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sexta-feira, 27 de maio de 2011

Melhor idade? Tô fora, prefiro ser idoso! – Por Carlos Eduardo Esmeraldo

Na última quarta feira, da semana que amanhã se encerra, tivemos, eu e Magali de realizar uma urgente viagem ao Crato, tudo dentro de um prazo inferior a 18 horas de ausência de nossa casa. Dado a urgência e não me ser possível um afastamento maior de minhas atividades, utilizamos o transporte aéreo, com passagens adquiridas no balcão do aeroporto e tarifa cheia. Somente nos desincumbimos da missão que teríamos quase às três horas da tarde, de modo que fomos obrigados a retornar via Recife, onde fizemos uma conexão para Fortaleza, aqui chegando às 19 horas.

Como embarcamos em três aeroportos diferentes, em todos três fomos convidados a ter prioridade no embarque sendo tratados como “pessoal da melhor idade.” Deu vontade de perguntar se “melhor idade” é sofrer reumatismos os mais diversos, tendinite, bursite, artrite, sinusite, labirintite, rinite, e muitos outros “ites,” além de catarata, hipertensão, diabetes, bico de papagaio, esporão de galo, joanete, osteoporose, e o que é pior: a perspectiva de que a partida definitiva está cada vez mais próxima.

Pois é distintas aeromoças, “melhor idade” é a das crianças, adolescentes e a de todos aqueles com menos de trinta anos. Por favor, deixem de imitar os americanos, pois eu prefiro ser tratado por aquilo que realmente sou. Um pobre beneficiário do estatuto do idoso, com alguns centavos de experiências a mais, e as regalias de me divertir pagando “meia entrada” nos cinemas, teatros e futebol, com a agradável surpresa de ouvir os porteiros me solicitarem a “carteirinha de estudante” ou documento de identidade que comprove que realmente já sou um idoso.

Por Carlos Eduardo Esmeraldo

Falar em nome das matas - Emerson Monteiro


O projeto agora anda da Câmara para o Senado, mais para espantalho do que para código florestal. Espécie de lei remendo a tudo que se perpetrou até agora nas matas brasileiras, no afã dessa febre dos industriais no campo, a agroindústria exportadora, e da produção de carne para o mercado externo, a toque de caixa. Mundo desigual de tanta fome e tanto estrago. Os vegetais não têm deputados, senadores, advogados. Têm os donos das terras que tomaram dos índios, que receberam de herança, que compraram ao preço de banana, que desmatam e fica por isso mesmo, nessa ganância de ouro fácil. Defender o que, senhor parlamentar? As furnas das onças, os buracos dos tatus, as camas das pacas? Argumentar com o quê, senhor parlamentar? Com as cantigas dos matutos abilolados na faina de puxar cobra para os pés, e apurar quase nada ao final dos invernos? Ouvir o canto dos pássaros para quê, senhores, quando as parafernálias eletrônicas ecoam de norte a sul do País, nos forrós melados desse universo troncho da ressaca nacional, frutos negros da cultura de massa? Sim, o som estridente das motosserras e dos tratores do progresso invadindo tudo que pareça verde e que, vendido a troco de muambas, virá festa, nos salões amarelados das cidades de trastes engarrafados e brilhosos. Os gritos dos capitães da grilagem, caçadores com a espingardas dos outros. Grande farra coletiva, nesses tempos de pouca solidariedade e muito lucro. Há um protesto congelado nos ares da política pragmática e mercantil. Há dores caladas nos cantos escondidos das florestas esturricadas, abandonadas à própria ganância. Ninguém pode além de nada, nos tristes trópicos acelerados para que as florestas permaneçam nacionais, invés da dominação do Império avassalador. Quem contará essa história da entrega da alma cativa aos inúteis da fragilidade, aos apáticos e indiferentes? Quantas perguntas lançadas ao vento, nas manhãs melancólicas dos finais de natureza. Apenas reservos de poucas plantas restarão emolduradas aos quintais dos ricos, enquanto na praça da apoteose crescem os pretendentes aos postos de comando e erários públicos órfãos da cidadania.
Isto porque vejo pouca chance para as leis conscientes e que contemplem a realidade verdadeira dessa humanidade insana. O Brasil, nação estratégica dos novos tempos, quando acordará a isso, sem procurar conciliar os ânimos destrutivistas do que resta de patrimônio nativo?
A propósito, minha homenagem ao casal José Cláudio Ribeiro da Silva e sua mulher Maria do Espírito Santo da Silva, mortos a tiros na madrugada desta terça-feira (24 de maio de 2011) na área rural do município de Nova Ipixuna, sul do Pará. Eles só lutaram com autenticidade em nome da conservação da natureza!