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sábado, 27 de novembro de 2010

A INTERNET EM AQUARIUS

Luiz Domingos de Luna*
Outro dia fui convidado a retornar, ao meu planeta natal – Aquarius, como de sempre, peguei a nave e embarquei, nem liguei mais para o processo de desintegração, matéria, energia, matéria escura, buracos negros, galáxias, quasares, velocidade, acelerador de partículas, motor de regressão de gravidade.
Como já estou acostumado com as mutações existenciais do universo paralelo, fiz desta vez uma viagem tranqüila e segura, vez estar desintegrado em íons imantados a um grande imã, sem prejuízo molecular para minha reintegração material em Aquarius, ao entrar na nossa galáxia Atenas, nem ao som do ruído do redutor gravitacional me foi motivo de preocupação inicial á viagem.
Aos procedimentos, já bastante expostos na série aquarianos, fui convidado a participar da plenária. O Tema: A Instalação de uma torre de transmissão da internet em Aquarius, eu já fui ficando alegre, pois estas viagens sempre são cansativas e desgastantes, assim em futuro breve, a minha comunicação com os aquarianos seria confortavelmente on line, sem prejuízo para os altíssimos gastos com a minha trajetória - Terra Aquarius – Aquarius Terra.
O Projetista foi logo dizendo, nós temos sérios problemas para esta transmissão, primeiro: a densidade da atmosfera terrestre é muito alta, segundo: o campo gravitacional terrestre é muito forte, além do fato da inconstância climática ser de uma variedade muito intensa para a nossa preciosa tecnologia. Vez que, um raio na terra, poderia desencadear uma ruptura em toda a rede de computadores, vez que a transmissão da matéria escura para a matéria não escura cria um campo gravitacional que, em se tratando da terra, teria que se fazer um refluxo, sairia assim, um problema para os terráqueos e criariam inúmeros para os Aquarianos.
Depois de um debate enriquecedor entre o calculador de potencia e o revisor gravitacional, o seqüenciador de ondas pediu a palavra e disse: Em alto e bom tom: Pelos relatórios consta que uma comunicação entre Terra e Marte para compreensão duraria mais de 72 horas, vez a velocidade de o som ser ainda muito lenta.
Aquarius fica a uma distancia mil vezes superior/ a terra marte/ logo o projeto deveria ser abortado. O Filósofo aquariano pediu a palavra e perguntou quem forneceu aqueles dados/ são dados dos terrestres:/ O Filósofo riu, e disse: realmente vocês têm razão, mas tem um probleminha – Perguntei – Qual? O Sábio Aquariano respondeu vocês querem uma comunicação regressiva de 100o anos, ou em tempo real? A Emoção tomou de conta, se bem que em Aquarius não existe emoção, todos gritaram: em tempo real - O filósofo, queridos aquarianos: em Aquarius o tempo real não existe- O Silencio tomou conta de todos nós.
Série: Aquarianos
Texto: Lendas Futuras
Luiz Domingos de Luna
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Idolatria primária - Emerson Monteiro

Tanto que se dá valor a coisas irrelevantes nesta vida que ao encontrar aquilo que na verdade pede atenção ficam as pessoas meio desconfiadas, achando que esqueceram o que de importante haveria e é essencial para levar aos bolsos e dotar a vida. São os efeitos colaterais da distração impostos pelos instrumentos modernos, vícios inconvenientes da ilusão.
A realidade mesma, a que merece respeito e ocupação dos sentidos, quantas vezes deixamos de lado, o amor aos filhos, aos pais, ao marido, à mulher, ao próximo, que se tornaram assuntos vulgares, matéria das novelas sucessivas da televisão, reino vasto das emoções enlatadas...
Para onde dirigir a visão, o indivíduo cumpre determinações do mercado de consumo, até em termos de crença, que, para muitos, raia campos de mera credulidade, preenchimento das fichas do invisível a preço do imediatismo.
No entanto a fome de justiça e a fé continuam rasgando as entranhas dos tempos e dos costumes. Aceitar o desconhecido precisa de consciência, pois a dureza do solo cotidiano assim exige. Essa atitude conformista de engolir as pílulas douradas do esquecimento da realidade jamais satisfará o desejo de equilíbrio que nasce com a gente e sobreviverá para sempre nos demais.
Preencher o vazio apenas com farrapos desnecessários anestesia durante algum tempo, contudo a cólica volta mais forte na sensação de inutilidade e perda de mínimas condições de amor. Disso anda cheio o mundo, homens impacientes, angustiados e agressivos, sem responder ao para que viessem e sumiram longe na próxima curva, fora de ao menos oferecer outros meios e exemplos aos que os aguardaram, na solução dos dramas existenciais elementares.
Nesse apetite agoniado de música nova os dentes mastigaram fel de pedra e poeira, disparos sem qualquer nexo revolucionário a não ser a intenção de ferir os céus da boca das feras inexistentes da droga, no padrão oficial da vontade.
Correm pelas ruas ventos de medo na forma dos ídolos vagos de quaisquer significados. Gente complexa, desavisada no estágio das consequências do que querem, e fazem lama onde antes havia ar puro, água limpa e esperança. Isso constrange, revira de dentro as barrigas famintas de outros sonhos que não fossem tão só de desespero e temor.
Os tais batalhões de gente agressiva pelo simples gesto de ferir, vingar o que ninguém sabe quando, embalados na ira dos atores no palco gigantesco das florestas das cidades artificiais produzem massas, batatas estragadas e luas cinzentas, que ainda brilham no espaço desses turnos assustados.
Silenciosas, gerações inteiras fixam os olhos nas imagens de terras estranhas, senhores de cicatrizes e tatuagens escuras, vestes andrajosas, garras afiadas, numa praia deserta e maré de esperas insistentes. Só.
As carcaças de barcos antigos projetam suas sombras no pôr do sol envoltas nas águas verdes que estiram os dedos às várias outras estações perdidas nas praias dos mundos enigmáticos.

