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sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Minha volta a Aquarius

Luiz Domingos de Luna*
Outro dia, não sei bem precisar o motivo, me bateu uma saudade de meu berço natal Aquarius, depois de muito refletir, vi que não era importante a viagem, a cultura, o modo de vida tudo diferente, e, o fato maior de já estar acostumado aqui na terra, na verdade, me sinto mais a vontade como terrestre do que com o Aquariano.
Talvez o motivo real seja outro, ou seja: o medo de não poder mais retornar a terrinha, que, apesar dos conflitos humanos, das limitações, tem um charme muito especial que é o bairrismo, com certeza o que caracteriza o Planeta Terra é o bairrismo, algo muito difícil de encontrar em outro.
Diante da minha decisão de retorno ou não, vi que estava agindo como um terrestre, pois, o grande paradoxo dos humanos é também o meu paradoxo. Algo que me deixou perplexo e angustiado, ao saber que o amor a terra é também motivo de agressão a mesma, uma equação pensante muito contraditória, pois, como amar o planeta e viver eternamente pensando, abusando, ferindo, explorando, consumindo, poluindo e pelando a bolinha tão frágil e tão pequenina no espaço sideral.
Para os terrestres, talvez a minha reflexão, não contivesse o cerne da racionalidade, vez que: como os habitantes da bolinha ainda azulada poderiam chegar a tal conclusão? Se eles não conhecem outro referencial, para mim, isto é muito natural, porém para eles o meu questionamento pode nem fazer parte de seu campo pensamental. Por que fariam?
Descobri que sem um diferencial, ou outro referencial, fica muito difícil de chegar ou compreender o plano existencial, racional, lógico, real e plausível a arte cara de existir, numa ação tão renovada, quanto à existência do próprio homem no planeta terra.
(*) Professor da Escola de Ensino Fundamental e Médio Monsenhor Vicente Bezerra – Aurora (CE)



Apuração parcial - Por Emerson Monteiro

A porta se abriu e de repente lufadas auspiciosas de vento escorrem na face metálica das superfícies, materiais enferrujados em volta das fábricas imaginárias de transformação inevitável, envolvendo tudo com a seda suave do gesto universal da natureza, em ondas insinuantes e repetitivas. Prazer adocicado que não existia poucos instantes passados, contato alegre de mudanças impetuosas na atmosfera e nos sentimentos. Gosto de viver contagiado de pura felicidade avassaladora, nas formas penetrantes através das mesmas frestas da memória que administraram a excitação muscular original, proveniente de épocas da infância, de quando, ao menor gesto, as fibras do coração renovavam cada história dos pensamentos reconstruídos nas tantas outras possibilidades que ninguém o destino. Seres alados das histórias fantásticas invadiam, cinematográficos, as alamedas do espírito, no ímpeto de circuitos mecânicos, precursores da plenitude, euforia inexplicável de roupas drapejando ao sol das manhãs, nas marcas de tempos amarelecidos nas velhas canções italianas que revigoravam o instinto de amor nos corações dormentes dos jovens esperançosos.
Contudo, diante das notícias recentes de terremotos, temporais e programas de televisão que dominam as individualidades, mostrando ao vivo recônditas furnas da consciência, ilustrada folhas vespertinas deste período da aventura humana, há pontos circulando suspensos no ar que aguardam maior discernimento. A velocidade nas estradas e o transbordo das gangues de periferia, ou do centro administrador do sistema, impõem conclusões apressadas, aciduladas, aos filósofos e poetas. Ao menor sinal, drásticas interpretações, no entanto, chegam aos analistas políticos, sempre audazes em permanecer no plantão das ocorrências, fiéis ao princípio da livre iniciativa das massas em franco amadurecimento, abertas a novas perspectivas milenaristas.
No trâmite natural da superposição de liderança, a cada turno eleitoral essa vontade superlativa de sonhar com elementos pouco elaborados nos bastidores da moral dominante.
A quantidade de letras e números bem que ultrapassa com fartura o mérito de tanta gente sonhar acordada perante uma crise quase característica da espécie dos primatas ilustrados, veteranos burgueses convencidos. A civilização capenga, engendrada nos becos e cavernas, estremece nos trilhos das facilidades com o erário público nas mãos, ao sabor das farras e dos batuques nos terreiros da fantasia. Raros, raríssimos, estoques de manufaturados sem data de vencimento chegam e saem dos portos numa seqüência de cartas devoradoras. Pontes metálicas, turbinas supersônicas, guarda-chuvas nucleares, ogivas atômicas, suaves mergulhos de plataformas intercontinentais, portas usb e tontos atores às primeiras horas da manhã, nesse gosto de azinhavre na boca do estômago. Suave murmúrio do teu suspirar, diz a lição dos efetivos doutores da ética.
Só louças quebradas em profusão; cantigas de final de festa, embriaguez das poucas notas musicais das vendas dos botecos em alta e algumas bolsas que oscilam, quando leves chegam as primeiras chuvas do verão sertanejo.