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segunda-feira, 29 de junho de 2009

Notinhas sobre o Cariri

50 ANOS DE ENSINO UNIVERSITÁRIO

Este ano, comemora-se o jubileu de ouro da instalação da primeira escola de ensino superior do Cariri: a Faculdade de Filosofia de Crato. Deve-se esta instituição ao idealismo do eterno reitor Martins Filho, que contou com o decidido apoio do professor José Newton Alves de Sousa. Este último reside atualmente em Salvador (BA) onde, depois de aposentado pelas universidades baianas, fundou e dirige a Academia de Letras e Artes "Mater Salvatoris". Trata-se de ilustre cratense que teve seu nome cogitado, em 2000, na relação prévia para a escolha do “Cearense do Século”. As urnas, no entanto, deram vitória a outro cratense: Padre Cícero.

MARCO ZERO DE JUAZEIRO

Juazeiro do Norte vai ter o seu marco zero, a exemplo de Recife, Curitiba e Porto Alegre. Trata-se de um obelisco que será erguido no exato local onde surgiu a cidade, fato ocorrido em 1827, a partir da construção da capelinha de Nossa Senhora das Dores, pelo Brigadeiro Leandro Bezerra Monteiro. O marco zero ficará próximo à cúpula da Praça dos Romeiros, em frente à Basílica Menor de Nossa Senhora das Dores. Naquelas imediações surgirá, também, a Rua do Centenário – localizada entre o Centro de Apoio ao Romeiro e os arcos da Basílica Menor – possibilitando o contorno para quem desce pela Rua São Pedro e retorna pela Avenida Padre Cícero.

ENQUANTO ISSO...

O obelisco do centenário de Crato, localizado na Praça Juazez Távora (popularmente conhecida como Praça de São Vicente) encontra-se deteriorado, carente de pintura, e escondido e espremido entre duas mal localizadas mangueiras, cujas raízes já prejudicaram os alicerces do monumento. O obelisco de Crato precisa urgentemente de estauração, juntamente com a praça. Esta, construída há 56 anos, até hoje, nunca recebeu nenhum melhormento ou conservação.

CARIRI SERVE DE MODELO

A Unesco vem incentivando o surgimento de novos geoparks no Brasil. Para tanto, o Geopark Araripe vem sendo mostrado como um modelo exitoso de geopark. Dias atrás, o governo do Mato Grosso do Sul e o Ipahn promoveram um evento para criação do Geopark na Serra da Bodoquena, que englobará parte da área do Pantanal matrogrossense. Para proferir palestras sobre o êxito da implantação do Geopark Araripe estiveram em Campo Grande (MS) os professores André Herzog e Alexandre Feitosa Sales, considerados os maiores conhecedores, no Brasil, nessa nova modalidade de preservação ambiental.

BOA INICIATIVA

Um escritório de arquitetura de Fortaleza está ultimando o projeto de revitalização das praças centrais de Crato, cujas obras terão início no segundo semestre deste ano. O projeto inclui a sinalização dessas praças, bem como de edifícios históricos da Cidade de Frei Carlos. As ruas centrais de Crato serão dotadas de placas indicativas onde constarão também os nomes antigos dessas vias urbanas. Aguarda-se, dentro da restauração das praças cratenses, a construção de um monumento ao fundador da cidade, Frei Carlos Maria de Ferrara.

TROCA, TROCA

Vem de longe, segundo Armando Rafael, o costume de mudanças nas denominações tradicionais de Crato. O cemitério público, construído em 1853, tinha o nome de Bom Jesus dos Pecadores. Nos dias atuais é chamado de Nossa Senhora da Piedade. Já a capela desse cemitério foi dedicada, inicialmente, a Nossa Senhora dos Remédios. Hoje no seu altar pontifica uma imagem de Nossa Senhora Rainha dos Corações. É Armando ainda quem lembra: no final do século 19, Crato possuía 11 ruas principais, denominadas de Rua de Santo Amaro, da Pedra Lavrada, das Laranjeiras, do Pisa, Formosa, Grande, do Fogo, da Vala, da Boa Vista, Nova e do Matadouro. Já as travessas possuíam os seguintes nomes: Travessa do Cafundó, da Caridade, do Candéia, da Matriz, do Sucupira, de São Vicente, do Charuteiro, do Cemitério, da Ribeira Velha, do Barro Vermelho, da Califórnia, do Pequizeiro, da Taboqueira, das Olarias, da Cadeia e do Pimenta. Tudo trocado por nomes de pessoas cujas biografias são desconhecidas da população...

PENSE NUMA BURAQUEIRA

No próximo dia 12 de julho começa mais uma ExpoCrato. Milhares de visitantes virão à Princesa do Cariri e vão se defrontar com um Crato de ruas esburacadas o que causa péssima impressão. Dentre elas: a Avenida Maildes de Siqueira, proximidades do Parque de Exposição, onde as pedras toscas dividem espaço com o que restou do asfalto. Muitos buracos existem também na Rua Ratisbona e Avenida Padre Cícero, saída para Juazeiro. Idem na Avenida São Sebastião, que dá acesso ao bairro Grangeiro. A pergunta que se impõe: ainda dá tempo a Operação Tapa Buraco visitar essas ruas?

CURTAS

– Juazeiro do Norte resgata seu passado histórico. A humilde casa de taipa onde nasceu a beata Maria de Araújo era exatamente onde hoje fica o prédio dos Correios. A Prefeitura de Juazeiro, em parceria com o governo federal vai afixar uma placa em memória da Beata (...)

– Desde a última quarta-feira, 24, está circulando no Cariri o nº. 27 da revista “A Província”, publicada graças aos esforços e idealismo do jornalista Jurandy Temóteo. A nova edição bateu o recorde em número de paginas: mais de duzentas (...)

– Perguntar não ofende: como anda o cronograma de construção do Metrô do Cariri, de apenas 13 quilômetros de via férrea, interligando os municípios de Crato e Juazeiro que o Governo do Ceará anunciava para entrar em operação em 2009? (...)

– Serão abertas no próximo dia 18 de julho as comemorações do centenário de Juazeiro do Norte. A data marca os cem anos de lançamento do do jornal “O Rebate”, criado pelo sacerdote cratense padre Alencar Peixoto para lutar pela independência política de Juazeiro, à época distrito de Crato (...)


As viaturas do Programa “Ronda do Quarteirão” já estão no pátio do 2º Batalhão Policial Militar, em Juazeiro do Norte, onde será implantado nesta segunda-feira, em solenidade com a participação do governador Cid Gomes e do prefeito Manoel Santana.


JUAFORRÓ

Com certeza o Juaforró deste ano bateu todas as expectativas. Para agitar ainda mais aqueles que gostam da festa, o prefeito Manoel Santana anunciou que em 2010 que Juaforró terá 30 dias. Vale registrar nesta coluna que Elba Ramalho disse durante show que realizou no Juaforró deste ano, que o evento de Juazeiro não deve nada ao São João de Caruaru.


A URCA sediou um evento fundamental par ao atual momento do Cariri. O anúncio, por parte do presidente da Agência Nacional de Petróleo, Haroldo Lima, do início das pesquisas geológicas para saber se há ou não petróleo no Cariri. O evento contou com a participação de prefeitos caririenses, deputados, e com a presença do senador Inácio Arruda (PC do B), um dos políticos que mais lutou para que as pesquisas acontecessem.




O secretário Camilo Santana, do desenvolvimento agrário, vem trabalhando fortemente para o sucesso da Expocrato 2009, que deve alcançar em termos de negócios mais movimentação financeira do que a Expocrato do ano passado.

Coletivo Camaradas vai se transformar em ONG

O Coletivo Camaradas tem feito um trabalho de resgate da atividade de artistas plásticos, abrindo espaço para intervenções artísticas em vários espaços urbanos e discutindo a importância da arte engajada.

Esse esforço levou à formação do blog do coletivo, tendo como colaboradores artistas plásticos, músicos, poetas, escritos, jornalistas e cronistas. Para aprofundar o debate sobre a importância do resgate da cultura regional, o coletivo vai agora se transformar em uma Organização Não-Governamental (ONG).

Para Alexandre Lucas, coordenador do coletivo, esse é um processo de amadurecimento natural do coletivo, que precisa avançar na formatação de projetos e ações de incentivo a uma intervenção cultural que privilegie o regional. A assembléia de fundação da ONG se dará no próximo sábado, 4 de julho, ao ar livre, no bairro Gesso, em Crato.

Esse bairro, aliás, é o mote do filme “Cabaré – Memórias de uma Vida”, produzido por integrantes do Coletivo Camaradas. Após a fundação da ONG o filme será exibido “no meio da rua” como definem os integrantes do coletivo, para que toda a comunidade acompanhe a película.

Concurso público em Juazeiro do Norte

Estão abertas as inscrições para o Concurso Público de Juazeiro do Norte. O período para as inscrições começa hoje (29/06) e se encerrará no dia 17 de julho de 2009.
A Prefeitura de Juazeiro do Norte está ofertando 766 vagas distribuídas em 12 secretarias do município, com salários de até R$ 4.500 Reais. As inscrições devem ser feitas, exclusivamente, pela internet, no endereço eletrônico: www.cev.urca.br.

A taxa de inscrição é de R$ 40 Reais para ensino médio e R$ 80 reais para ensino superior. Estão isentos da taxa de inscrição, Doadores de Sangue conforme Lei Estadual 12.559/95, e todos os servidores que comprovem que possui algum tipo de vínculo funcional com o Município de Juazeiro do Norte, conforme Lei 2.193, de 23 de maio de 1997.

O cartão de identificação do candidato, deverá ser entregue de 02 a 09 de agosto, e as provas serão aplicadas no dia 16 de agosto.
O Edital do Concurso com todas as correções já está disponível para downloads no site da Prefeitura de Juazeiro do Norte: www.juazeiro.ce.gov.br

Tipos populares do Crato (5)

Capela

O Crato sempre foi uma terra de contrastes. A elite convive (até certo ponto) com os seus subprodutos: bêbados, homossexuais, prostitutas, mendigos e loucos.

Dentre esses subprodutos, um homossexual impôs respeito tanto pela dignidade como pela valentia. Era Capela, um espécime alto, corpulento e de cor branca. Não tenho certeza, mas parece que ele trabalhava nos inúmeros cabarés existentes além da linha férrea, que era um verdadeiro divisor entre a boa sociedade cratense e a aquela que era taxada como a pior das escórias.

