiros (100 sentados e 230 em pé), também terão espaço para portadores de necessidades especiais.

O trecho de 13 quilômetros será percorrido pelo Transporte Rápido Automotriz (Tram), equipado com ar-condiconado, a 60 quilômetros por hora. O tempo, entre as duas cidades, será variável e dependerá muito do fluxo de passageiros, mas há uma previsão média de 28 minutos. Serão 17 viagens em cada sentido (um total de 34) no horário das 6 horas às 22 horas diariamente.


SERVIÇO

Mais informações: Metrofor - telefone (85) 3101 7100 ou pelo site: www.metrofor.ce.gov.br


SAIBA MAIS

- O trem do Cariri foi idealizado em 2005, mas o contrato entre a Seinfra e a empresa Bom Sinal foi firmado em 2006. A fabricação e montagem das duas composições são feitas no município de Barbalha, na região do Cariri.

- São duas composições de tração diesel hidráulica mecânica. Os carros têm bancos individuais e são equipados com ar-condicionado. A velocidade máxima operacional é de 60 km/h.

- Vão ser construídas nove estações ferroviárias entre Juazeiro do Norte e Crato em 13 quilômetros de via singela com o aproveitamento da malha ferroviária existente.

- A demanda inicial é de cinco mil passageiros por dia, com uma freqüência horária no período de 6 horas às 22 horas. Para a fabricação e montagem das composições foram gastos R$ 4 milhões.

Fontes: Metrofor e empresa Bom Sinal
Jornal O Povo

Morre, aos 91 anos, a escritora Zélia Gattai



A escritora Zélia Gattai, de 91 anos, morreu na tarde desta sábado (17) no Hospital da Bahia, em Salvador. A autora e viúva de Jorge Amado estava internada desde 30 de março após ser submetida à cirurgia para remoção de um pólipo no intestino. Zélia reagiu lentamente, e apresentava desde a madrugada problemas pulmonares, renais e arteriais, que sinalizavam para um quadro de falência múltipla de órgãos, de acordo com avaliação da equipe médica que a assiste desde sexta-feira, quando o quadro, que era crítico, se agravou.

A estréia tardia da escritora paulistana Zélia Gattai, filha e neta de imigrantes italianos, a acadêmica, memorialista, romancista e fotógrafa estreou aos 63 anos, justamente com um livro que conta a vida de seus antepassados, Anarquistas Graças a Deus (1979), relato da formação da Colônia Cecília, tentativa de criar uma comunidade anarquista em pleno Brasil do século 19. Seu maior êxito até hoje, o livro já vendeu mais de 200 mil exemplares e foi adaptado por Walter George Durst em uma popular série de televisão, com direção de Walter Avancini, e com os atores Ney Latorraca e Débora Duarte no elenco. A minissérie foi exibida pela Rede Globo em 1984.

Nascida em São Paulo em 2 de julho de 1916, Zélia casou-se aos 20 anos com o intelectual Aldo Veiga, militante do Partido Comunista, o que a tornou próxima dos escritores da Semana de 22, especialmente Oswald e Mário de Andrade. Em 1938, seu pai, Ernesto Gattai, foi preso durante o Estado Novo, atiçando a militância política da futura escritora contra o arbítrio getulista. Com Veiga a escritora teve seu primeiro filho, Luís Carlos Veiga, em 1942.

Três anos depois, em 1945, ela conheceu o segundo marido, Jorge Amado, durante o 1º. Congresso de Escritores. Os dois trabalharam no movimento pela anistia dos presos políticos e decidiram morar juntos. Um ano depois, quando Amado foi eleito para a Câmara Federal, o casal mudou-se para o Rio, onde nasceu o filho João Jorge Amado, em 1947. Em 1948, o Partido Comunista foi declarado ilegal, o escritor perdeu seu mandato e o casal partiu para o exílio. Jorge e Zélia viveram na Europa por cinco anos, dois deles em Praga, onde nasceu a filha Paloma, em 1951. Foi nessa época que ela começou a se interessar por fotografia, atividade que renderia, no futuro, a fotobiografia do marido, Reportagem Incompleta, em 1987.

Parte da produção memorialista da escritora, que ocupava a cadeira 23 da Academia Brasileira da Letras - a mesma do marido Jorge Amado -, é dedicada ao período do exílio europeu. Em Jardim de Inverno (1988), seu quarto livro, Zélia reúne lembranças do continente europeu ainda dividido entre leste e oeste. Antes dele, Senhora dona do Baile (1984) retrata esse mundo separado pela cortina de ferro e faz desfilar por suas páginas algumas personalidades históricas do século que passou.

Dois de seus livros contam os 56 anos de convivência com o marido na Bahia, A Casa do Rio Vermelho (1999) e Memorial do Amor (2000). No primeiro, ela relata fatos curiosos sobre os intelectuais amigos que passaram pela famosa casa do casal de escritores no número 33 da rua Alagoinhas, em Salvador, entre eles o poeta Pablo Neruda. Em Memorial do Amor, ela conta a história da casa, desde a compra do terreno (com os direitos de Gabriela, Cravo e Canela, de Amado) até a escolha dos objetos de decoração adquiridos nas inúmeras viagens dos dois.

Um dos livros mais elogiados da escritora foi publicado em 1982. Chama-se Um Chapéu para Viagem Nele, Zélia narra a queda da ditadura de Getúlio Vargas, relembra a luta pela anistia dos presos políticos e conta como foi o processo de redemocratização do País.

Dois de seus livros, Città di Roma (2000) e Códigos de Família (2001), são dedicados a rememorar a formação das famílias Gattai e Amado. No primeiro, Zélia relata a chegada de seus avós italianos ao Brasil no século 19, a bordo do navio que dá título ao livro, Città di Roma. No segundo, Códigos de Família, ela conta histórias divertidas e comoventes de suas duas famílias e decodifica as mensagens dos parentes. Zélia Gattai ainda escreveu livros infantis, como Pipistrelo das Mil Cores (1989), O Segredo da Rua 18 (1991) e Jonas e a Sereia (2000).

Livros publicados
1979 - Anarquistas, Graças a Deus (memórias)
1982 - Um Chapéu Para Viagem (memórias)
1984 - Senhora Dona do Baile (memórias)
1987 - Reportagem Incompleta (memórias)
1988 - Jardim de Inverno (memórias)
1989 - Pipistrelo das Mil Cores (literatura infantil)
1991 - O Segredo da Rua 18 (literatura infantil)
1992 - Chão de Meninos (memórias)
1995 - Crônica de Uma Namorada (romance)
1999 - A Casa do Rio Vermelho (memórias)
2000 - Cittá di Roma (memórias)
2001 - Códigos de Família
2002 - Um Baiano Romântico e Sensual
Jornal O Povo