CARIRI É BRASIL

Brincantes do Reisado Infantil Mestre Dedé de Luna - Crato-CE-Brasil (Foto de Júlio César)

O fortalecimento da cultura popular como fator de identidade e desenvolvimento regional no sentido de favorecer a qualidade de vida de mestres, brincantes e artistas populares, a partir de suas comunidades e da valorização da memória e do folclore como temperos da auto-estima e do redescobrimento de nossas origens, passa necessariamente por um amplo investimento no turismo cultural, e, de certo modo, pela “desespetacularização”  dos folguedos, promovendo distritos, vilas e bairros como destinos turísticos, seja o receptivo para o país e o mundo, seja o de mobilização interna, dotando-lhes de infra-estrutura adequada e gerando oportunidades de ocupação, renda e estímulo à transmissão do saber popular aos mais jovens.

Deve-se entender como sagrado o financiamento da manutenção de nossa identidade cultural representada pelos grupos folclóricos e outras manifestações da cultura imaterial, principalmente através de políticas de fomento e fortalecimento de instituições culturais sérias. Faz-se necessária uma grande cruzada em benefício da divulgação, da informação, da educação. Nós precisamos voltar a reconhecer nosso próprio rosto. Para isso é fundamental que nos vejamos também na televisão, nos cinemas, nos teatros, nos jornais, nas revistas, nas escolas, nas praças, nos ouçamos nas rádios e nos encontremos nos grandes eventos postados nos palcos principais. Temos, por outro lado, que ter assegurada a sobrevivência material dos nossos brincantes, através da adoção de medidas em favor do trabalho, seja no campo, seja na indústria ou em outra frente, o que os deixará livres para preservar e difundir seus saberes em situação de dignidade humana. 

No Cariri é onde reside a alma do Ceará. Os principais elementos culturais formadores da identidade cearense, nordestina e nacional estão presentes em nossa região, vivos e pulsantes. Inquietos e indômitos. Aqui se plantou e ainda brota a ancestralidade ibérica, ameríndia e africana, caldeada através dos séculos, fundida pela força da história.

Portanto, cada gesto, saber ou fazer tradicional tem profundidade universal. É também argamassa para a elaboração da contemporaneidade. Folguedos, religiosidade, história, culinária, mitos, lendas, enfim, nossos saberes e fazeres contribuem significativamente para manter vivo o corpo cearense. A cultura popular caririense, costumo dizer, é um conjunto de antropologia sociocultural que nos revela em nossa mais profunda e remota história; é também a manifestação do espírito brincante, religioso, profano e criativo do Brasil. 

Cacá Araújo
Professor, ator, dramaturgo e folclorista
Diretor da Cia. Cearense de Teatro Brincante













Reisado Mestre Dedé de Luna (Crato-Cariri-Ceará-Brasil)
Fotos de Júlio César

Pensamento para o Dia 27/11/2010


“Dos instrumentos utilizados por todos, o corpo com as mãos prontas executa o pensamento que é expresso em palavras. As ações, a obra, o trabalho com os quais a mão do homem está engajada, esses são a fonte de toda a felicidade ou miséria para todos. O homem afirma que está feliz ou que está ansioso ou com medo, ou que está em apuros. Ele atribui a causa dessas condições a qualquer outra pessoa que não ele próprio. Essa crença baseia-se em um fundamento errado. Felicidade e miséria são devidas às suas próprias ações. Se alguém aceita ou rejeita essa verdade, ele terá de sofrer todas as consequências de suas ações. Essa é a lei da natureza.”
Sathya Sai Baba