Em 1983, estávamos eu, Jackson Bola Bantim e Leonel Araripe, fazendo a pré-produção de um filme que pretendíamos realizar na bitola super-8. O filme já tinha um roteiro escrito (de autoria de Leonel Araripe) e até um título, que fazia jus ao seu enredo vanguardista: Um lance de dados, numa alusão ao poema de Mallarmé. O filme só não foi concluído por falta de verba.

Mas, num dos estudos de iluminação e locação, feito ao amanhecer, nos trilhos próximos da Estação da Rffsa, encontramos Capela, que não sabíamos se vinha chegando ou se ia indo embora, pois havia cabarés nas duas direções. Mas, fizemos algo temerário: pedimos para Capela posar para uma fotografia.

Ele, amavelmente, consentiu e até fez pose.

domingo, 28 de junho de 2009

Os governos das Américas e o Golpe Militar de Honduras

Hoje um grande teste para o momento original que vivem as Américas. Com Barack Obama nos EUA, os presidentes de Esquerda pela América Latina. Além do mais eleições para alternância de poder, derrotas e vitórias. As Américas vivem de fato um novo tempo?

Então vem o golpe de Honduras. Irá se sustentar? Sabemos que nenhum golpe de Estado se sustenta sem apoio de Nações Estrageiras fortes. Durante a noite vamos observar as falas dos presidentes das repúblicas nos três continentes. Amahã vamos sentir as medidas práticas.

O grande teste é o seguinte: se de fato os golpistas mantiverem o poder e ele não for restaurado ao presidente eleito, tudo o mais se reverte. Em saltos da história não é possível conviver simultaneamente com a afirmativa e a negativa na mesma frase.

sábado, 27 de junho de 2009

Desastre de um transgênico ou um crime ambiental? - por José do Vale Pinheiro Feitosa

O mundo, seja no reino mineral, animal ou vegetal, é um dispersor de diversidades. Especialmente nos reinos animal e vegetal. O papel do homo sapiens sobre a natureza é inquestionável pela global capacidade de modificação que teve e mantém. Uma das mais evidentes é a agricultura e a pecuária.

Ao se tornar sedentário, aquele homem de caça e colheita, foi de encontro à natureza: funcionou como um redutor de diversidades. A monocultura, como a soja, a cana, a laranja, a uva entre tantas, é o exemplo mais acabado e que se encontra na raiz da extinção de espécies e, portanto, da diversidade na terra.

Não é por acaso que os estudos se voltaram para um elo perdido da humanidade, para a pré-história, quando outros alimentos, mais ricos que os atuais, eram utilizados. Um caso clássico é o do Amaranto a grãos.

O Amaranto a grãos foi cultivado há cinco mil anos pelos povos primitivos do México, junto com a abóbora e a pimenta. Na cultura Asteca o Amaranto se destaca como uma grande fonte de nutrientes, de qualidade terapêutica e ritualística. Eram aproveitados os grãos até como farinha para diversos alimentos como os tamales e das folhas se faziam molhos deliciosos.

Como rito a farinha do Amaranto era oferecida no panteão dos deuses astecas e simultaneamente comidas pelos fiéis como se faz com o pão na comunhão com o cristo. Desta mesma farinha se fazia uma pasta com qual se elaboravam artesanatos para as crianças recém-nascidas, com motivos de flechas, arcos etc.

Segundo pesquisadores, o rito com o Amaranto e o abandono do seu cultivo decorreu da perseguição cristã e da imposição seletiva pelas escolhas dos conquistadores europeus. O Amaranto virou uma erva daninha da monocultura do século XX em todas as Américas, especialmente nas grandes extensões de soja.

Mais do que uma vingança vinda da pré-história o que passo a relatar é uma comprovação daquilo que a soberba e a ganância monopolista do capital faz. Falo da questão da agricultura e da criação de animais geneticamente modificados (TRANSGÊNICOS). Como sabemos objeto de grandes discussões científicas, por vezes até mesmo extremadas.

Qual o núcleo duro e racional da cautela com a manipulação e dispersão destes organismos geneticamente modificados? A primeira delas era o monopólio que as empresas de manipulação genética passariam a ter na produção dos alimentos da humanidade. Com isso tornando a iniciativa privada o cárcere dos países e dos povos. Tudo pelo lucro e a humanidade como suserana.

A segunda tinha por base a possível hibridização entre os seres geneticamente modificados e os demais. Em outras palavras, genes modificados poderiam migrar para outros seres vivos, inclusive de espécie diferente. Os grandes manipuladores negaram isso e “compraram consciências”, pois este era, inegavelmente, um fenômeno evidente na natureza: a transferência contínua de genes intra e entre espécies.

A terceira era a seleção natural. Desde muitos séculos (não apenas com Darwin que sistematizou o conceito) que se conhece o poder da seleção natural. Como também se conhece o poder ainda maior num território de monocultura, já que a seleção além de ocorrer velozmente, termina por ser substituída por uma ou poucas espécies.

Mesmo assim grandes Multinacionais como a MONSANTO, velha conhecida das lutas pelo Meio Ambiente, foi em frente e as plantas geneticamente modificadas se espalham pelo mundo todo. No Brasil a estratégia destas empresas foi corroendo por dentro das instituições e dos plantadores até que por força violenta do fato consumado, se estabeleceu.

Agora nos EUA se comprovou a migração de um gene da soja geneticamente modificada, chamada Roundup Ready para o Amaranto. Aquele mesmo que alimentava os Astecas e se tornaram a erva daninha incontrolável da cultura de soja. Como funciona a estratégia da Monsanto?

A Monsanto descobriu e produziu o Roundup, um herbicida que destrói qualquer erva daninha, inclusive a soja. É o que se chama um herbicida total. Num segundo passo a Monsanto manipula geneticamente a soja, introduzindo um gene que resiste ao Roundup. Um negócio das arábias: ganha no grão para plantio e torna cativo o plantador ao seu herbicida.

Aí aconteceu o que negavam, agora se pode afirmar e a Monsanto tem de responder por isso nos tribunais: houve hibridação entre a soja e o Amaranto. Agora só dar Amaranto, muito mais “competente” que a soja no processo de seleção natural. Os campos que antes eram de soja, agora são de Amaranto. Já se identificaram nos EUA cinco mil hectares e outros cinqüenta mil estão sob ameaça.

Tem uma saída. Sem a Monsanto por ganância, a civilização que renegou o Amaranto nos seus primórdios, agora o terá no prato. Modificado geneticamente, mas certamente livre do herbicida e da concorrência com outras espécies.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Tipos populares do Crato(4)

Tandor

Não tenho a mínima idéia da origem ou do porquê do nome Tandor. Também, os vocabularistas mais recentes não o citam. Só resta, pois, a lembrança dos que o ouviram e que o associam a um velhinho de cor negra, de cerca de um metro e meio de altura e que percorria, serelepe, as ruas do Crato, vestindo um traje exótico que lembrava um cangaceiro extemporâneo. Usava um chapéu de couro, uma espécie de farda de brim azul, de onde pendiam um sem-número de enfeites, como medalhas e fitilhos, calçava uma sandália “currulepe” e, no peito e ao redor da cintura, entrelaçavam-lhe cartucheiras que, em vez de balas, acondicionavam vidrinhos com líquidos de diversas cores. Nestes vidrinhos estavam o meio de vida de Tandor, que ele batizou como “mijo de moça”, e os vendia como se fosse uma panacéia para espinhela caída, mau olhado, dor nas juntas, coceira, pereba etc.

Dizia-se que Tandor, quando jovem, tinha sido cangaceiro ou jagunço. Essa informação pode ser um mito, construído a partir da representação que ele assumiu a partir de suas veste. Ou pode ser verdade.

Na década de 1970, Emerson Monteiro dirigiu um filme em Super-8, intitulado Terra Ardente, no qual Tandor foi um figurante, fazendo justamente o papel de um jagunço.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Tipos populares do Crato (3)

O Brigadeiro

Com a simples menção deste nome - O Brigadeiro -, nós, crianças do bairro Buenos Aires, tremíamos de medo. Isso por conta das histórias (ou seriam estórias?) que se propalavam ao seu respeito. Eram histórias que o pintavam como um homem duro, implacável, violento e, por conseguinte, bastante temido.

O Brigadeiro José Macedo ou simplesmente O Brigadeiro, como era comumente conhecido no Crato, já era um militar reformado quando eu era criança. Talvez, tenha sido o único cratense a atingir a mais alta patente da Aeronáutica Brasileira Enveredou-se na política, candidatando-se, em 1972, a vice-prefeito, na chapa encabeçada por Walter Peixoto, que depois seria prefeito do Crato por duas vezes. Era também proprietário de terra e de um engenho de cachaça. Sua casa ficava a poucos metros da minha, na Rua da Cruz, cercada por muros altos e portões sempre fechados.

Por trás da sua casa, havia (e ainda há) um belo e extenso palmeiral, conhecido ainda hoje como o Palmeiral do Brigadeiro; formado por centenas de babaçus nativos e constituindo-se numa preciosa reserva ecológica. Se esse palmeiral ainda existe, o mérito é do Brigadeiro, que além de preservá-lo, legou esta missão aos herdeiros.

Durante o período da minha infância, quando era vizinho do Brigadeiro, não me lembro de tê-lo conhecido pessoalmente. Só vim conhecê-lo no fim da adolescência, quando o Brigadeiro já estava no ocaso da vida e era um assíduo frequentador da Praça Siqueira Campos.

Uma única vez, eu conversei com ele. Foi na Loja Bolart, de propriedade de Jackson “Bola” Bantim, no início da década de 1980. A Bolart era uma loja especializada em artigos culturais (discos, livros, pôsteres, cordel, jornais, revistas, camisetas temáticas) e plantas e peixes ornamentais. A loja, situada na Rua Mons. Feitosa, próximo à Praça Siqueira Campos, era ponto de encontro de artistas, que naquele tempo, estavam órfãos de espaços aglutinadores dos amantes da arte e da cultura.

