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domingo, 28 de março de 2010

Ibiapina: O Homem - Postado por Luiz Domingos de Luna*

Padre José Antonio de Maria Ibiapina, assim assinava aquele que o povo chamava de mestre Ibiapina, o maior missionário do Nordeste. Cujo centenário se celebrou em 1983. Hoje em dia ele está quase totalmente esquecido, mesmo no Nordeste, salvo em algumas comunidades rurais muito tradicionais em que se mantêm algumas devoções recomendadas por ele ou nas imediações de Santa Fé, perto de Arara, na Paraíba, onde foi sepultado. Cada ano em Santa Fé no dia 19 de fevereiro uma piedosa romaria reúne os últimos os últimos devotos do Padre Mestre.

Nada mais injusto do que o esquecimento em que caiu o grande missionário do sertão do Nordeste. Se tivesse tido continuadores, a face da igreja no Nordeste e no Brasil teria podido ser diferente. Mas a circunstância histórica não lhe foi favorável. Depois do Vaticano I, no Brasil a igreja entrou nos rumos da romanização e do ultramontanismo. Os bispos pediram a ajuda de religiosos europeus formados na mais estrita observância do Ultramontanismo. A Herança pastoral autóctona foi abandonada. Em torno à figura do maior e dos mais originais dos missionários do Nordeste, criou-se um silêncio de quase reprovação.

Ibiapina nasceu em 1806 numa fazenda perto de Sobral, no Ceará. O Seu pai era escrivão o público. Seu pai teve parte ativa na revolução de 1824, conhecida como confederação do Equador, e foi fuzilado. O Seu irmão mais velho. Pela mesma razão. Foi preso na ilha de Fernando de Noronha onde morreu misteriosamente. Estudou dois anos no seminário de Olinda de 1823 a 1825. Mas não se entrosou e saiu. Entrou na faculdade de direito recém fundada e formou-se aos 26 anos, assumindo imediatamente a cadeira de direito natural na escola de direito.

No ano seguinte, aos 27 anos, ele é juiz de direito e chefe da polícia em Quixeramobim. Aos 28 é eleito deputado federal na constituinte de 1834. (...) Em 1855, dois anos depois da ordenação, deixa o Recife definitivamente para buscar a sua vocação no sertão. Deixa a igreja instalada da capital pernambucana que a ninguém para buscar o povo de Deus perdido nesse interior interessa. Então começa a sua vida missionária. Os últimos 28 anos de sua vida vão fazer uma extraordinária carreira de missionário.

De 1860 a 1876 foram os anos da vida itinerante. A partir de 1876, Ibiapina, paralisado, instala-se em Santa Fé, continuando a dirigir asa suas fundações à distância. Aí morre em 1883.

*É mestre de Ordem, Ordem Santa Cruz, - Penitentes - Forania do Aurora no Estado do Ceará, aos 28 dias do mês de março, 2009.

Bibliografia:
Ibiapina José Antonio de Maria, 1805 – 1883
Instruções espirituais do Padre Ibiapina/ José Comblin {organizador} – São Paulo: Ed. Paulinas, 1984.

Cariri


Tarso Araújo

SERÁ A SINA?
Costumam dizer que Crato é uma cidade pobre em monumentos públicos. E é mesmo! Seria coisa do destino? Segundo o livro"Efemérides do Cariri", do historiador Irineu Pinheiro, o primeiro monumento público de Crato foi inaugurado em 31 de julho de 1903. Era um busto de Pero Coelho de Sousa, um dos colonizadores do Ceará. Feito de alvenaria, o busto não tinha braços. Ganhou logo do povo o apelido de "João Cotoco". Outros preferiam chamá-lo de "João de Barro". Dois anos depois, em 1905, numa noite de tempestade, um raio destruiu o busto. De lá para cá outros monumentos em Crato foram destruídos. Agora por mãos humanas. Dentre eles, citemos dois: o monumento à Mãe Cratense e o comemorativo à proclamação do dogma da Assunção de Nossa Senhora. Ambos erguidos (e destruídos) na Praça da Sé.

A SUCESSORA
Monsenhor Ágio Augusto Moreira, criador da Escola Lírica do Belmonte e da Orquestra Sinfônica Padre Davi Moreira, chegou aos 92 anos. Essas instituições beneficiam & com o ensino da música & camponeses residentes no Belmonte, localidade do sopé da Chapada do Araripe, em Crato. A obra do padre Ágio vai ter continuidade. Quem o sucederá? A professora Izaíra Silvino, coordenadora voluntária do Curso de Educação Musical do Campus da UFC-Cariri. Ela ensinava música em Brasília e após se aposentar fixou residência em Crato, cumprindo antiga promessa feita ao padre Ágio de dar continuidade as suas iniciativas no campo musical.

