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sábado, 31 de julho de 2010

Karimay acabou de falecer

Lamentavelmente, acabamos de perder materialmente o sociólogo, artista plástico, espírita e formidável figura humana – LUIZ KARIMAY.

A informação foi passada a pouco por Reginaldo Farias, um dos discípulos do Mestre Karimay nas artes plásticas, a Luiz Carlos Salatiel, que me comunicou o fato.

Para nós, amigos e admiradores do Artista e do Homem Luiz Karimay, foi um infausto acontecimento, por conta da privação de sua companhia sábia; mas, decerto, para o seu espírito, foi um momento supremo, que ele estava preparado para tal.

Obrigado, Karimay por tudo que você fez e representa para nós, seus amigos de longas datas.

Descanse das atribuições mundanas em plena paz e luz.
Ele caminhou firme na linha tênue

Equilibrando-se com a sua espada de luz de samurai zen

O que é para um mestre atravessar para o outro lado?

Uma travessia, decerto, pisando o solo sagrado com sapatilhas de bailarino

Já o seu tamanco de carvalho, este já estar bem gasto

Também pudera, sua caminhada, longa e árdua, venceu os terrenos derrapantes

Com breves e estratégicas paradas para cultivar, por exemplo, um bonsai de umbuzeiro

Da minha parte, sei que o mestre nunca parte

Ele adianta os passos para mostrar as veredas que dão em algum lugar

Como entender um mistério? – Por Carlos Eduardo Esmeraldo

Há alguns dias, eu e Magali fomos convidados para falar para um grupo de jovens casais que se preparavam para a cerimônia de seus casamentos. É claro que além da nossa experiência pessoal, consultamos alguns livros. Num deles, vi algo que muito me emocionou e me transportou aos meus oito anos de idade, nas aulas de catecismo da minha querida e saudosa tia Esmeraldina, a irmã mais velha da minha mãe. Naquela época, eu me preparava para fazer a minha primeira comunhão. De repente, minha memória me fez ouvir a voz da tia Esmeraldina me perguntando sobre o mistério da Santíssima Trindade: O Pai é Deus? O Filho é Deus? O Espírito Santo é Deus? A cada uma dessas perguntas eu respondia sim, sem nada entender. E acredito que ninguém ainda hoje entenda tais mistérios. Mas lendo o livro “Os Sacramentos” de Dom Hilário Moser*, encontrei uma definição de Deus que satisfaz a quem pensa como eu, em aceitar a existência desse mistério principal da nossa fé. Abaixo, tomo a liberdade de compartilhar com aqueles que se deram ao trabalho de ler até aqui o que rabisco, a mesma emoção que eu senti ao ler as palavras de Dom Hilário.
“O nosso Deus não é um Deus solitário, é um Deus-Família. Ele é Pai que tem um Filho. E o amor que vai do Pai ao Filho e do Filho ao Pai é tão perfeito que é uma Pessoa, o Espírito Santo. Assim, em Deus há uma contínua corrente de amor entre as três Pessoas divinas. O Pai está todo voltado para o Filho, o Filho está todo voltado para o Pai, e o Espírito Santo mantém Pai e Filho voltados um para o outro. Este é o grande mistério da Santíssima Trindade. É difícil para nós, criaturas, entender esse mistério, mas assim é o nosso Deus e é assim que a Bíblia nos fala de Deus.”

Descobrimos que essas sábias palavras têm tudo a ver com a formação de uma família, onde o amor deve fluir entre o casal e os filhos, da mesma forma que circula na suprema divindade. O amor do marido para a mulher, o amor da mulher para o marido deve ser tão intenso quanto o amor dos pais para com os filhos e dos filhos para com os pais. Isto nada mais é que o reflexo do amor de Deus atuando sobre a família. Se todas as famílias do mundo colocassem esse mistério em suas vidas, vivendo sob o influxo do Espírito Santo, certamente não existiria tantas agressões entre os seres humanos, não haveria guerras, exploração do homem pelo homem e a pobreza; não somente a pobreza material, mas principalmente a pobreza moral, a maior de todas as misérias.

Por Carlos Eduardo Esmeraldo

Dom Hilário Moser é bispo emérito de Tubarão-SC

Crônicas de uma geração: o Bar de Abidoral

O “barman” Abidoral e Salatiel, o mentor do espaço

O Abidoral em questão é o mais conhecido abidoral do Crato: Abidoral Rodrigues Jamacaru Filho, cantor e compositor, projetado a partir dos festivais de música que aconteceram na cidade por toda década de 1970.

Pois bem, Abidoral já teve um barzinho, em sociedade com o também músico cratense Calazans Callou. O bar durou pouco, acho que no máximo um ano, mas propiciou momentos aprazíveis e boas e risíveis histórias.

Era 1985, um ano bom. Abidoral foi incentivado por Luiz Carlos Salatiel a ser um empreendedor. Calazans, que na época trabalhava no Bamerindus, topou dividir os duros afazeres deste complicado ramo comercial. A ideia de Salatiel era pragmática: como era impossível sobreviver de música no Cariri naqueles anos da chamada “década perdida” da economia brasileira (permeada de inflação, pacotes heterodoxos de choques econômicos, falta de incentivo à cultura, inexistência de espaços e mercados para o artista local etc), então o jeito era construir uma alternativa que aliasse negócio e diversão. Um bar, por isso, seria o empreendimento ideal.

Calazans, que conhecia os distribuidores de bebida da região, conseguiu o fornecimento de forma consignada. O espaço escolhido foi o Bar das Anas, como era conhecido o bar mantido por Ana Cássia e Ana Leonel, que estavam deixando o ramo, localizado no conjunto Padre Cícero, bem próximo da divisa Crato-Juazeiro.

Para a rapaziada que estava órfã de um point alternativo, foi um presentaço. O local era super-agradável, bastante ventilado, amplo, visto que havia um terrenão baldio ao lado, e muito acessível. Aqueles que não tinham automóveis, a grande maioria, bastava pegar o busão da Viação Brasília e saltar bem na porta do bar.

O nome do bar não poderia ser outro – Bar de Abidoral – batizado que foi pelo senso comum da galera. Nem adiantaria colocar, por exemplo, “Espaço Cultural Avallon”, pois não pegaria. A rapeize prontamente dizia: vamos pro Bar de Abidoral, e pronto!

Além da bebida e do peixe frito, o outro principal prato da casa era, lógico!, música: refinado som ambiente e excelente música ao vivo. Todas as sextas e sábados, um espetáculo. Foram antológicas, por exemplo, as apresentações da Banda Cariri (leia-se João do Crato, Manel D’Jardim, Cacheado, Cleivan Paiva, Borís, Nivando, Paulo Lobo e Iran, respectivamente no vocal, baixo, bateria, guitarra, baixo, sax, trombone e piston).

Na parede externa, o pintor Romildo Alves fez um painel retratando as figuras que frequentavam o bar: artistas das mais diversas especialidades e os contumazes boêmios. Além, é claro!, de Abidoral, imagens caricaturizadas de Geraldo Urano, a la filósofo grego, e Zadinha, retratado de véu e grinalda. Zadinha, apelido do artesão Osvaldo Filho, foi a noiva da única e inesquecível quadrilha junina que o Bar de Abidoral realizou. O noivo foi Monquinha Cabral.