Um dia estava tomando conta da loja, a pedido de Jackson Bantim, que teve que dar uma saidinha, e eis que chega o Brigadeiro. A despeito de sua idade avançada, era um homem forte, esbelto, ereto e elegante. Depois de olhar as mercadorias expostas nas prateleiras, deteve-se em frente a um pôster de Che Guevara, com aquela clássica foto de Alberto Korda e a famosa frase “hay que endurecer, pero sin perder la ternura jamás”. Chamou-me e me disse: burro, este rapaz! Deixou um futuro promissor como médico para ser guerrilheiro em Cuba.

Na época, este comentário seria uma afronta à minha pessoa e às minhas crenças políticas, calcadas que eram na ideologia de esquerda. No entanto, apenas achei graça daquela observação.

Do lendário Brigadeiro José Macedo, não se poderia ouvir outra coisa.

O Irã não pode ser examinado com imbecilidades

Não por acaso lembrei-me do substantivo “maniqueísmo”. Um dualismo religioso, citando a luta cósmica entre o bem e o mal. Nasceu na Pérsia e se espalhou pelo Império Romano entre os séculos III e IV DC. O Irã atual é descendente do fabuloso império Persa, bem que igual se diz que a Itália descende de Roma, mas guardada a diferença história estamos falando do possível. E o maniqueísmo é como a imprensa ou a mídia Ocidental trata os valores dos quais, em parte, é responsável e que depois se espalhou pelo mundo.

Esta mídia que aparenta um zelo pelos fatos, mas escorrega no próprio umbigo quando tenta olhar seus valores transpostos para outros povos. Mas não apenas escorrega, levanta um olhar maniqueísta em que o bem é sempre o ocidente e o mal os outros. De fato a ética ocidental nunca superou o problema da alteridade e procura transpor “cirurgicamente” suas instituições para terceiros.

Neste dias as lágrimas de crocodilo se derramaram a sorrelfa pelos monitores de televisão. O filho do antigo Xá do Irã expôs copiosas lágrimas nas páginas chorosas do Ocidente. Ontem mesmo no Jornal Nacional, tão neutro que transmite as notícias de Israel como se sabe inimigo do Irã, entrevistava um Israelita de origem Iraniana e este chorava lágrimas “amargas” pelo povo do Irã. Parece ironia, mas não é, pois os Palestinos são vítimas de Israel e lágrimas pelo vizinho não existem.

A Inglaterra que não tem nenhum perdão da história pelo massacre de culturas pelo mundo todo, que mandou soldados destruir o Iraque recentemente, é o núcleo de tenebrosas visões. Deseja o domínio do Islã, melhor dizendo dos lagos subterrâneo daquele líquido preto e viscoso que se formam em imensa região. Ninguém efetivamente pensa no povo do Irã, apenas nas vantagens do seu território, por isso mesmo o corpo ensangüentado da jovem baleada é o símbolo do sacrifício tão útil para justificar ações que mutilam.

Será que alguém em sã consciência imagina que o discurso inusitado do Presidente Francês no Parlamento, condenando a burca e levantando a liberdade das mulheres não tem nada com esta jovem iraniana? É a mesma coisa, a velha propaganda maniqueísta ocidental, que se constitui numa peça única em todas as agências de notícias do mundo e por isso mesmo uma peça urdida e aplicada em benefício da surrada democracia européia.

Mesmo quem nasceu após a segunda guerra mundial desconfia que os Europeus pouco tenham a ensinar de globalização ou sistema mundial de paz e democracia. Destruíram suas florestas, arrasaram seus ecossistemas, esgotaram seus recursos, se expandiram agressivamente por todos os continentes e realizaram as guerras mais terríveis que resultaram em carnificinas sem igual em qualquer continente. Os norte-americanos apenas acrescentaram a eficácia da tecnologia e a eficiência de suas instituições a este mesmo modelo.

Sem dúvida que o Irã passa por grandes transformações. Que ela nasceu seguramente da revolução que derrubou o Xá. Ou nos tornamos todos imbecis ao não observar que os bons níveis de educação alcançados naquele país foi justamente uma política deliberada de anos e anos da revolução? Apenas a título de exemplificação, hoje mesmo a Miriam Leitão no Bom Dia Brasil, falava na conquista da mulher iraniana. Claro que o resultado de apenas 4% de mulheres analfabetas naquele país, em que 55% das vagas universitárias sejam ocupadas por elas faz parte de uma política de anos de incentivo à educação feminina. Ou estamos obnubilados e imaginamos que a morte daquela jovem significa que o regime persegue as mulheres. Entendemos o maniqueísmo?

É importante que se entenda o seguinte: o Irã há anos tem um projeto de nação. Já foi agredido pelo Iraque por financiamento do EUA, é ameaçado pela potência nuclear de Israel e desde alguns anos para cá é ameaçado pela Europa e os EUA por desenvolver energia nuclear. E sabem o motivo? É que tudo no Irã tem projeto de longo prazo, para cinqüenta anos adiante. Conheci quadros dos organismos internacionais que se admiravam da visão estratégica de todas as instituições iranianas.

Mais ainda, o Irã tem milionários (Rafsajani, aquele que já mandou por lá é um burguesão clássico e se opõe ao atual presidente), tem um capitalismo em ebulição e tem pobres e trabalhadores explorados. Nada diferente do resto do mundo “globalizado”. Mas o Irã tem plano estratégico e tem muitos viés que unem seu projeto, inclusive atraindo esta classe média que aparentemente se rebela. Um outro fato inegável é que o Ocidente em crise pouco oferece a quem tem problema. O Irã já se junta ao esquema de aliança da Ásia, se aproximará dos BRICs e portanto da América Latina e da África.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Tipos populares do Crato (2)

Sorriso

Todas as cidades prezam e desprezam, com a mesma intensidade, seus loucos. É uma espécie de catarse, para as pessoas tidas como normais extravasarem a pressão que pode levá-las à loucura.

No Crato, não é diferente. Ainda, hoje, apesar do rápido crescimento observado nos últimos anos, tanto do seu perímetro urbano quanto de sua população, é comum o triste espetáculo de malhação pública das pessoas tidas como exóticas, a exemplo dos bêbados, homossexuais e loucos.

Sorriso era uma louca que só vivia sorrindo, perambulando maltrapilha pelas ruas, becos e avenidas.

Em tempos de moralismo extremado, o tabu da virgindade era muito forte. Havia um forte preconceito contra as garotas que não fossem virgens, o que, fatalmente, custaria um casamento dentro do padrão esperado. Para os garotos, só restava uma alternativa para aliviar a libido: fazer sexo com prostitutas. No entanto, essa via era problemática. Só os maiores de dezoito anos podiam frequentar os prostíbulos (aqui chamados de cabaré). Os comissários de menores, a quem chamávamos de “come-sapo”, eram implacáveis e, por isso, muito temidos. Ou seja, sexo com prostitutas nos cabarés era uma possibilidade muito difícil. Restavam duas opções: as empregadas domésticas ou as loucas. E dentre as loucas, Sorriso era a primeira opção.

Sorriso teve muitas gestações indesejadas e, por conseguinte, muitos filhos indesejados também.

Por isso, talvez, Sorriso vivia a embalar uma boneca de plástico, como que lhe substituindo os filhos, tomados dela para serem criados por famílias abastadas ou não.

sábado, 20 de junho de 2009

Preito e gratidão a Lourival Luciano Filho

Ao final desta tarde fui surpreendido com a infausta notícia do falecimento do professor e psicólogo Lourival Luciano Filho, antes de tudo um colega, companheiro e amigo.

Trabalhei e convivi com Lourival por quase duas décadas, principalmente na Comissão Executiva do Vestibular – CEV da URCA. Boas lembranças tenho deste convívio, pautado por uma postura séria, competente e ética.

Depois, quando assumi a árdua função de presidente da CEV, sempre contei com a colaboração prestimosa e eficiente do professor Lourival.

Só tenho que agradecê-lo por tudo isso e desejar à família enlutada, o conforto que só a fé é dispensadora.

Tipos populares do Crato (1)

Maria Roxa

A personagem deste artigo, que eu me lembre, não cheguei a conhecer pessoalmente. Mas, por outro lado, o seu nome era por demais conhecido no bairro onde vivi a minha infância. Ela morava, junto com uma grande família, entre parentes mais próximos e agregados, na Rua André Cartaxo. Eu morava na Rua Teodorico Teles, também conhecida como Rua da Cruz.

Maria Roxa, eu sabia, era piauiense e adepta da umbanda (ou candomblé), mas que, sob o forte preconceito e intolerância, bastante arraigados numa cidade de raízes católicas como o Crato, principalmente há trinta ou quarenta anos atrás, - era sinônimo de macumba, pura e simplesmente. Macumba era, ainda, sinônimo de magia negra, feitiço, pacto com forças ocultas e malignas. Portanto, Maria Roxa era conhecida, pejorativamente, como A Feiticeira. Dizia-se, inclusive, que o casarão onde ela residia, dispunha de um porão onde eram realizados os rituais da primitiva religião, heranças da etnia afro que para o Brasil foi transplantada na época da colonização lusitana, obrigada à prestação de trabalho escravo.

Ouvia todas essas histórias, com bastante interesse e tomada por aquela impressão própria da infância cheia de imaginação. Não sentia a repulsa que percebia existir nas pessoas adultas. A minha aguda curiosidade, ao contrário, atraia-me para aquela mulher diferente, difamada por preservar suas raízes negreiras (o apelido Maria Roxa era um sintoma da cor de sua pele) e aquele imenso e misterioso casarão, de primeiro andar e de um suposto porão. Contentou-me, pois, quando fui colega de escola de Cival, neto de Maria Roxa. Era a oportunidade de adentrar aquela dimensão desconhecida.

E a oportunidade se deu, quando Cival me chamou para ir até a sua casa. Para minha surpresa, além do tamanho desta (enorme, principalmente sob a perspectiva de uma criança que comumente superdimensiona as coisas), não havia nada de diferente por lá.

Resgatar, mesmo que sob a etérea perspectiva infantil, personagens marginalizadas por conta de um padrão diferente do comportamento dominante, é, da minha parte, uma maneira de fazer justiça, ainda que tardia.