ARTESANATO
Maria do Socorro Nascimento, residente no sítio Sítio Baixa do Quaresma, a 5 km de Missão Velha (ali mantém ateliê e forno) é hoje uma das maiores artesãs de barro do Cariri. Além dos potes e jarros, faz esculturas de animais e personagens famosos, como o poeta Patativa do Assaré e o presidente Lula. Maria do Socorro vende seus produtos em casa, mas começou a ganhar fama após participar de uma feira de produtos da agricultura familiar realizada no Parque de Exposições de Crato. Vale a pena conhecer a criativa arte dessa jovem artesã caririense.

DE VOLTA AO PASSADO
O reitor Plácido Nuvens reeditou portaria de 2008 abrindo mais uma sindicância contra alguns membros da administração anterior da Universidade Regional do Cariri. A primeira sindicância, conduzida por pessoas da confiança do novo reitor e sugerida pela Auditoria, teria agido de forma parcial, já que era totalmente dependente da atual administração. Segundo consta, não foi apurado nada de grave contra os gestores da administração passada. Agora, depois de quase três anos, a sindicância foi reinstalada. Vale lembrar que os relatórios da auditoria foram remetidos ao Ministério Público. Quando os acusados solicitaram o texto do relatório o atual reitor não atendeu ao pleito.

DESRESPEITO À LEI
Um ponto negativo, que contrasta com o inegável progresso e avanços registrados na conurbação Crajubar, é a poluição sonora que ainda resiste nas principais cidades caririenses. Nos centro comerciais, como o de Juazeiro do Norte (foto), carros de propaganda não respeitam o nível de som permitido (85 decibéis). Nas zonas urbanas é proibido executar atividades que produzam alto ruído antes das 7 horas e depois das 22 horas. O bairro Parque Grangeiro, em Crato, é o campeão do desrespeito. E quando são chamados para coibir os abusos, os policiais do Ronda Quarteirão dizem que podem fazer nada. A quem apelar?

VIDA POLÊMICA
A revista "Família Cristã", da Editora Paulinas, publicou & este mês & entrevista com dom Fernando Panico. A certa altura, o bispo de Crato declarou: "A vida do padre Cícero é polêmica porque ele viveu intensamente fatos polêmicos da história do Nordeste que ele tentou resolver, e sempre em favor do povo sofrido do sertão. Admiro no padre Cícero duas qualidades fundamentais: uma fidelidade heroica à sua consciência, e uma compaixão profunda para com os pecadores e os pobres".

TRISTE
Os vereadores de Crato, continuando a deplorável política de mudança dos nomes das ruas da cidade, "cassaram" a denominação de Presidente Kennedy e renomearam aquela artéria urbana de Desembargador Edmilson Cruz. O que mudou na prática? Nada. Depois de mais de dois anos da mudança as novas placas nunca foram afixadas. E o povo continua chamando aquela rua de Presidente Kennedy... Bem feito!

CENTENÁRIO
A Assembleia Legislativa do Estado do Ceará realiza Audiência Pública em Juazeiro do Norte para discutir o centenário da cidade. O requerimento foi feito pela deputada Ana Paula. A audiência acontece dia 29, no Memorial Padre Cícero.


CURTAS

> Dom Fernando Panico esteve segunda e terça-feira (dias 22 e 23) em Quixadá, acompanhando as freiras contemplativas da sua diocese em viagem espiritual. Na quarta-feira (dia 24) seguiu para Belém, onde participou da posse do novo arcebispo da capital paraense. Já na sexta-feira, dia 26, estava despachando em seu gabinete, na Cúria Diocesana, em Crato.

> O chamado "Metrô do Cariri", que liga Crato a Juazeiro do Norte está há dias sem funcionar. O que não causou nenhuma reclamação ou repercussão junto à população das duas cidades. A introdução desse transporte coletivo ainda não pegou. O povo apelidou esse trem de "cobra de duas cabeças". E reclama da pintura das janelas que não favorece a visibilidade no interior dos vagões.

> O desenho de Reginaldo Farias vencedor do concurso para escolha da logomarca oficial do centenário de Juazeiro do Norte concorreu com outros 85 projetos. A escolha foi justa, pois a logomarca vitoriosa define bem a imagem da Terra do Padre Cícero.

> O empresário José Roberto Celestino é um dos maiores conhecedores da realidade do Cariri. Estudioso e sério, José Roberto mantém excelente relacionamento com os profissionais da imprensa da conurbação Crajubar.
Fonte: O Povo OnLine