Por Sarney, Lula até desafia Constituição – por Augusto Antunes (*)

Lula adverte: não pode ser tratado como uma pessoa comum o ex-presidente que chamou de ladrão
Brasília tornou-se uma ilha da fantasia para deputados e senadores, que usam seus cargos de representantes do povo para locupletar-se e obter vantagens para seus apaniguados. O corolário evidente é que a capital se transformou numa imagem de pesadelo para os que pagam a conta: nós, os milhões de contribuintes; nós, as dezenas milhões de pessoas comuns. É tal o resumo da ópera brasiliense - eles, os poderosos, os "incomuns", se lixam cada vez mais para a opinião pública, para os bons modos, para a Constituição. Minam, assim, a crença na democracia e os alicerces de uma nação que almeja a civilização.
Esse espetáculo deprimente teve outra cena triste na semana passada. Seu protagonista: o presidente Lula. Desde que se viu na contingência política de ter que defender os crimes dos seus partidários envolvidos no mensalão, Lula teve que entregar a bandeira da ética - que ele empunhou com desenvoltura antes de chegar ao Palácio do Planalto. A rendição do presidente se deu naquela célebre entrevista concedida em Paris, em 2005, nos tempos em que a corrupção causava ainda algum constrangimento. Sem os corretivos vindos de cima, a turma do baixo, do médio e do alto clero da base aliada sentiu-se mais livres do que nunca. Sempre que um de seus membros está prestes a se afogar, eis que surge o presidente, solidário, oferecendo o conforto de suas palavras amigas.
Nem precisa ser compadre de pitar cigarrilha, como o leal companheiro Delúbio Soares, estrela do mensalão. Pode ser do PMDB, do PP ou do PTB. Pode até ser, vá lá, um "grande ladrão", adjetivo com o qual Lula descrevia o senador José Sarney quando este era presidente da República.
Há cinco meses, o Congresso Nacional enfrenta uma infindável onda de escândalos. Ela envolve parlamentares e altos funcionários com mordomias, nepotismo e suspeitas de corrupção. Aos 79 de idade, 54 de política, Sarney, o mais longevo e experiente dos políticos brasileiros, é apontado como mentor e beneficiário da máquina clandestina que operava a burocracia do Senado. Inerte diante das denúncias, o senador tentou defender-se no plenário, com argumentos tão frágeis quanto os azulejos portugueses de São Luís. Do Cazaquistão, onde se encontrava em visita oficial, Lula atirou-lhe a bóia.
"O senador tem história no Brasil suficiente para que não seja tratado como se fosse uma pessoa comum", disse o presidente. E continuou: "Não sei a quem interessa enfraquecer o Poder Legislativo no Brasil. Quando o Congresso foi desmoralizado e fechado, foi muito pior para a democracia". Não satisfeito, acrescentou: "Eu sempre fico preocupado quando começa no Brasil esse processo de denúncias, porque ele não tem fim e depois não acontece nada". Ao afirmar que Sarney merece um tratamento diferenciado, o presidente atropelou o preceito constitucional expresso no artigo 5º, que estabelece a igualdade de todos perante a lei. "Lula foi absolutamente infeliz. Reforçou a idéia de que um é melhor do que o outro. Restabeleceu a lógica do 'você sabe com quem está falando?'. Bateu de frente na Constituição e no princípio basilar da democracia", resume o cientista político Marco Antônio Villa.
Na véspera da declaração de apoio de Lula, o senador "incomum" subiu à tribuna. Em um discurso de pouco mais de meia hora, disse que a crise não é dele, mas de todo o Senado, e que não aceita ser julgado por questões menores, o que é uma “falta de respeito para quem tem mais de 50 anos de vida pública”. Em 1890, Benjamin Constant, ardoroso republicano brasileiro, saiu de uma audiência com o Marechal Deodoro da Fonseca, primeiro presidente do Brasil, indignado com o tratamento que lhe fora dispensado. "Não era esta a República que eu sonhava", disse Constant. Mais de um século depois, sua frase continua a ressoar entre os milhões de cidadãos que vivem sob o império da lei, sem privilégios e pagando a conta dos "incomuns" de Brasília.



(*) Augusto Antunes é jornalista da revista “Veja”

terça-feira, 16 de junho de 2009

Sua Alteza o Príncipe Dom Pedro Luiz – por Ibsen Noronha

(In memoriam)


A vida de um Príncipe tem sempre algo de legendário! O mistério que envolve o nascimento no seio de uma Família detentora de Direitos dinásticos cria expectativas para um sem-número de pessoas que conservam ideais transcendentais e inabaláveis… A morte de um Príncipe gera irremediáveis reflexões acerca da efemeridade das glórias e de tudo que é humano. A tragédia de um jovem Príncipe produz uma onda de especulações sobre o verdadeiro sentido da Vida.

Dom Pedro Luiz de Orleans e Bragança desapareceu na flor da juventude, na primavera da Vida. Nos seus poucos anos de existência procurou ser exímio em tudo que fez. Buscou desempenhar bem os seus deveres de dinasta do Trono do Brasil; e, com a discrição e o charme da alta Nobreza, defendeu e divulgou os ideais monarquistas.
Acompanhei Sua Alteza em duas viagens pela terra de seus antepassados – Portugal – e posso testemunhar seu empenho em representar a Família Imperial com brilho e grande dignidade. Aos dezessete anos representou seu tio, Senhor Dom Luiz, Chefe da Casa Imperial, em diversas solenidades de celebração dos 500 anos do Descobrimento do Brasil. A imprensa lusitana se entusiasmou com um jovem Príncipe, belo, militante e, sobretudo, piedoso, com marcada devoção a Nossa Senhora de Fátima. Pude me emocionar ao ver aquele descendente de São Luiz e São Nuno de Santa Maria ajoelhado, em oração aos pés da Imagem da Virgem em Fátima.

Evidente que um Príncipe que desassombradamente falava de Política e Religião jamais poderia deixar de entusiasmar, nestes tempos de crise e penúria moral. No Brasil, por diversas vezes, tive a honra de acompanhar mon Prince em eventos monarquistas. Suas intervenções, sempre breves, mas densas, serviam de estímulo para a defesa dos ideais de Restauração e de Moralização deste imenso Império chamado Brasil. A delicadeza de Dom Pedro Luiz para com todas as pessoas é outro aspecto inesquecível da sua personalidade. E o seu Amor pela Pátria edificava que bem soubesse observar mais esta virtude.

A Juventude não foi feita para o prazer, mas para o heroísmo! Certa vez citou esta belíssima frase de Paul Claudel. E comoveu a muitos… Eis uma verdade, uma grande verdade, que saída dos seus lábios calava profundamente nas almas. Dom Pedro Luiz foi levado jovem e não mais teremos a honra e o prazer do seu convívio. Voluntas Dei Pax nostra!Mas a sua memória será sempre lembrada com admiração e servirá de constante estímulo para grandes lutas e dedicações em prol da Monarquia.
Dizem os ingleses: the King never dies! De fato, a causa monárquica seguirá em frente e Sua Alteza, o Príncipe Dom Rafael honrará a Memória de seu querido irmão, dedicando a sua Vida a esta nobilíssima Causa, que é a Causa do Brasil. Que a Virgem Santíssima, Padroeira do Brasil, guarde Nossos Príncipes.
Ibsen Noronha - Professor de História do Direito da Universidade de Brasília. Mestre em Direito pela Universidade de Coimbra

(Transcrito do Jornal do Cariri, edição de 16 de junho de 2009)

Passeio sentimental pelas ruas do Crato (final)

Saudades da Cinelândia

Hora de voltar para casa e encerrar o passeio. O sol estava quente e fazia um calor sufocante. Bebericava a garrafinha d’água enquanto fazia o caminho de volta. Fui pela Rua Dr. João Pessoa, antiga Rua Grande. Pensei sobre a mudança dos nomes das ruas do Crato, outrora poéticas e bucólicas: Travessa Califórnia, Rua das Laranjeiras, Rua do Fogo, Rua da Cruz, Rua da Palha, Rua da Pedra Lavrada, Rua da Saudade... Agora, na sua grande maioria, as ruas homenageiam personalidades políticas que pouco ou nada tiveram a ver com o Crato.

Nas imediações do Calçadão, senti uma tristeza profunda ao ver ainda baldio o terreno que antes abrigava o prédio do antigo Grande Hotel, onde no térreo funcionava a Lanchonete Cinelândia, ponto de encontro de várias gerações de cratenses, onde se tomava um concorrido café expresso, apesar de Genésio, um dos proprietários, não ser uma unanimidade como atendente bem-humorado. Pessoalmente, nunca tive do que reclamar. Genésio, talvez em atenção ao meu pai, de quem era grande amigo, sempre me atendeu bem, até com mesura. Várias vezes, ele me dispensou de pagar o cafezinho.

A Peste Burocrática – por Pedro Esmeraldo



Dizem que quem tem os olhos fundos começa a chorar cedo. Por isso, estamos aqui relembrando do plano do governo estadual em querer tirar do centro do Crato o Parque de Exposição Agropecuária já tem como desejo de esvaziar o Crato. Essas medidas obscuras de transplante de local, tornam-se intoleráveis, visto que não dão acesso aos pobres, em comparecer aos festejos agrícolas que anualmente, comemoramos com muita ênfase e para relembrarmos os efeitos memoráveis dos trabalhos dignos e da movimentação política e social ocorrida durante os anos subsequentes.
Nós, com essa mudança não seríamos contemplados com os festejos brilhantes e passaríamos a permanecer em uma situação de tristeza e de revolta, já que, não seriamos capacitados a nos deslocar a fim de participar desse grandioso festão.
Por essa razão, estamos relembrando ás autoridades locais, pedindo que lutem e não deixem de fazer movimentos contrários com o intuito de evitar essas diabruras de pessoas maldosas que tem por finalidade esvaziar o Crato para engrandecer outro município.
As vezes, pensamos que estamos sendo dominados por políticos maliciosos que têm vontade de esfriar o movimento progressista desta cidade e ao mesmo tempo, temos a nítida impressão que querem acabar com o nosso movimento expositivo, ludibriando o povo com promessas falsas, dizendo que querem dar presente ao Crato visto que trazem verbas avantajadas, que contemplarão com grandes movimentos apreciáveis que beneficiarão ao povo.
Lembramos ao digno povo que não caia mais nas conversas loucas, pois não devemos acreditar em políticos obscuros, dizendo serem amigos, mas o seu único o objetivo é impedir a cidade crescer com equilíbrio.
Já levaram grandes bens públicos desta cidade, é preciso dar um basta nisso pois, a terrinha não pode mais suportar economicamente esse movimento sombrio que nos vem impedir e avantajar o plano ação a fim assegurar o bom desempenho do poder executivo.
Falam em melhorar o Parque de Exposição com tecnologia moderna, mas asseguramos a esses inimigos do Crato que o Parque atual tem condições de empregar meios técnicos para acompanhar o modernismo.
Ainda, queremos lembrar a esses homens astuciosos e aventureiros, que aqui, só vêem a angariar votos, tirando a nossa fatia que seria os nossos votos, deixando-nos de lado os nossos préstimos para que nos agigantem em nosso crescimento. Por isso, somos favoráveis que haja movimento satisfatório em favor do voto distrital o que seriamos favorecidos somente com os candidatos locais e evitaríamos beneficiar esses mamelucos que vêem de fora.
Voltando o assunto da exposição, nós os cratenses, mesmo sem força política, vamos lutar com o intuito de impedir que mudem de local essa exposição, visto que traria uma grande lacuna no desenvolvimento da cidade. A exposição do Crato vem de várias décadas e tem como melhorar tecnicamente sem precisar sair desta cidade e por conseguinte, continuará no ritmo de crescimento e que no futuro próximo, ela se tomará uma das maiores exposições do país.
Enquanto a expansão da URCA, lembramos aos inimigos do Crato, por trás do terreno da agronomia (UFC), há um terreno fabuloso, com cerca de doze hectares para a construção da nova URCA. Dizemos ainda que com essa medida favorável, o povo agradecerá e ao mesmo tempo, ficará satisfeito, pois o local é muito aprazível e será um local que se adaptará ao movimento estudantil das três principais cidades do cariri.
Se quiser melhorar o parque apliquem dinheiro com carinho e dêem ao Crato o que ele merece.

Passeio sentimental pelas ruas do Crato (III)

Da Rua da saudade a saudade daquela rua
Do Largo da Rffsa, depois de constatar a impecável infra-estrutura montada para o São João Festeiro, evento promovido pela administração pública, decidi ir até a feira, já há algum tempo localizada na beira do canal, a partir do Mercado Walter Peixoto. Para chegar lá fui, inicialmente, pela Rua Almirante Alexandrino, com seus armazéns de secos e molhados e o mercado velho. Lembrei do tradicional caldo de carne com tapioca que lá degustávamos, nas madrugadinhas de domingo, depois dos bailes da vida. Dobrei na Rua Nelson Alencar, no trecho onde antes pulsava a Rua da Saudade, um nome poético para uma rua que abrigava os sonhos, as lágrimas e os sorrisos das mulheres de vida fácil (que não era fácil coisa nenhuma). Quando criança, morador da Rua Cel. Raimundo Lobo, distante dois quarteirões dali, sempre pisava a calçada daquela rua, quando ia comprar pão na Panificadora Progresso, bem próximo dos restaurantes O Guanabara, de propriedade do lendário boêmio Neném, e Gaibu Centro, pertencente a Zé Taveira, primeiro empresário da noite cratense. Ontem, quando pisei naquela artéria, que nunca deixou de sangrar, senti saudade de algo que não experimentei, mas, que, no entanto, sempre sentia.

Antes de adentrar a afamada Feira do Crato, passei antes em frente aonde funcionava as boates Pilão e Aquários, respectivamente cada uma no seu devido tempo. Lembro um pouco da Boate Pilão, ambientada em decoração rústica, feita à base de palha. Mas, lembro bem do Aquários, onde, nas noites de domingo, juntamente com meu irmão Helano e os amigos Coquil e Bolinha, ia extravasar a libido característica da puberdade. Tomávamos um trago de bebida e íamos, cheios de artificial coragem, tentar arrumar namorada. No mínimo, éramos contemplados com uma dança ao som romântico de Roberto Carlos, quando aproveitávamos para um esfregão mais demorado, que, na época, chamava-se “pinada”.

A Feira do Crato
A Feira do Crato continua pujante, colorida, movimentada; mas, muito diferente daquela do meu tempo de criança. Na década de 1970, a feira do Crato ocupava as principais e centrais ruas da cidade. E em cada rua, uma especialidade da economia local. A Rua João Pessoa se dividia entre cereais, leguminosas (arroz, feijão e milho) e farinha. A Rua Senador Pompeu, na altura do já demolido prédio onde funcionou o Clube Cariri, era o espaço de comercialização de rapadura. A Rua Bárbara de Alencar, entre os Correios e o Mercado Redondo (hoje o Palácio Alexandre Arraes, sede da Prefeitura), era o “departamento” de produtos artesanais: instrumentos (enxada, foice, facas, facões), utilitários (pote, esteira, vassoura, candeeiro, cachimbo), lúdicos (bonequinhos de barro e de madeira) decorativos (flores de papel crepom) e sacros (estátuas e imagens de santo). Por trás do Mercado Redondo, a feira de frutas e pescados.

Hoje, prevalece a comercialização de produtos industrializados em série, mas os produtos artesanais ainda resistem. O que não se vê, praticamente, são os artistas populares que, outrora, animavam a feira com música, poesia e dança. Nesta última segunda-feira, por conta da programação do São João Festeiro, um grupo de forró pé-de-serra animava os feirantes. E a animação que se celebrava por conta, chamava a atenção dos transeuntes.


A música do centro da cidade
Prossegui o meu passeio, saindo da feira fui em busca do centro da cidade. Passei na loja de Amilton, que vende CDs e DVDs, além de receber pagamento de títulos e contas. Mas, além de vender discos, Amilton é uma pessoa cuja decência nos torna cativa do seu convívio.

Lembrei, então, das lojas de discos que existiam nas imediações, há mais de trinta anos, como as Lojas Primo, O Rouxinol, Nazareno e Discosom.

Naquela época reinavam soberanos, os discos de vinil (compacto e Long Playing) e a fita cassete. Eram produtos caros e considerados supérfluos. Portanto, ouvia-se música, principalmente, no rádio.

O Crato tinha duas emissoras de rádio (que ainda existem): Rádio Educadora do Cariri e Rádio Araripe do Crato. Nas tardes de domingo, um programa era líder de audiência: o Paradinha 1020, transmitido pela Rádio Educadora e apresentado por Evandro Bezerra, desfilando as vinte músicas mais tocadas na semana. Lembro de alguns dos hits daquele tempo: Bilú Tetéia, Farofa-fá-fá, Emanuela (versão de uma canção italiana), Homem com H e a minha preferida, Nuvem Passageira, de Hermes Aquino, cuja letra era mais ou menos assim:

Eu sou nuvem passageira que com o vento se vai
Eu sou como um cristal bonito que se quebra quando cai
Não adianta escrever seu nome numa pedra
Pois essa pedra em pó vai se transformar
Sou um castelo de cartas frágil como o tempo
Sou um castelo de areia na beira do mar


Difusoras de som e de sonhos
Quando sai da loja de Amilton, escutei por todo o centro da cidade o som da Rádio Centro, pertencente a Alemberg Quindins, o que me evocou as antigas difusoras existentes na pré-era do rádio local, como a Amplificadora Cratense, da qual o jornalista Huberto Cabral sabe detalhes mínimos. De uma delas, sei de uma história, que ouvi narrada da boca do próprio protagonista.

Luís Sarmento, natural de Cajazeiras, Paraíba, radicou-se muito jovem no Crato, casado que foi com dona Leda, uma das honrada filhas do senhor Zé Camilo, pessoa histórica pelo fato de ter conhecido o Beato José Lourenço, ao o qual serviu como motorista, transportando mercadorias e pessoas. O depoimento de Seu José Camilo faz parte do documentário Caldeirão da Santa cruz do Deserto, de Rosemberg Cariry, filmado em 1984.

Luís Sarmento, dono de uma amplificadora, que estava a dar-lhe prejuízo, a despeito do custo de manutenção ser mínimo, colocou-a à venda e por preço por demais proibitivo a qualquer um dos mais ricos cratenses. Queria, a todo custo, um caminhão em troca da primitiva emissora.

Só restava-lhe uma possibilidade, vender a o trambolho à Diocese do Crato, que, sabia-se bem, era a única que tinha condição de pagar tão alto valor. No entanto, era preciso provocar um alto e relevante interesse para que o senhor bispo, conhecido “mão-de-vaca”, viesse a adquirir a velha amplificadora, cujo maior valor era a sua penetração incondicional nos ouvidos e mentes dos cratenses. Não havia como fugir daquela “irradiação” se não fosse correr para o sopé da serra ou para outra paragem mais distante.

Luís Sarmento, sabendo deste importante e valioso detalhe, foi falar com o bispo. Disse-lhe que, como bom católico que era, vinha resistido a renitentes propostas dos protestantes para vender sua amplificadora, mas que a última proposta tinha sido irrecusável. Portanto, só faria negócio com os protestantes se o bispo lhe desse aval.

Fez negócio com a Diocese. Trocou dez alto-falantes, um amplificador e um microfone por um caminhão e quatro pneus.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Um passeio sentimental pelas ruas do Crato (II)


Um lugar de pessoas de bem

Da Praça da Sé, em direção ao centro, pode-se seguir em várias direções. Ou à esquerda, passando pela Rua Pedro II, atravessando canal do Rio Grangeiro, aonde se chega ao bairro São José, local do ciclópico e centenário Seminário São José. Ou indo em frente, aonde se chega à Praça Siqueira Campos, a “Boca Maldita” cratense, e, ato contínuo, à principal artéria comercial do Crato, a Rua João Pessoa, que, por sua vez, dá acesso ao bairro Vila Alta.

Fiz a opção de seguir à direita da Praça da Sé, pois pretendia chegar até o Largo da Rffsa, onde hoje está erguido um pólo de lazer e entretenimento, o Centro de Referência Cultural e Turística do Araripe. Fui com o propósito de conhecer a cidade cenográfica que foi montada para o evento junino promovido pela administração pública, o São João Festeiro. Fui, pois, pela Rua Senador Pompeu, onde estão localizadas a Câmara Municipal e diversificadas lojas comerciais e agências bancárias. Para chegar até o Largo da Rffsa, fui pela Rua Bárbara de Alencar, passando em frente ao Crato Hotel e pela Praça Francisco Sá, que antes era conhecida como Praça da Estação. Neste local, foi erigido um dos ícones do Crato, o monumento do Cristo Redentor, semelhante, na forma, ao ícone principal da capital carioca. Na coluna do monumento, o dístico-lema da cidade: Sede bem-vindo! Nesta terra há lugar para todas as pessoas de boa vontade.

Passeio sentimental pelas ruas do Crato (I)

Aproveitei a manhã desta segunda-feira para fazer um passeio por algumas ruas do Crato. O ponto de partida foi a casa de minha mãe, na rua Cícero Araripe, bairro do Pimenta, aproveitando o fato de ter dormido lá, fazendo-lhe companhia. Nesta rua, ficam dois prédios característicos da modernidade cratense: os prédios de apartamento Serra Azul e Guimar, ambos construídos por seu João Felipe, na década de 1960, e os primeiros feitos com fins de moradia. Depois, na rua Cel. Antonio Luiz, passei em frente ao Crato Tênis Clube, reduto da elite cratense, que imita a arquitetura de tradicionais clubes da capital cearense, como o Náutico e o Ideal. Seguindo em frente, em direção ao centro da cidade, tem-se uma sucessão de lugares históricos ou representativos. Inicialmente, o Campus do Pimenta da URCA e o Hospital São Francisco, cujo prédio, agora em reforma, data da década de 1940. Em seguida, a Praça Alexandre Arraes que durante toda a segunda metade do século XX foi o aprazível Parque Municipal, espaço de grandes eventos culturais, esportivos e de entretenimento, a exemplo das memoráveis partidas de futebol de salão e dos saudosos festivais de música, na Quadra Bicentenário, e do Salão de Outubro, sob os frondosos oitizeiros. Em um mesmo quarteirão, apinham-se o Colégio Santa Teresa e sua bucólica capela, o Palácio Episcopal e a casa onde funcionou o Senado da Câmara do Crato, famosa por ter sediado o julgamento do caudilho Pinto Madeira, por conta da revolta absolutista de 1831. Em seguida, descortina-se, imponente e majestosamente, a Praça da Sé, no quadrilátero onde a cidade do Crato originou-se. Além do belo e histórico logradouro, este espaço detém outros pontos históricos, turísticos e sagrados, como a Catedral de Nossa Senhora da Penha, a casa da heroína e revolucionária Bárbara de Alencar, apesar de totalmente descaracterizada, a Casa de Câmara e Cadeia, construída por ordem de Dom Pedro II, em meados do século XIX, e onde hoje funcionam os museus Histórico e de Arte. Não obstante, várias casas antigas encontram-se preservadas, conservando suas belas fachadas. É um dos mais belos cartões postais do Crato.

domingo, 14 de junho de 2009

Enterro à cubana

Na foto, mais uma manifestação de crianças cubanas contra o bloqueio

Toda a família em Cuba se surpreendeu quando chegou de Miami um ataúde com o cadáver de uma tia muito querida. O corpo estava tão apertado no caixão que o rosto estava colado no visor de cristal. Quando abriram o caixão encontraram uma carta, presa na roupa com um alfinete, que dizia assim:

Queridos Papai e Mamãe, estou lhes enviando os restos de tia Josefa para que façam seu enterro em Cuba como ela queria. Desculpem por não poder acompanhá-la, mas vocês compreenderão que tive muitos gastos com todas as coisas que, aproveitando as circunstâncias, lhes envio. Vocês encontrarão dentro do caixão:
* sob o corpo, o seguinte: 12 latas de atum “Bumble Bee”, 12 frascos de condicionador e 12 de xampú “Paul Mitchell”, 12 frascos de Vaselina “Intensive Care” (muito boa para a pele - não serve para cozinhar!), 12 tubos de pasta de dente Colgate, 12 escovas de dente e 12 latas de “Spam” das boas (são espanholas) e 4 latas de “chouriço” El Miño (de verdade). Repartam com a família (sem brigas!!!)
* Nos pés de titia estão um par de ténis Reebok novos, tamanho 9 para o Joseíto (é para ele, pois com o cadáver de titio não se mandou nada para ele, e ele ficou amuado). Sob a cabeça há 4 pares de “popis” novos para os filhos de António, são de cores diferentes (por favor, repito não briguem!).
* A tia está vestida com 15 pulôveres “Ralph Lauren”, um é para o Robertinho e os demais para seus filhos e netos. Ela também usa uma dezena de sutians Wonder Bra (meu favorito), dividam entre as mulheres e também os 20 esmaltes de unhas Revlon que estão nos cantos do caixão. As 3 dezenas de calcinhas Victoria’s Secret devem ser repartidos entre minhas sobrinhas e primas. A titia também está vestida com 9 calças Docker’s e 3 jeans Lee; papai, fique com 3 e as outras são para os meninos. O relógio suíço que papai me pediu está no pulso esquerdo da titia. Ela também está usando o que mamãe pediu (pulseiras, anéis, etc).
A gargantilha que titia está usando é para a prima Rebeca e também os anéis que ela tem nos pés. E os 8 pares de meias Chanel que ela veste são para repartir entre as conhecidas e amigas, ou, se quiserem, as vendam (por favor, não briguem por causa destas coisas, não briguem).
* A dentadura que pusemos na titia é para o vovô, que ainda que não tenha muito o que mastigar, com ela se dará melhor (que ele a use, custou caro). Os óculos bifocais, são para o Alfredito, pois são do mesmo grau que ele usa, e também o chapéu que a tia usa. Os aparelhos para surdez que ela tem nos ouvidos são para a Carola. Eles não são exatamente os que ela necessita, mas que os use mesmo assim, porque são caríssimos. Os olhos da titia não são dela, são de vidro. Tirem-nos e nas órbitas vao encontrar a corrente de ouro para o Gustavo e o anel de brilhantes para o casamento da Katiuska. A peruca platinada com reflexos dourados que a titia usa também é para a Katiuska, que vai brilhar, linda, em seu casamento. Tirem tudo que lhes enviei antes que antes se dêem conta e fiquem com tudo!

Com amor, sua filha Carmencita.

PS: Por favor, arrumem uma roupa para vestir a tia para o enterro e mandem rezar uma missa pelo descanso de sua alma, pois realmente ela ajudou até depois de morta. Como vocês repararam o caixão é de madeira boa (não dá cupim); podem desmontá-lo e fazer os pés da cama de mamãe e outros consertos em casa. O vidro do caixão serve para fazer um porta-retrato da fotografia da vovó, que está, há anos precisando de um novo. Com o forro do caixão, que é de cetim branco ($ 20,99 o metro) Katiuska pode fazer o seu vestido de noiva. Não esqueçam, com a alegria destes presentes, de vestir a titia para o enterro.
POR FAVOR, NÃO BRIGUEM PELAS COISAS, POIS ENQUANTO PUDER MANDAREI MAIS. Com a morte de tia Josefa, tia Blanca caiu doente; não desanimem, logo, logo, vocês receberão mais coisas. Beijos, beijos, beijos, Carmencita.

(postado originalmente en lo 26 de julio de 2002, em Miami)

sábado, 13 de junho de 2009

Festejos juninos

Estamos no ciclo das festas juninas, que começa no Dia de Santo Antonio, 13, e culmina no Dia de São Pedro, 29.

No Cariri cearense, esse período é por demais auspicioso. Paira no ar uma aura de encantamento. O friozinho é a marca registrada, aliada à paisagem, que o inverno recente deixou verde, e às noites plenamente estreladas. Nos sítios, a exemplo de onde moro, as fogueiras já estão prontas, esperando o fogo que iluminará as noites animadas de festa.

As ruas centrais das cidades já estão enfeitadas com bandeirolas, estandartes e balões multicoloridos. As bancas de fogos de artifícios preenchem as lacunas das calçadas e esquinas. A programação oficial corre solta nas mídias, feito rabo-de-saia passando ligeiro entre pernas dos brincantes. As quadrilhas juninas ultimam os preparativos para o grande dia da apresentação que, guardadas as proporções, relembra o carnaval carioca, tanto na pândega quanto na alegoria e nos adereços.

Festejos juninos também são banquetes dionisíacos. Muitas iguarias para satisfazer o paladar e os sentidos. O milho, alimento sagrado dos ancestrais indígenas, é matéria-prima para um sem-número de pratos: bolo, canjica, pamonha, cuscuz, espigas assadas e cozidas, creme, farofa, chapéu-de-couro, fubá. A macaxeira completa a mesa com o tradicional bolo de puba, carimã (papa), sequilho, tapioca, beiju, pé-de-moleque. Nesta ágape, não podem faltar, ainda, batata-doce assada na fogueira, cocada, paçoca, vatapá, baião-de-dois com pequi, arroz-doce com canela em pó, galinha à cabidela e outras infinidades de quitutes típicos da culinária regional. Para acompanhar os pratos, bebe-se aluá, caipirinha, uma cachacinha pura e envelhecida, quentão, sangria, ponche ou então as bebidas industrializadas, mesmo.

Noite de São João, em quase todo o Nordeste, é equivalente à Noite de Natal. Comemora-se, aqui, as datas, com a mesma intensidade. O dia de São João deveria, pois, ser feriado nacional, como já o é em algumas cidades nordestinas. No caso do Crato, cujo Dia do Município, dia 21 de junho, é feriado municipal, sou favorável que este seja transferido para o dia 24. Assim, se evitaria trabalhar com ressaca ou, pior, sacrificar ou mesmo regrar a comemoração da Noite de São João.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

ATENÇAO SER DA TERRA!

Aproveite um pouco do teu tempo e vá ao youtube. Escreva http://www.youtube.com/watch?v=tCVqx2b-c7U e entre. Dedique-se à assistir ao filme simultaneamente divulgado nas salas de cinema do país. Trata-se de HOME - A NOSSA CASA - um filme de paisagens aéreas da terra. Um filme para olhares para a tua própria casa. O teu próprio universo do qual és igual. Um filme realizado pelo Francês Yann Arthus- Bertrand. Existe um versão em português de Portugal. Assista, debata e divulgue.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Aí tem coisa...


Manobra da base aliada do Governo impede – mais uma vez – instalação da CPI da Petrobras por falta de quorum

GABRIELA GUERREIRO
da Folha Online, em Brasília
Os senadores da base aliada do governo esvaziaram a sessão da CPI da Petrobras, nesta quarta-feira, e conseguiram adiar mais uma vez a instalação da comissão. Sem o número mínimo de seis senadores presentes à sessão, o presidente em exercício da CPI, senador Paulo Duque (PMDB-RJ), encerrou os trabalhos sem instalar a comissão.
Dias, autor do pedido de criação da CPI, disse que a oposição estuda recorrer ao STF (Supremo Tribunal Federal) para que a comissão seja instalada caso os governistas insistam em boicotar os trabalhos. "Cabe-nos medida judicial para que o STF possa determinar a instalação dessa CPI, já que há jurisprudência formada. O tribunal já firmou jurisprudência que CPI é direito da minoria, e esse direito está sendo cerceado", afirmou.

terça-feira, 9 de junho de 2009

"Ninguém sabe o duro que dei" – por Reinaldo Azevedo


Imperdível, caros leitores, por uma coleção de motivos, o filme Ninguém Sabe o Duro que Dei, dirigido por Claudio Manoel, Micael Langer e Calvito Leal, que relata a ascensão e queda! - do cantor Wilson Simonal. Há muito mais ali do que o simples relato da trajetória de um ídolo brasileiro, de raro talento, que caiu em desgraça. O que se vê na tela é a exposição detalhada de como uma máquina de difamação ideológica pode destruir uma carreira, apagar uma história, eliminar um pedaço da memória cultural do país. E não posso deixar de pôr isto aqui, já no primeiro parágrafo: a fita traz depoimentos dos cartunistas Ziraldo e Jaguar, que eram do Jornal O Pasquim, que ajudou a destruir Simonal. Levem suas crianças (acima de 10 anos), como fiz, para vêr também esses dois senhores. É um bom pretexto para que o digam: " O papai (ou mamãe) promete jamais falar tanta asneira mesmo que visitado por aquele velhinho alemão... "Se algumas pessoas são para nós norte moral, essa dupla é o sul. Já chego lá.

Negro, filho de uma empregada doméstica, saído literalmente da pobreza, Simonal se tornou um dos mais populares cantores brasileiros. Até aí, vá lá, a estupidez também pode render aplauso. Acontece que ele era bom. Muito bom. Um dueto com Sarah Vaughan ou sua habilidade em reger um coro de 30 mil vozes no Maracanãzinho dão algumas pistas do seu talento. Fragmentos de entrevistas e shows, habilmente costurados no documentário, revelam um homem inteligente, chegado ao cinismo e à auto-ironia. E, vê-se ao longo do filme, não era do tipo chegado ao coitadismo, ao vitimismo, ao pobrismo, a mascarar deficiências técnicas com sua origem humilde, essa coisa tão asquerosa e corriqueira hoje em dia. Ao contrário: tinha plena consciência de seu gigantesco talento e ganhou a fama de arrogante - de "preto arrogante". E vocês sabem o quanto isso podia e ainda pode ser indesculpável...

Cantor excepcional, criativo, capaz de transitar na fronteira de vários estilos, Simonal era uma das personalidades do pop brasileiro, abortado por um conjunto de infaustos acontecimentos: da ditadura dos militares à ditadura dos "profundos", que tomou conta da música. Outro, de estilo diferente, mas não menos marginalizado, era Tim Maia - leiam Vale Tudo - O Som e a Fúria de Tim Maia, de Nelson Motta, que, diga-se ilumina aquele período, neste documentário, com a lucidez habitual. Simonal não tinha grandes "mensagens" a passar, sabem? E sua música dispensava manual de instrução e guia para entendimento de metáforas.

Mas Simonal fez, sim, uma grande besteira. Em 1971, desconfiado de que seu contador, Raphael Viviani, que fala no filme, andava metendo a mão na sua grana, contratou dois seguranças, um deles ligado ao famigerado DOPS, para "resolver" a questão. O homem foi raptado, torturado e obrigado a assinar uma confissão. A mulher de Viviani chamou a polícia. Simonal se complicou. Para tentar se safar, afirmou que tinha "contatos com os homens" - sim, os homens do regime...

Era o seu fim. Passou a ser tratado como dedo-duro e delator dos colegas - embora, como lembra Chico Anysio, não haja uma só pessoa que possa dizer ter sido prejudicada por Simonal - além de Viviani, é claro. A imprensa o tratava como agente dos órgãos de segurança, assim, como um aposto comum, desses que servem para identificar pessoas: "Simonal, ligado ao DOPS..." Ele passou a ser a pessoa mais demonizada no Pasquim, de Ziraldo e Jaguar (o sul moral do Brasil; já volto ao caso). Num dos quadrinhos, aparece, acreditem, dando um tiro na cabeça!!!

Não, Simonal nunca foi agente do DOPS. Acontece que as esquerdas já se incomodavam com os seus hits muito pouco engajados. Foi ele quem transformou num sucesso estupendo País Tropical, de Jorge Benjor. Aquele trecho da música cantando só com as primeiras sílabas das palavras foi uma "bossa" sua: "Mó, num pa tro pi/ abençoá por De/ que boni por naturê/ mas que belê..." "Patropi" virou substantivo, às vezes adjetivo. Aquela parte da crítica que acreditava que boa música tinha de falar das nossas mazelas e, eventualmente, acenar com a "revô sociali dos oprimi" já estava na sua cola. Era considerado ufanista e instrumento da ditadura. Em 1970, havia acompanhado a Seleção Brasileira na Copa do México. Simonal, em suma, era o alienado do "patropi".

O episódio truculento de 1971 - pelo qual ele tinha, de fato, de prestar contas, e ninguém está a dizer o contrário - era a fagulha que faltava num barril de vários preconceitos combinados: o "preto arrogante", que chegou a se declarar "de direita" e que era tido como o cantor "do regime", passou a ser considerado, também um dedo-duro. Os shows desapareceram. Artistas que antes faziam questão de dividir o palco com ele passaram a rejeitá-lo. O Pasquim o esmagava impiedosamente, difamando-o entre artistas e intelectuais. A grande imprensa não ficava atrás. Foi banido das televisões. Estabeleceu-se uma espécie de stalinismo midiático: Simonal foi apagado da história brasileira. O homem que fizera o dueto com Sarah Vaughan - é visível o encantamento da diva - era um proscrito. Depois de demonizado, decretou-se o silêncio. Seu nome foi apagado. Em 2000, morreu em razão do agravamento de uma cirrose hepática.

Ninguém Sabe o Duro que Dei, título do filme, é verso de um dos seus sucessos. Justamente uma música que ironizava o fato de que muitos criticavam ou invejavam a sua boa vida e a sua riqueza. E ele, então, respondia: "Ninguém sabe o duro que dei". Pois é... O que é espantoso, mas muito próprio da indústria da difamação, é que não havia prova, evidência ou indício da ligação de Simonal com a "repressão". Inútil!

O filme é equilibrado. Não há qualquer esforço para desculpar Simonal pela bobagem. O depoimento do contador é bastante longo, e não há a menor intenção de desacreditá-lo. Faço essa observação para deixar claro que Claudio Manoel, Micael Langer e Calvito Leal não maquiam a vida do artista, corrigindo com a simpatia o que há nela de condenável. Mas não como não se deixar capturar pelo óbvio talento de Simonal. Talvez pudéssemos sair do cinema um tanto divididos: "Pô, também quem mandou fazer aquela tolice?" Mas Ziraldo e Jaguar nos tiram dessa sinuca.

VELHOS NA ALMA
Ziraldo comandava O Pasquim. E isso quer dizer que comandava, também, a difamação contra Simonal. Os diretores estão de parabéns por terem deixado o homem falar à vontade. Quando ele fala, o mundo se ilumina porque nos damos conta o artista decorria do fato de ele ser, vamos dizer, um preto bem-sucedido. Mais: admite que aqueles eram tempo em que um lado era o bem, e o outro, o mal. E Simonal estava do lado errado...

Ziraldo sabe, hoje em dia, que o cantor jamais fez parte dos órgãos de repressão. Se, à época, ainda podia alegar alguma ignorância, hoje não pode mais. Tem clareza de que o cantor caiu vítima da máquina de difamação ideológica não por aquilo que fez, mas por aquilo que não fez. Pensam que há nele alguma sombra de arrependimento ou, vá lá, de reconhecimento ao menos das injustiças cometidas? NADA!!!

O cartunista recorre a uma imagem, asquerosa, nojenta mesmo, para se referir ao caso. Segundo diz, os confrontos ideológicos eram como lutas de capoeira, com pernadas para todos os lados. E alguns tinham a má sorte de estar na frente. Entenderam? Ziraldo e as esquerdas davam as pernadas, e o pobre Simonal tomou a sua. Para este senhor, isto é parte do jogo.

Jaguar, que continua a investir na personagem do bêbado profissional, vejam lá por quê, não fica atrás em grandeza moral. Faz um relato debochado da tragédia de sua vítima e diz: "Ele morreu de cirrose; poderia ter sido eu". E cai na gargalhada. Ah, sim: ao falar sobre negros de sucesso, cita o nome de Pelé e diz: "Se bem que Pelé é branco..." Entenderam? Para Jaguar, um negro só é negro se exibir sinais explícitos de sofrimento e for engajado. A propósito: o depoimento do Pelé é um dos grandes momentos do filme. A dupla do Pasquim, mesmo sabendo que Simonal era inocente, não o anistia, não. Nem a anistia moral eles lhe concedem.

É que os dois não sabem o que é isso. Só conhecem o perdão traduzido em reais. A Comissão de Anistia mandou pagar R$ 1.000.253,24 ao milionário Ziraldo e R$ 1.027.383,29 ao nem tão rico Jaguar (confessadamente, ele "bebeu" todo o dinheiro que o jornal lhe rendeu). Mais: ganharam também o direito a uma pensão mensal permanente de R$ 4.375,88. Por quê? Ora, porque eles foram considerados "perseguidos pelo regime militar" por conta de sua atuação no Pasquim, aquele que desenhou Simonal dando um tiro na cabeça...

Sensatas e até comoventes são as palavras dos cantores e compositores Simoninha e Max de Castro, filhos de Simonal. Tentam entender a personagem na lógica dos confrontos de um período e dizem ser necessário resgatar sua obra, sem qualquer viés de confronto. O ódio de que Simonal foi vítima (ainda presente nas falas irresponsáveis de Ziraldo e Jaguar) não turvou o pensamento dos filhos, a cujos shows o pai chegou a ir. Mas os via escondido, sem mostrar a cara. Não queria, como conta sua segunda mulher, "prejudicar os meninos".

Não deixem de ver o filme. Vale como divertimento e também como advertência: a máquina de difamação, que dá pernada a três por quatro (e dane-se quem está na frente), continua ativa, e agora está no poder.

P.S. O filme merece uma atenção bem maior do que a que vem recebendo. De certo modo, a maldição continua. Como NÃO diria Chico Buarque, as esquerdas inventaram o pecado, mas se esqueceram de inventar o perdão.

sábado, 6 de junho de 2009

QAUTRO VEZES E UMA SEMANA APENAS

Um ovni abduziu o avião da Air France?

O repentino desaparecimento de uma aeronave ultramoderna, fazendo uma rota mais do que testada, se tornou a perplexidade da semana que termina. Perplexidade, pois tudo leva a crer que a única forma de esclarecer o acidente é o encontro, quase impossível, das caixas pretas.

As hipóteses para o acidente parecem se resumir em duas principais: uma fragilidade qualquer no AIR BUS ou uma bomba terrorista (até agora não afastada). As condições climáticas na região são banais e os procedimentos para transporte de passageiros e bagagem também o são.

Quem ficou mal mesmo na história foi o Ministro Jobim, chamado pela grande imprensa de Governo Brasileiro. O que não deixa de ser verdade em base, mas como operação toda crítica recai sobre ele. No dia anterior à sua entrevista comandantes da Marinha e da Aeronáutica disseram que a cautela seria somente afirmar que os destroços avistados eram de fato do avião acidentado, após a recolha das peças e o exame dos seus números de série. Na data da entrevista do ministro nenhum dos destroços avistados tinham sido recolhidos, menos ainda examinados.

A queda ou esplendor do Império Romano da Nova Era?

Berlusconi, primeiro ministro da Itália, carnavaliza a vida privada e, também, a pública. Roupas mínimas (ou evaporadas), um grupo de homens e mulheres ao melhor estilo pornochancada, inclusive com tomadas em ereção.

Recebendo votos em massa, ganhando todas da esquerda esfacelada e mantendo uma excelente relação com o Vaticano, Berlusconi é bem o exemplo dos tempos atuais. Tempos das corridas da canalhada sobre as instituições que decidem sobre dinheiro ou são elas mesmas fundos de moedas.

É o mesmo momento em que estes canalhas correm para as câmaras da TV para fazer o seu, ou vão para a política para ocupar os espaços do troca a troca de verbas com percentagem de obras por fora. Por isso mesmo o parlamento em média (à exceção do senado) troca mais de 60% dos representantes do povo e neste continuam os mesmos escândalos “daquele ano que passou, eu não brinquei, você também não brincou”. Sim é o mesmo espírito na cultura, na educação, na mídia, na administração pública e privada e inclusive nos blogs.

Arrivistas às toneladas

Juan do Flamengo parece que finalmente foi punido no caso Maicosuel (que não se perca pelo nome). O jogador agressor não praticou nada muito novo, a arrogância e “sabe com quem está falando” é bem típica do ser humano e incidente, em especial, em certas culturas.

Acontece que este espírito que aparece com freqüência nestes grupelhos de adolescentes, sejam torcidas organizadas, neonazistas, homofóbicos, grupos agressivos que agridem para se sentirem menos inferiores, continua uma marcha insana. Uma marcha que parece ter como móvel a insatisfação com o estoque de consumo e com esta corrida imbecil pelo sucesso e pelo vencedor.

Aliás, no plano geral da vida e da civilização, as entranhas derrotadas de um modelo econômico excludente e extravagante.

Kátia Abreu, Minc e a Semana do Meio Ambiente

Semana que lembra o Meio Ambiente. Que este ano teve um molho muito especial no noticiário. Motivado principalmente pela MP da Amazônia. Um drama atual sem igual para o país e sua sociedade.

Acontece que vendemos, com sucesso, a questão do álcool para mover automóveis. A energia renovável é algo espetacular. É a energia solar pela fotossíntese. Mas é natural que os impactos sobre o meio ambiente estejam na raiz da solução.

É claro que mesmo com a melhora da produtividade por hectare, o plantio extensivo irá afetar os grandes e a ainda remanescentes biomas do país. Aliado àquela venda do álcool foram anos de sucesso do agronegócio no famigerado modelo exportador e vendedor de commodities. Este setor recebeu as medalhas ao amealhar dólares no exterior.

Eis a raiz da verdadeira briga nesta semana do meio ambiente entre a Senadora Ruralista Kátia Abreu e o ministro marqueteiro Minc. Aliás não sei bem o motivo pela qual o Senador Tasso Jereissati, aparente líder da modernidade econômica, se alinhou com o mais atrasado da vida nacional.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Programa Cariri Encantado

Está sendo veiculado pela Rádio Educadora do Cariri AM 1020, todas as sextas-feiras, das 14 às 15 horas, o programa Cariri Encantado, sob a apresentação de Luiz Carlos Salatiel. Amanhã, dia 5 de junho, será apresentado um programa temático, lembrando o transcurso do Dia da Terra. As músicas e textos a serem veiculados são de autoria de Abdoral Jamacaru, Geraldo Urano, Pachelly Jamacaru, Zé Nilton de Figueiredo, Luís Fidélis, Calazans Callou, Luiz Carlos Salatiel, Rainério Ramalho, Geraldo Júnior, Carlos Rafael e Tiago Araripe. Por sinal, todos caririenses. O cantor e ambientalista João do Crato será o entrevistado e o programa será dedicado à memória de Jefferson da Franca Alencar, exemplo de preservador da natureza.

Não deixem de ouvir!

terça-feira, 2 de junho de 2009

Secretário atende requerimento e comparece na sessão de hoje da Câmara do Crato

O Secretário de Agricultura do Crato, Erasmo Ferreira, esteve na manhã de ontem, 02, no plenário da Câmara Municipal, atendendo a um requerimento do vereador Fernando Brasil (PSB), que solicitou a presença do secretário, para debater ações desenvolvidas por sua pasta e especialmente o programa de roço nas estradas vicinais do município. O convite ao secretário, aconteceu após divergência de informação quanto ao valor que está sendo pago aos trabalhadores que participam do programa. Erasmo aproveitou a oportunidade e relatou ao plenário as principais ações desenvolvidas pela Agricultura nos primeiros cinco meses da atual gestão do prefeito Samuel Araripe.

O secretário destacou as principais ações e os programas feitos pelo município em parceria com o estado e união, dentre eles: o Seguro Safra; Peixamento dos Açudes; Projetos de Abastecimento d’água e Projetos São José. De acordo com Erasmo o objetivo da secretaria vem sendo o de desenvolver ações que melhorem a qualidade de vida da população rural.

Respondendo ao questionamento do vereador Fernando Brasil, em relação ao valor pago aos trabalhadores que participam do roço, o secretário foi enfático e afirmou que a determinação do prefeito Samuel Araripe é que seja pago o valor de oitenta reais por cada quilômetro trabalhado. Afastando desta forma, rumores de que seria de somente sessenta reais o valor a ser pago.

O secretário acrescentou que o roço de espaços para o plantio e de estradas vem sendo feito em parceria com entidades comunitárias rurais, com o intuito de gerar mais emprego no campo. Questionado pela vereadora Mara Guedes (PT) sobre os programas do governo federal no município e particularmente o Seguro Safra, Erasmo disse ser o Governo Federal e Estadual parceiros importantes no desenvolvimento de políticas que beneficiem o homem do campo, sedo um exemplo o Seguro Safra que no município tem 2.390 pessoas cadastradas.

Fernando Brasil autor do requerimento classificou como oportuna e esclarecedora a visita do secretário à Câmara, sendo acompanha pelos vereadores Guer, Florisval, Dedé da Granja e Jales Veloso que destacaram a forma gentil como o secretario compareceu ao plenário.

Notícias da Câmara Municipal do Crato

Na sessão de hoje (02/02) o vereador Dárcio Luiz de Sousa (PSDB) apresentou requerimento solicitando envio de ofício ao prefeito Samuel Araripe, ao presidente da SAAEC, Dr. José Procópio e ao Dr. José Muniz, pedindo que seja ampliada a rede de abastecimento d’água e construído o calçamento com saneamento básico na Rua José Andrade de Sousa “Zé Zaca” no Distrito de Dom Quintino;

Vereador Dedé da Granja (PSDB) solicitou envio de ofício ao chefe do DER/Ce, Dr. Luiz Salviano Matos, solicitando a recuperação asfaltíca da Av. Castelo Branco, ligando a Av. Pe. Cícero à Petrobras e a estrada Crato ao Distrito de Romualdo;

Vereador Fernando Brasil (PSB) apresentou requerimento solicitou a mesa diretora que a primeira e segunda Sessão Ordinária Itinerante da Câmara, sejam realizadas respectivamente na sede dos Distritos de Dom Quintino e Ponta da Serra. Em outro requerimento, solicitou envio de ofício ao DEMUTRAN, pedindo a criação de uma área de estacionamento privativo no trecho do Museu de Artes Vicente Leite até a Câmara Municipal com a finalidade de atender aos vereadores, principalmente em dias de sessão;

Vereador Luiz Cory (PSC) apresentou requerimento solicitando envio de ofício a Secretaria de Infraestrutura do Município pedindo a recuperação da Rua da Penha no centro. Em outra solicitação, pede envio de ofício ao DEMUTRAN para que seja instalada sinalização vertical e horizontal de trânsito no cruzamento das ruas José de Alencar e Pedro II no centro da cidade;

Vereador Ailton Esmeraldo (PP) solicitou envio de ofício ao prefeito Samuel Araripe e a Secretária Daniele Esmeraldo, requerendo a construção de um Centro de Artesãos no Município do Crato, com a finalidade de abrigar os artesões do município com demonstração e comercialização dos seus produtos;

A vereadora Mara Guedes (PT) solicitou a presidência do legislativo cratense que o Projeto de Lei que se refere a autorização de empréstimo junto ao BNDS seja votado em regime de Urgência Simples.